“Tenho que pensar na governabilidade”

 

Angelica Brunatto
Tubarão
 
 
Edson Bez de Oliveira está em seu sexto mandato consecutivo. Passou uma vez pela assembleia legislativa e nos demais mandatos assumiu o posto de deputado federal. Edinho nasceu em Gravatal e trabalhou até os 20 anos no campo, junto aos pais. Mais tarde, mudou-se para estudar. Edinho formou-se em ciências contábeis e passou em um concurso para a Caixa Econômica Federal. Quando foi promovido a gerente do banco, mudou-se de Tubarão. Voltou quando iniciou a carreira política.  
 
 
 
Notisul – Por que o senhor colocou o nome à disposição do partido para ser pré-candidato a prefeito de Tubarão?
Edinho Bez – Desde agosto do ano passado, o partido nacional está se estruturando para as candidaturas. Partido em que eu participo como vice-líder, e o primeiro vice-presidente da Fundação Nacional Ulysses Guimarães. Começamos a nos organizar também nas cidades polos, nas cidades maiores. Isso para o bem do município e da região, e consequentemente do estado e do país. E começou-se a mapear alguns nomes. Eu fui mapeado para Tubarão. E disse o seguinte: todos sabem do meu projeto no senado da república, mas não vou negar o partido. Até porque, para eu ser governador e senador, preciso passar pelo partido. Cito o Luiz Henrique (da Silveira – PMDB) como exemplo. Ele deixou de ser presidente na câmara dos deputados, e atendeu o chamamento de Joinville. Ele e outros fizeram um grande trabalho nas cidades, porque já conheciam Brasília, isso facilitou. O PMDB estaria colaborando com os municípios. No nosso caso, de Tubarão, relatamos, no fim do ano passado, de que precisaríamos unir o partido,  pela chance de termos uma candidatura com possibilidade de poder ganhar as eleições, por causa nossa história e pelo nosso trabalho. Então, levamos isso ao partido e, depois de várias reuniões e discussões, houve unanimidade. A próxima fase era buscar os partidos para as coligações. Conversamos com o PP. A primeira pessoa que eu conversei foi com o Dionísio Bressan. Tivemos um bom papo sobre a cidade. Ele é uma pessoa que se preocupa muito, e disse que, como estava voltado muito às cooperativas, o desejo dele era não ser candidato. Mas ele afirmou que onde o partido dele estivesse ele estaria junto. E antes de partir para a nova conversa com o PP, eu e o Dalton Bardini, o presidente do nosso partido, trocamos ideias. Nós decidimos que os melhores nomes, se nós pudéssemos convencer o PP, seriam de Deka May e Dionísio Bressan. Nós escolheríamos um deles para ser o vice do PMDB. Nós teremos o apoio do governo federal e também o acesso ao governo do estado, e foi isso o que me levou a aceitar a ser candidato. E eu entendo que vai depender de cada candidato provar o que vai ser melhor para Tubarão a partir do ano que vem. 
 
Notisul – Por que os nomes de Deka e Dionísio?
Edinho Bez – Dionísio me impressionou com a conversa que eu tive com ele na cooperativa, no ano passado. Ele é preocupado com a cidade. Ele acha que a política está toda errada aqui em Tubarão, o que eu concordo. Ele é uma pessoa honesta e trabalhadora. O que me impressionou muito é que eu sempre fui amigo do Dionísio, mas agora, em uma coligação, você passa a conversar mais, e acaba se conhecendo melhor. Qual a característica maior do Dionísio? Ele tem uma ligação forte com a agricultura, como eu também tenho. Eu trabalhei na roça até os 18 anos, depois vim morar em Tubarão, em 1961. Já o Deka, é filho do ex-prefeito Paulinho May, família tradicional. E o Deka tem um relacionamento muito forte com a juventude, ele se identifica muito. Ele também é o vereador mais votado da atual legislatura. E nós começamos a trocar ideias. Nós somos amigos de longa data e temos uma afinidade familiar. 
 
Notisul – O senhor disse que compartilha com Dionísio a ideia de que há muitas coisas erradas na administração da cidade. O que há de errado?
Edinho Bez – Pensar pequeno. Quem pensa pequeno nunca vai ser grande. E quem pensa grande poderá deixar de ser pequeno. Aqui, os políticos pensam pequeno na grande parte. Não quero cometer injustiça com alguns bons políticos. Mas eu sinto uma pequenez. As pessoas perdem tempo com picuinhas. A pessoa que perde tempo com picuinhas está enganando a população. Outro dia, um vereador usou a tribuna para dizer que o deputado Edinho nunca liberou R$ 20 milhões para Tubarão, e que eu liberei uma emenda minha de R$ 20 milhões para Chapecó. Você não tem o direito de usar a tribuna da câmara para mentir para a sua população. Eu vou combater as mentiras, não prometo acabar, porque é um processo viciado. O eleitor deve estar atento a isso. Isso é uma irresponsabilidade a toda a prova. Não é possível a gente continuar com esse tipo de política, porque não é verdade. 
 
