“Temos poucas fontes de recurso”

Primeiro prefeito da história do recém-criado município de Pescaria Brava, Antonio Avelino Honorato Filho nasceu na comunidade do Siqueiro, na época pertencente a Laguna. É casado com Adriana Jonck e têm três filhos: Frederico, José Antônio e Victória. Filho de agricultores, iniciou a vida acadêmica na Escola Clito Machado e na juventude graduou-se em engenharia pela Unisul. Sempre gostou do agronegócio. Começou a sua vida pública em 1996. Foi secretário federal, estadual e também diretor na secretaria de desenvolvimento regional (SDR) em Laguna.

Jailson Vieira
Pescaria Brava

Notisul – O seu partido, PSDB, desde 2003 faz parte do governo do estado. Desempenhou alguma função com esses administradores públicos?
Honorato – Em 2003, fui convidado a assumir como o oficial de gabinete da regional de Laguna. Acumulei a função de diretor de 2003 a 2006 e depois assumi como gerente de cultura e esportes. Contudo, em 2011, no governo de Raimundo Colombo, não assumi nada. E fui cuidar da minha candidatura em Pescaria Brava. Essa foi a única vez que fui para as urnas e, graças a Deus, saí vitorioso. Tenho um prazer muito grande. Não tive nenhuma estrutura financeira para apoiar a campanha.

Notisul – Mas se não tinha essa estrutura financeira, como conseguiu sair vitorioso?
Honorato
– Busquei me organizar com amigos e um grupo de pessoas que queria fazer uma política nova, para ser um diferencial, até porque entendemos que a classe política no país está um pouco arranhada, pelos escândalos que ocorrem. Em qualquer segmento da sociedade, há pessoas boas e ruins. E na política fica mais evidente, trata de recursos da sociedade. Por isso tem que haver mais responsabilidade com o dinheiro público, para ir ao encontro da qualidade de vida da sociedade.

Notisul – E com o município recém-criado, quais as maiores dificuldades?
Honorato –
Orgulho-me do cargo que tenho hoje, muito embora é um grande desafio. Temos poucas fontes de recurso, entre elas o ICMS e o FPN. Mas isso tudo é somente o início. Já sabíamos dessas dificuldades. Implantamos o setor de arrecadação do nosso município, aprovamos as leis da cidade.

Notisul – Com poucos recursos, qual é o ‘milagre’ para cobrar pouco da sociedade?
Honorato –
Desejamos primeiro trazer o benefício para a nossa sociedade para depois começar a cobrar. Esse é o nosso objetivo. Procuro estar muito próximo das pessoas que me fizeram chegar até aqui. Não podemos desfazer os grupos, temos uma proposta. Temos que pensar para frente e trazer aqueles que não estavam contigo e que serão importantes dentro de um desenvolvimento político. Tenho que trazer para junto de mim, mas não posso deixar de reconhecer aqueles que ajudaram.

Notisul – Em janeiro, o seu governo foi envolvido em denúncias de superfaturamento em combustível. O que realmente ocorreu?
Honorato –
Não houve problemas com os postos. Toda a prefeitura tem um sistema que gera essas contas, e o nosso é o Beta, que faz a parte do RH, orçamento de todas as secretarias. E nesse sistema, na época daquele fato, migrava da secretaria de obras, como se tivéssemos utilizado todo aquele orçamento. Na verdade, foi um erro do próprio sistema. Os representantes encaminharam até para os meios de comunicação uma carta de esclarecimento se desculpando com a falha do sistema, para que não houvesse nenhuma distorção. Jamais uma prefeitura do nosso porte ou maior teria condição ou carros suficientes para gastar aquilo. Temos os órgãos fiscalizadores que iriam detectar isso, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público. Houve um erro do sistema e nada mais que isso.

Notisul – Antes, os jovens do distrito de Pescaria Brava pagavam o transporte até a universidade e agora eles têm gratuito. Por que essa medida?
Honorato –
É uma maneira de darmos oportunidades para o jovem universitário. Vivemos 337 anos pertencendo a Laguna e não tivemos esse beneficio para os estudantes. Quando implantamos, no ano passado, eram 20 alunos e hoje são quase 100 que utilizam desse benefício. Com certeza, eles irão se preparar para fazer as atividades no município ou nas cidades próximas. O transporte escolar é de qualidade, o aluno é pego na porta da casa. Ele vai e volta para casa com responsabilidade e segurança. 

