“O povo quer Ademir como porta-voz da administração”

Zalene Niehues Matos.
Zalene Niehues Matos.

Wagner da Silva
Braço do Norte

Notisul – Qual a avaliação que a senhora faz da coligação em que é o cabeça-de-chapa?
Zalene Niehues Matos
– Preservamos a aliança estadual do governador Luiz Henrique e a coligação com o DEM, aprovada em 5 de outubro, com mais de 11 mil votos. Neste novo pleito, buscamos novamente a aliança com o DEM e o povo confirmou que Charles deve ser vice. Ele é um jovem empreendedor, com muito a trabalhar e oferecer, com conhecimentos empresarias.

Notisul – Quais os projetos englobados no seu programa de governo?
Zalene
– Nosso plano engloba todas as áreas. A saúde e a área social são algumas prioridades. Na saúde, hoje doente no município, garantiremos 100% de cobertura do Programa Saúde da Família. Vamos adquirir veículos para atendimento específico dos PSFs e garantir a assistência domiciliar. Garantiremos a distribuição de medicamentos e exames de acordo com a demanda. Implementaremos ações de todos os programas da atenção básica que atuam no combate e controle de doenças, como diabetes, hipertensão, câncer, dependência química, transtornos mentais, entre outros. Na educação, implantaremos políticas públicas ao atendimento de portadores de deficiência; expandiremos o atendimento da educação infantil, oferecendo estrutura adequada e acabando com a superlotação nos CEIs; implantaremos programas voltados à saúde e qualidade de vida de alunos e docentes. Na área social e da família, implantaremos o programa Adolescente Aprendiz, capacitando-o e promovendo a inserção profissional no mercado de trabalho, bem como implantar o Programa de Qualificação e Capacitação Profissional voltado a famílias de baixa renda. Daremos atenção aos idosos, reestruturando os grupos de convivência do idoso e reabrindo a Casa Dia do Idoso. Reativaremos o Conselho Municipal Anti-Drogas e implantaremos programas habitacionais, que ficaram esquecidos nos últimos quatro anos. Esses são alguns projetos de nossa gestão. Nosso plano de governo foi distribuído e nele o eleitor pode constatar que temos as melhores propostas.

Notisul – Na sua visão, qual é hoje a maior necessidade de Braço do Norte?
Zalene
– Uma administração competente, preocupada com planejamento e pessoas capacitadas para atuar em cargos de confiança.

Notisul – Como a senhora avalia os investimentos federais feitos na cidade? Braço do Norte tem recebido recursos?
Zalene
– Sim. Tem recebido recurso estadual e federal, através de emendas parlamentares. Acho até que foram poucos pelos votos que pegaram. A verdade é que hoje há recursos em Brasília, mas o que faltou à região, especialmente para Braço do Norte, foram bons projetos para receber as verbas. Sem isso não há como os políticos da região -, que são muitos, e vale elogiá-los, já que independente de partidos apoiam a região -, defenderem os interesses da cidade.

Notisul – E como a senhora avalia os investimentos do governo estadual?
Zalene
– Acompanhei os investimentos do governo nos três anos em que o Ademir foi secretário regional em Tubarão. Com a descentralização, o governo estadual ficou mais próximo e entende melhor a necessidade de cada município. Com isso, o Conselho de Desenvolvimento Regional tem priorizado projetos importantes, mas não basta só isso. Tem que batalhar com a força política para os recursos chegarem. O fato de Ademir ter sido um secretário regional faz com que ele tenha trânsito livre e busque recursos. Se não houve mais investimentos em Braço do Norte nos últimos anos, foi por falta de projetos. Nas visitas à cidade nos últimos dias, o governador garantiu apoio e disposição em colaborar com o desenvolvimento municipal. Garantiu a pavimentação asfáltica do acesso ao Pinheiral e a construção de uma ponte de concreto que dará acesso aos moradores do Lado da União ao centro. Além dos investimentos do governo estadual, contaremos com o federal. Um exemplo foi a construção da ponte de São José, garantida pelo deputado Edinho Bez.

Notisul – O Morro da Formiga é uma área invadida. A senhora tem algum projeto para regularizar a situação dos moradores daquela comunidade?
Zalene
– Infelizmente, este terreno, em 1995, foi doado para a prefeitura pelos empresários do grupo Moldurarte, em permuta com a área onde é a Incomarte. O terreno seria usado para casas populares, mas infelizmente a prefeitura não fez a parte dela. Tinha recursos, precisava regularizar a documentação e resolveu investir de outra forma. Com a demora, o povo angustiado invadiu. Depois, irresponsavelmente foi transferido para a Apae. O que devemos fazer é buscar aquele terreno novamente para a prefeitura, fazer a divisão dos lotes para quem está lá e tem direito adquirido, conceder em doação de forma correta. Em seguida, através de recursos da Cohab, BNDES, Caixa Econômica, que já ofereceu em outra época R$ 700 mil para construção de 300 casas populares, buscar negociações para construir estas casas, tirar parte daquela população que vive em situação de risco e dar condições de vida a elas, pavimentado ruas, fazendo a ligação do esgoto e urbanizando a região.