Notisul – Como o senhor avalia os seus adversários nestas eleições?
Edinho Bez – Eu respeito a todos. Cada um vai ter a sua proposta. Cada um, eu entendo, vai querer apresentar o melhor de acordo com a sua capacidade. Cada um tem o seu partido, ou coligações, e a gente tem que respeitar a todos, porque, se não existissem eles, a gente não estaria aqui concorrendo. Não irei agredir ninguém, mas eles terão respostas. Nós vamos trabalhar nos campos das ideias, para Tubarão, que respingue na região, para Tubarão ser o carro-chefe. 
 
Notisul – O senhor acredita que essa experiência que adquiriu em outras esferas vai contribuir para o seu possível mandato como prefeito de Tubarão? 
Edinho Bez – Esta é a diferença. Se não fosse isso, não justificaria eu vir aqui ser candidato. Claro que nós temos vários exemplos de prefeitos no Brasil, e alguns virão aqui durante a campanha, que eram deputados federais e deixaram os últimos dois anos para ser prefeitos. O convite não foi só do partido, foi de empresários, de lideranças fortes, pedindo para eu vir. Eles entendem que Edinho é o candidato que estará mais preparado, com mais ações, com mais relacionamentos, mais conhecimento para Tubarão, para resolver e achar soluções. E serei o único candidato que terá as portas abertas nos governos estadual e federal, com conhecimento e relacionamento de ir ao governador, de ir ao vice-presidente da república, e onde for necessário. E nós vamos ter a metade do fórum parlamentar catarinense comprometido com a nossa administração a partir do ano que vem. 
 
Notisul – Quais serão as suas primeiras ações caso seja eleito?
Edinho Bez – Nós vamos ter uma equipe de técnicos de técnicos de alto nível na área de projetos. Assim, junto a isso, é botar a prefeitura em dia. A prefeitura não pode estar negativa. O dia que acontecer de a prefeitura estar negativa, no dia seguinte já tem que estar fora. Nós não podemos manter a prefeitura negativa, porque nós perdemos o risco de perder recurso. Outro dia, alguém de outro município disse: deputado, faz quatro meses que o senhor prometeu que o ministério iria liberar os recursos, já foi concluído o projeto e o dinheiro não vem. E eu fui conversar com o ministro. Avisei o prefeito de que o recurso seria liberado, e dez dias depois ele me liga dizendo que o município estava sempre negativo. Alguns prefeitos não têm a responsabilidade devida de saber que a prefeitura tem que estar em dia para não perder dinheiro. Então, os recursos são relâmpago. Eu paro a prefeitura, se necessário, no mês dois, para colocar tudo em dia, para não perder os recursos que nós vamos buscar. E não serão poucos. 
 
Notisul – A cidade precisa de mais incentivo na área da cultura… 
Edinho Bez – Precisa melhorar muito. Eu falo o seguinte: o que se faz aqui não está errado, mas pensam pequeno. Vamos trazer um líder nacional ou internacional aqui na área de teatro para motivar a nossa juventude, as crianças e os jovens. Nós vamos ter um item, que vou colocar no nosso plano de governo, voltado para a criança. É lá de baixo que nós temos que começar. Eu entendo que um povo sem cultura é um emaranhado de gente. Nós precisamos entender que a cultura é fundamental. E nós precisamos saber que hoje muita gente não mata, não rouba, porque tem a formação de criança e a religião também ajuda. E o poder público tem que ser o animador disso. O prefeito tem que ter a obrigação de ligar para o empresário. O dono da prefeitura é o povo. O que eu quero dizer é o seguinte: vamos parar de pensar pequeno. Eu falo o feijão com arroz, em todas as áreas, isso todo mundo vai fazer. O que eu quero é ser diferente. Tubarão é a cidade polo da região, e muitos políticos não sabem disso. Tubarão tem que ser o líder do desenvolvimento. Nós temos um porto aqui perto, temos um aeroporto que vai ser inaugurado agora. Será que Tubarão vai perder esta oportunidade de dar um chacoalhada? 
 