Notisul – O senhor fechou algum colégio do município?
Honorato –
Não fechamos colégios. Criamos três creches. Onde temos escolas com poucos alunos, reformamos e transformamos em CEIs de tempo integral. Dessa forma, proporcionamos que os pais possam trabalhar seguros. No ano passado, começamos a utilizar a apostila da Positivo, que tem o custo para os colégios privados de quase R$ 600,00 e disponibilizamos gratuitamente para os nossos alunos, para aumentar a qualidade de estudo. Focamos muito na educação, porque é ali que tudo se inicia. Acreditar na educação não é despesa, é investimento.

Notisul – Em um município próximo, alguns anos essas apostilas foram contestadas pelos vereadores. Esse material não poderia vir de outro local, como a secretaria de estado da educação, por exemplo?
Honorato –
Não trabalho ouvindo a oposição, e sim os munícipes e a parte técnica do nosso governo. A oposição faz o papel dela, mas temos certeza que estamos no caminho certo. Mesmo com o material de fora, não deixo de oportunizar as pessoas que moram aqui. E dessa forma estou preparando as pessoas que aqui vivem. Não sou contra a oposição, mas estou aqui para discutir projetos. Pensamos para frente. Nosso governo constrói pontes, não muros. Olhamos para frente. Tenho humildade: se não tivermos o resultado que esperamos com essas apostilas, iremos mudar. Trabalho com números e, se ele for a favor, iremos continuar.

Notisul – É verdade que a penitenciária estadual que a princípio seria em Imaruí, mas a população não aceitou, pode ser instalada em Pescaria Brava? 
Honorato –
Esse assunto está incubado. Revelo que houve alguma especulação, mas isso se deu pelo fato de Imaruí não querer. O governador salientou que provavelmente ela ficaria na região sul. Não fomos consultados oficialmente. Não sou dono da cidade, sou apenas prefeito, portanto, terá que ser consultado com a sociedade. Essa situação tem que nascer de baixo para cima. Queremos segurança, mas para isso temos que ter presídio. Para algum lugar tem que ir.  Confesso que a penitenciária tem benefícios e problemas. Mas acredito que os problemas que ela traz são menores que os benefícios. Não é um depósito de gente, os apenados têm a oportunidade de se recuperar e ser entregues à sociedade. Na penitenciária, eles poderiam estudar  e empresas como a Intelbras iriam gerar 300 empregos para ele. Ao sair de lá, teriam um emprego encaminhado. São oportunidades que surgirão para o preso, que por um motivo ou outro foram penalizados. Ninguém quer uma penitenciária, mas é uma necessidade da região. 

Notisul – O acesso a Pescaria Brava é muito ruim. Há algum projeto de melhorias?
Honorato –
Essa é uma herança que temos do estado. A SC-437, que inicia na BR-101 e termina em Imaruí, tem 42 quilômetros. Em 2006, quando estava na SDR em Laguna – o secretário era Pedro Motta Roussenq -, conseguimos pavimentar parte dessa rodovia até Barreiros, e depois também com o envolvimento da classe política da região, como Edinho Bez, Joares Ponticelli e tantos outros, trouxeram o calçamento de Barreiros até Siqueiro, com lajotas. Tentamos sensibilizar o governo do estado para pavimentar de Barreiros até o Siqueiro, agora com asfalto. Há o compromisso do governador. Até porque na propaganda eleitoral ele fala que todos os municípios têm o acesso asfaltado, mas falta um: Pescaria Brava. Estamos brigando e continuaremos a fazer isso para que tenhamos esse asfalto. E no verão é um transtorno, pois essa rodovia virou uma alternativa. 

Honorato por Honorato
Deus
– Não vivo sem.
Família – É o alicerce.
Trabalho – Dignifica o homem.
Passado – É importante.
Presente – Atender a toda a municipalidade.
Futuro – Vencedor.

"Não temos como implantar um hospital. Teríamos hoje condições de buscar recursos para fazer uma policlínica, mas o problema é a manutenção. Teríamos muitas despesas".