Carne bovina: Aumento chega a 20%

Açougueiro do Giassi, Charles Fernandes não acredita em queda no movimento por conta do aumento.
Açougueiro do Giassi, Charles Fernandes não acredita em queda no movimento por conta do aumento.

Zahyra Mattar
Tubarão

Quando a aposentada Glória Azevedo, 63 anos, vai ao supermercado, o setor que mais toma o seu tempo é o açougue. “Gosto de escolher bem os alimentos e não dispenso uma carne bovina. Este aumento é lamentável, mas é tão difícil ficar sem a minha carninha!”, exclama dona Glória.

E a cultura do brasileiro é esta mesmo: a mesa só está completa se tiver carne. Mas garantir o bife do dia-a-dia e o churrasquinho suculento do fim de semana pesa cada vez mais no bolso do consumidor.

A carne bovina teve um aumento de até 20% em Santa Catarina. A costela foi o corte que mais teve aumento: 20%. Mas, em um modo geral, o reajuste foi de 7% a 15%.
Os preços já foram repassados pelos supermercados e açougues. E a tendência, alerta Zefiro Giassi, presidente da rede de supermercados Giassi e membro do conselho fiscal da Associação Catarinense de Supermercados.

“Até o mês passado, a carcaça era adquirida por um preço entre R$ 4,50 e R$ 4,80. Agora, está entre R$ 5,80 e R$ 5,90. Com o clima ruim, a pastagem está comprometida e o gado que está no campo não está com peso para abate. Sem o produto, o aumento é inevitável. E a previsão é que os preços subam ainda mais”, lamenta Zefiro.

Quando ao movimento, o presidente da rede mercadista não acredita em queda. Pelo menos ora. “As pessoas não deixam de comprar. Até o momento, não observamos nenhum indicador neste sentido. Além disso, há outras opções ao consumidor, o que acaba por não impactar diretamente sobre esta questão”, avalia Zefiro.

Causas
No Uruguai, o maior fornecedor de carne bovina para o país, a produção caiu em função do inverno. No Brasil, os pecuaristas também enfrentam dificuldades. O tempo seco e os incêndios prejudicam as pastagens e afetam a cadeia produtiva.

A dica é reavaliar a necessidade

Quem não tem boi vai de frango ou suíno. É isso mesmo. No melhor trocadilho com o ditado popular, a vice-presidenta da Associação das Donas de Casa e Consumidores (Adocon) de Tubarão, Reneuza Marinho Borba (foto ao lado), dá a dica:
“O percentual de aumento é assustador. O consumidor deve aproveitar este momento para repensar o cardápio. Quem não consegue ficar sem comer carne todos os dias, deve dar preferência para o frango ou o suíno, cujos preços estão mais acessíveis”, orienta Reneuza.

Além disso, a vice-presidenta sugere que o consumidor aproveite a oportunidade para fazer uma reeducação alimentar. “É hora de reflexão e coragem para mudar. Não é necessário ter carne todos os dias. Existem outros alimentos que podem fazer a vez do bife. Carne de soja e ovos, por exemplo, são duas opções baratas e saudáveis”, indica.