Carolina Carradore
Tubarão
Não só os alagamentos dão dores de cabeça à população em dias de chuva. Em pelo menos 40 pontos de Tubarão, o perigo é ainda maior. Lugares com riscos de deslizamentos, desbarrancamento e rompimento da margem do Rio Tubarão são monitorados pela Defesa Civil há 15 dias. E o diretor da Defesa Civil, José Luiz Tancredo, alerta: se a chuva insistir, há possibilidade de famílias terem que abandonar as suas residências.
Ontem, o Notisul percorreu alguns pontos da cidade acompanhado dos funcionários do órgão Carlito Nandi e Claudinéia Silvestre. Na Estrada Vila Padre Itamar, no bairro Bom Pastor, falta menos de dois metros para a margem do rio chegar até a estrada. Moradores temem que a rua seja “engolida” pelo barranco do rio. O acesso poderá ser interditado. O mesmo ocorre na rua Norbeto Brunato, na Estrada da Guarda (margem direita), Km 60, próximo ao posto de combustíveis Machado. Falta pouco para que a terra deslize, atinja a via e coloque em risco a segurança de motoristas e pedestres.
Pedras serão implodidas na próxima semana
Para amenizar os riscos de deslizamentos, a Defesa Civil implodirá pedras em seis pontos da cidade. As rochas estão em locais de riscos, próximos às estradas, e podem atingir residências e estabelecimentos comerciais.
Pela primeira vez em Tubarão, a Defesa Civil utilizará um produto chamado massa expansiva para desmonte de rochas. O material dispensa o uso de dinamites.
Ruas interditadas
As chuvas desta semana causaram transtorno em alguns pontos da cidade. A ponte de Congonhas está interditada devido às cheias do rio Cubículo. “Mas não há motivo de alarde, esperamos que não alaguem as casas daquela localidade novamente”, tranquiliza o diretor da Defesa Civil, José Luiz Tancredo.
Empresários amargam prejuízos
Os empresários dos bairros Dehon e Humaitá, em Tubarão, ainda contabilizam os prejuízos das cheias da última semana. A maioria ficou com as portas fechas por dois dias, sem poder atender os clientes. O gerente da papelaria Marielle, Gian Della Giustina, conta que foi necessário erguer os móveis e alguns produtos foram inutilizados. “É necessário melhorar a rede de drenagem. Agora, com qualquer chuva, ficamos apreensivos”, desabafa Gian. Com a chuva desta semana, em alguns pontos os clientes já encontram dificuldade para estacionar.
“A casa vai cair em cima da gente”
Toda vez que chove um pouco mais, a família da camareira Fátima da Cunha, 42 anos, entra em uma verdadeira paranóia. Localizada no ponto mais alto da rua Luiz João Minas, no bairro Fábio Silva, a casa fica junto à encosta do morro. O medo maior de Fátima é que a casa que fica acima da sua desça pelo barranco.
“Essa semana, tive sérios problemas digestivos, tamanho era o nervosismo. Se o barranco cair, a casa do vizinho vem abaixo e podemos todos morrer”, alerta.
O mesmo receio tem o vizinho da casa de cima, Pedro Paulo Alexandre, 40 anos. Ele e o irmão moram há 35 anos na residência de madeira, no alto do morro. “Medo da casa descer nós temos, mas o que vamos fazer? Não temos para onde ir”, pontua.
Alagamentos
A chuva foi embora, voltou e há famílias que ainda tentam recuperar-se dos efeitos da enchente da quarta-feira passada. Na casa do caminheiro Valério da Silva, no bairro Pastor, as águas do Rio Tubarão invadiram a residência.
Quem passa pelo local observa um cenário devastador: as roupas estão largadas no muro da casa e o guarda-roupa apodrece ao lado. A geladeira nova também está ao relento, assim como a máquina de lavar. Ele e a esposa ainda estão em viagem fora do estado e foram avisados da enchente por parentes, por telefone.
Bruno nasce no meio da chuva
Por pouco, Rafaela Mendes, 22 anos, não deu à luz ao pequeno Bruno no meio da água que invadia sua casa, próximo às margens do Rio Tubarão, no bairro Bom Pastor. Enquanto o marido levantava os móveis, Rafaela entrava em trabalho de parto. A vizinha teve que enfrentar as ruas alagadas depois que o rio transbordou e a levou de carro até o hospital.
A água estragou comida, roupas da família, enxoval do neném e até fraldas que Rafaela estocava desde o início da gravidez. A família pede auxílio à comunidade com doações de alimentos, roupas de neném e fraldas.