Zahyra Mattar
Tubarão
Quando a aposentada Glória Azevedo, 63 anos, vai ao supermercado, o setor que mais toma o seu tempo é o açougue. “Gosto de escolher bem os alimentos e não dispenso uma carne bovina. Este aumento é lamentável, mas é tão difícil ficar sem a minha carninha!”, exclama dona Glória.
E a cultura do brasileiro é esta mesmo: a mesa só está completa se tiver carne. Mas garantir o bife do dia-a-dia e o churrasquinho suculento do fim de semana pesa cada vez mais no bolso do consumidor.
A carne bovina teve um aumento de até 20% em Santa Catarina. A costela foi o corte que mais teve aumento: 20%. Mas, em um modo geral, o reajuste foi de 7% a 15%.
Os preços já foram repassados pelos supermercados e açougues. E a tendência, alerta Zefiro Giassi, presidente da rede de supermercados Giassi e membro do conselho fiscal da Associação Catarinense de Supermercados.
“Até o mês passado, a carcaça era adquirida por um preço entre R$ 4,50 e R$ 4,80. Agora, está entre R$ 5,80 e R$ 5,90. Com o clima ruim, a pastagem está comprometida e o gado que está no campo não está com peso para abate. Sem o produto, o aumento é inevitável. E a previsão é que os preços subam ainda mais”, lamenta Zefiro.
Quando ao movimento, o presidente da rede mercadista não acredita em queda. Pelo menos ora. “As pessoas não deixam de comprar. Até o momento, não observamos nenhum indicador neste sentido. Além disso, há outras opções ao consumidor, o que acaba por não impactar diretamente sobre esta questão”, avalia Zefiro.
Causas
No Uruguai, o maior fornecedor de carne bovina para o país, a produção caiu em função do inverno. No Brasil, os pecuaristas também enfrentam dificuldades. O tempo seco e os incêndios prejudicam as pastagens e afetam a cadeia produtiva.
A dica é reavaliar a necessidade
Quem não tem boi vai de frango ou suíno. É isso mesmo. No melhor trocadilho com o ditado popular, a vice-presidenta da Associação das Donas de Casa e Consumidores (Adocon) de Tubarão, Reneuza Marinho Borba (foto ao lado), dá a dica:
“O percentual de aumento é assustador. O consumidor deve aproveitar este momento para repensar o cardápio. Quem não consegue ficar sem comer carne todos os dias, deve dar preferência para o frango ou o suíno, cujos preços estão mais acessíveis”, orienta Reneuza.
Além disso, a vice-presidenta sugere que o consumidor aproveite a oportunidade para fazer uma reeducação alimentar. “É hora de reflexão e coragem para mudar. Não é necessário ter carne todos os dias. Existem outros alimentos que podem fazer a vez do bife. Carne de soja e ovos, por exemplo, são duas opções baratas e saudáveis”, indica.