Notisul – A crise econômica tem se refletido em Braço do Norte?
Zalene
– Com certeza, além da crise financeira, fomos atingidos pela crise climática que tem derrubado a arrecadação, afetando o estado. Mas estas crises são superadas por mérito de nossos empreendedores.

Notisul – E o que o poder público municipal pode fazer para melhorar a economia da cidade?
Zalene
– Em nosso plano de governo a questão está bem destacada. Vamos disponibilizar uma área industrial, contribuir para o aumento de emprego, incentivar a criação de uma incubadora. Além disso, garantir a aplicação do plano diretor, que permanece no papel. Investir em infraestrutura, apoiar e incentivar o microempresário, adequando para realidade regional a alíquota do ISS. Incentivar o turismo rural e religioso, áreas pouco exploradas, mas com grande potencial.

Notisul – Ainda sobre o agronegócio, além da suinocultura, em que outros setores o município destaca-se? E como potencializar essas áreas?
Zalene
– Nosso agronegócio é forte. Somos destaque nacional e até internacional na produção da raça Jersey, do leite, temos a melhor carcaça suína, além da agroindústria que cresce a cada dia, graças à modernização e qualificação buscada pelo homem do campo. Mas é preciso incentivo. Dessa forma, incentivaremos feiras de produção das famílias rurais, a capacitação do homem do campo, para que a produção se referencie. É necessário melhorar a infraestrutura no interior, investindo nas vias de escoamento, acessos às granjas e outras áreas de produção. É um direito do cidadão e um dever da administração oferecer estas condições.

Notisul – O setor de molduras está se recuperando? O dólar valorizado é bom para o setor?
Zalene
– O pior já passou para este segmento. A crise fez nosso empresário adequar-se, uma dificuldade enorme competir com a entrada do mercado Chinês, lá fora. Isto levou tempo e trouxe perdas. O dólar voltou a valorizar e está ideal para exportação. O problema agora é a recessão no maior mercado consumidor do mundo. Eles perderam poder de compra, não refletiu positivamente ainda. O ponto positivo é que os empresários fizeram as automações necessárias, as empresas estão enxutas, o mercado não está aquecido para que haja uma retomada nas contratações. As empresas estão prontas para crescer e os empregos são consequência. Uma economia não pode depender apenas da moldura e Braço do Norte, hoje, recebe investimentos em outros segmentos que se instalaram, com foco em metal mecânica, frigoríficos, tintas, suinocultura, agropecuária, alimentos, bebidas, tecelagem. Temos esperanças, já que o Brasil até o momento supera bem esta crise, graças a um plano econômico e à garra dos empresários preparados para competir com os diversos mercados.

Notisul – Quanto às duas feiras que hoje são realizadas em Braço do Norte, a senhora, caso eleita, pretende apoiar?
Zalene
– A Expovale foi criada na gestão do Ademir Matos. Com ela, fortaleceu-se a Feimbra, também fundada nesta gestão, e a Feagro. Com certeza, apoiaremos as feiras. Contaremos também com a experiência do Charles, um dos idealizadores deste projeto e com o apoio da Acivale, CDL, ACCS, ACCB, entre outras entidades que promovem e acompanham as mudanças de mercado e ajudam o empresário a permanecer sempre competitivo.

Notisul – A criação de uma secretaria de desenvolvimento regional em Braço do Norte facilita, de alguma forma, o crescimento dos municípios?
Zalene
– O programa de descentralização do governo Luiz Henrique é um sucesso. A SDR representa o governo próximo do cidadão e facilita a busca por recursos para execução e concretização de projetos prioritários à população, o que contribui ao desenvolvimento do município e região. Este modelo de gestão determina que os conselheiros que representam as entidades priorizem os investimentos que vem de encontro às necessidades de cada região.

Notisul – Como a senhora avalia o contrato com a Casan para a realização do esgoto na cidade? Já tem alguma coisa de obra? Poderá buscar recursos no governo federal?
Zalene
– Em outra época, a Casan fez contrato com o município de 30 anos, quando a preocupação era a água de qualidade. Ninguém se importava com as questões ligadas ao meio ambiente. O importante era desmatar e produzir. Para renovar o contrato, houve a participação dos vereadores, que montaram uma comissão e foram em busca de informação de ambas as gestões, Samae e onde havia contrato de ação compartilhada entre Casan e município. A proposta foi esta, discutida amplamente, sendo renovado em gestão compartilhada por mais 15 anos, onde 50% dos recursos oriundos do município ficariam para investimentos. A Casan comprometeu-se no período de dois anos fazer investimentos para aumentar a rede e levar água às comunidades, como União, Jardim Carolina, Sertão do Rio Bonito, onde havia dificuldade. A Casan cumpriu, investindo R$ 3 milhões. Falta agora colocar em prática o projeto de esgoto sanitário, que pode ser executado com a gestão compartilhada. Desta forma, em três anos poderemos estar bem adiantados nas questões ligadas a saneamento e esgoto e, como capital do Vale, daremos exemplos nesta área.