Notisul – Qual a sua maior característica?
Edinho Bez – A minha característica é de fazer política com responsabilidade, não fazer política com confusão. Briga não leva a nada, nós temos que agregar, puxar todo mundo para o mesmo lado. E dizer que dois é mais que um. Por exemplo, o que é uma coligação? Uma coligação é uma aliança, e a aliança existe desde os tempos da caverna. Eu não estou preocupado em ganhar a eleição, eu vim aqui apresentar uma proposta. Nós temos muitas pessoas importantes envolvidas neste projeto. A minha maior preocupação é se ganhar. Porque, se ganhar, aí começa a responsabilidade. Em todos os meus mandatos, eu nunca fui de fazer festa, a gente faz no início, porque as pessoas querem, mas eu nunca tomei a iniciativa. A gente tem que fazer festa é no fim, quando você está deixando. Para que fazer festa no início se não tem nada para apresentar? 
 
Notisul – Na última segunda-feira, foi entregue a tão esperada ordem de serviço para o início da construção da ponte Anita Garibaldi, em Cabeçudas, Laguna. Como o senhor avalia esta entrega? Espera que enfim os problemas da rodovia acabem?
Edinho Bez – Isso é uma vitória do Fórum Parlamentar Catarinense. É uma vitória da representatividade política de Santa Catarina no congresso nacional, e que eu presidi em 2011 e 2012, até o dia 15 de março, quando eu entreguei para o Décio Lima (PT). Nós cobramos muitas coisas. Se não fosse o fórum, estaria tudo parado. Claro que deve-se muito à imprensa, porque cobram da gente. Isso é um trabalho também de prefeitos, vereadores e da área empresarial. Agora, a decisão lá em Brasília é o seguinte: o governo federal havia decidido não fazer mais a ponte como estava, eles queriam reduzir na ordem de R$ 200 milhões. O Fórum Parlamentar Catarinense foi ao ministério dos transportes, e também ao diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Jorge Ernesto Fraxe, e não aceitamos deixar o projeto. Porque a presidenta Dilma Rousseff determinou um corte de mais de R$ 50 bilhões no orçamento da União, e aí começaram a mexer nas obras, até chegarem na nossa ponte. Nós não aceitamos porque o governo autorizou o projeto, houve o edital de licitação e empresas ganharam a licitação. De repente, para tudo porque a obra é cara? Isso deveria ter sido previsto lá atrás. E, na última reunião, eu disse que o governo está sem autoridade, as pessoas não acreditavam mais no Dnit. Nós queríamos ir a Dilma. Queríamos ir lá para cobrar a liberação da ordem de serviço urgente. E combinamos um prazo de dez dias. Eu acredito que o ministro dos transportes deve ter dito a ela o nosso sentimento, porque ela foi rápida. Nós esperávamos ir lá conversar, mas ela tomou a decisão de então vir assinar a ordem de serviço aqui (em Laguna). Mas as empresas que ganharam são empresas boas. Quando as empresas são fortes, elas tocam a obra porque querem manter a marca. Quando a empresa é ruim é que se criam problemas. Aqui na ponte de Laguna, eu estou confiando, porque as empresas que ganharam são boas. Eu acredito que não teremos problemas, mas estaremos atentos e vigilantes. 
 
Edinho por Edinho 
Deus – É tudo.
Família – É a base da nossa formação.
Trabalho – É fundamental. Passado – Importante.
Presente – Saber viver o hoje.
Futuro – Depende de nós.
 
"Nós fechamos a coligação do PMDB, o PP de vice e mais dez partidos. E falei e disse: vocês estão preparados para enfrentar a pressão, para serem comprados? É só perguntar para eles. Aqui em Tubarão, existe uma mania de comprar pessoas, de comprar a dignidade das pessoas. Eu nunca fiz política assim, e jamais farei. Eu perguntei para eles: vocês estão preparados? Vocês vão receber propostas. E eles foram unânimes, dizendo que não há criança, e que são pessoas que formaram um grupo para andar junto pensando em Tubarão. E aí nós batemos o martelo. E, coincidentemente, fiquei sabendo, através de um radialista, que um dos partidos pequenos estava deixando a coligação, e ele me perguntava o que eu achava. Então eu disse: quem tem que explicar é ele. Nós não, nós fizemos tudo certo, eu não acredito que alguém esteja deixando. Isso foi dito na hora. Virão propostas querendo comprar a dignidade de vocês. Nós já conhecemos esta prática aqui". 
 
"Tubarão tem que alavancar o desenvolvimento da região. Por isso é cidade polo. O que eu espero é que o eleitor saia de casa e vote consciente no candidato que seja melhor para ele”.
 
“O político deve ter consciência de que ele é um homem público. E tem que estar disponível 24 horas por dia. Tem que gostar”.