Notisul – A municipalização da água e esgoto é uma possibilidade caso a Casan não cumpra o contrato?
Zalene
– Como expliquei antes, não cometeremos o mesmo erro de Tubarão, que não renovou e não conseguiu investir um centavo sequer no esgoto, enquanto em Gravatal a gestão compartilhada investiu R$ 5 milhões. Além disso, a Casan passou a dar lucro e possui ligação com BNDES, um banco japonês que liberou milhões para investimentos, o que mostra o compromisso da empresa nestas questões. A municipalização foi boa em outros tempos, quando havia recurso. Hoje é diferente, os tempos mudaram e temos exemplos de cidades onde a mudança recente não deu certo. A Casan não perderá Braço do Norte, mas com a gestão compartilhada, o município também não perderá, usaremos a força política da região para buscar investimentos e realizar as obras necessárias.

Notisul – A senhora considera positiva a administração anterior, do Luiz Kuerten, o Tilico (PP)?
Zalene
– Não. O povo deu a resposta nas urnas, na eleição do dia 5 de outubro, quando o candidato apoiado por ele recebeu apenas 25% dos votos, menor índice do estado. O candidato deles não tem coragem de dizer que foi coordenador de campanha do candidato derrotado e que seria e agora, com ele como concorrente, é uma continuidade da última gestão.

Notisul – Tomando essa administração como exemplo, o que gostaria de manter? E o que gostaria de mudar?
Zalene
– Não faremos o que a administração passada fez, deixando de lado projetos que deram certo, como a Casa Dia do Idoso, única no estado e, ao que se tem conhecimento, única no país. Tinha o projeto de Violão e Artesanato para jovens com aulas gratuitas. Não encontramos programas até então que não podemos continuar, a maioria recebe investimentos do governo federal e o município ganha com isso. Temos outros a incrementar. Outros serão retomados.

Notisul – Então, a senhora considera positiva a administração interina?
Zalene
– Não dá para avaliar, já que a equipe permaneceu praticamente a mesma, derrotada nas urnas. Além disso, não há como avaliar um mandato de apenas dois meses. Mesmo o Ronaldo Fornazza tendo boa vontade, não houve tempo para mostrar um bom trabalho.

Notisul – O que lhe credencia a ser prefeita?
Zalene
– A aprovação do plano de governo da nossa coligação, com mais de 62%, que deu a vitória histórica para Ademir e Charles. É assim que entendemos que o povo quer o Ademir novamente na prefeitura, não como prefeito, mas como porta-voz da administração, que trará os recursos para executar os projetos de nosso plano de governo. E, sem dúvida, é importante para a comunidade, porque foram pessoas ligadas aos diversos setores que avaliaram as necessidades da população. Injustamente, na primeira eleição, Ademir não pôde assumir e o plano de governo, mesmo com aprovação do povo, não pôde ser colocado em prática. Isso me credencia a ser candidata, quero executar e meu nome foi aprovado pela coligação, assim como o do vice.

Notisul – Como a senhora avalia o resultado da outra eleição, a que foi considerada prejudicada pela justiça eleitoral?
Zalene
– Uma injustiça com o povo, que decidiu que Ademir era o melhor. E diante da justiça eleitoral, que deu condições para que ele fosse às urnas, já que o número 15, o seu nome e o vice Charles estavam expostos nas urnas. Mas nada é por acaso. Com o novo pleito, o povo tem a oportunidade de corrigir esta injustiça e, votando em Zalene e Charles, votará na força da mulher e nos conhecimentos e empreendedorismo do Charles, sem esquecer do Ademir, que articulará para buscar os recursos necessários.

Notisul – É mais difícil fazer uma campanha em 20 dias do que em três meses?
Zalene
– Nossa campanha iniciou em 30 de junho de 2008. É a mais longa, porém também é a mais curta da história do município, já que praticamente não paramos e um novo pleito foi marcado, com 20 dias para campanha. O tempo é que ficou reduzido a 20 dias, mas nosso trabalho já se estende neste período, por isso não é difícil. Meu nome já foi cogitado quando havia a possibilidade do Ademir não ser candidato. Coloquei meu nome à disposição e o povo já dizia que se não fosse o Ademir, que eu estivesse na disputa. Dificuldade se tem em todas as campanhas, só que, com o pouco tempo, não há como defender nosso plano de governo e estar nos bairros tanto como a população gostaria. Mas há uma equipe esforçada, que leva a todas as casas o nome de Zalene e Charles e da coligação.

Notisul – Se a senhora não for eleita, que rumos seguirá profissionalmente? Pretende continuar na política?
Zalene
– Sempre estive ao lado do Ademir e a situação me fez estar à frente neste momento. Estarei sempre ao seu lado, sendo ele candidato ou não, estaremos sempre juntos. O que vier é uma consequência. Não sou política, disputo o cargo, o qual é o meu foco no momento.