“Não gastamos mais do que recebemos”

Foto: Priscila Loch/notisul
Foto: Priscila Loch/notisul

Perfil
Não se trata de uma fórmula secreta. Gastar menos do que se recebe é básico para o sucesso de qualquer empresa, assim como para uma prefeitura, destaca o prefeito de São Ludgero, Volnei Weber (MDB). Enquanto a maioria das administrações municipais enfrenta dificuldades financeiras, a cidade do Vale do Braço do Norte consegue pagar todas as contas e ainda garantir reserva em caixa. Volnei revela uma “técnica” que usa para ter êxito em seus projetos: determinação, dedicação, disciplina e Deus. Outra medida importante citada por ele é ter sempre dinheiro para contrapartidas e estar com todas as certidões de débito em dia. Dessa forma, é possível usufruir de todos os convênios disponíveis.

Priscila Loch
São Ludgero

Notisul – Como foi o primeiro ano de seu segundo mandato?
Volnei –
O primeiro ano foi iniciado com muito planejamento, controle nas contas, fazendo reservas e oportunizando através dessas reservas contrapartidas para obras. Já estamos com várias obras no município de convênios assinados no ano que passou. Foi um ano muito bom, com uma equipe já entrosada, equipe técnica formada. Foi uma continuidade de governo e isso fez com que fechássemos muito bem as nossas contas, pagássemos em dia os fornecedores, pudéssemos pagar o 13º salário com facilidade e mesmo assim ainda sobrando um bom superávit na conta para servir de pulmão para 2018 no sentido de buscar recursos com os governos do estado e federal. Quem tem contrapartida leva, quem não tem acaba ficando pelo caminho. Trabalhamos o ano elaborando muitos projetos e automaticamente fazendo a peregrinação para solicitar recursos. Temos muita coisa engatilhada e estamos habilitados.

Notisul – A situação financeira de São Ludgero é bem mais tranquila que os demais municípios da região. A que se deve isso?
Volnei –
Primeiro de tudo, como já falei, planejamento, muito controle nas contas. Este ano não tirei férias ainda e não estou pensando em tirar de imediato. Porque agora, janeiro, fevereiro e março são os meses das compras. Então, focamos muito nosso tempo em cima de orçamentos, de menor preço, verificando qualidade de produto, descrevendo muito bem os produtos que queremos adquirir. Isso faz com que compremos com qualidade, com preço bom e, automaticamente, fornecedores comprometidos. Se comprar mal, você vai vender mal no comércio comum. A prefeitura não vende o que compra, mas se comprar mal o dinheiro que temos acaba antes da hora. Então, temos que analisar bem para comprar pelo menor preço com qualidade. Com qualidade, se consome menos, porque automaticamente o produto tem resistência, durabilidade. É preciso estar controlando tudo muito de perto, como aquele velho ditado: o que engorda o porco é o olho do dono. Tenho ainda um vice-prefeito atuante, que me ajuda todos os dias. Agora em janeiro, ele não deixou de ir um único dia sequer. Depois, temos o controle do almoxarifado central que construímos, onde temos uma pessoa muito rigorosa que controla a entrada dos produtos e a distribuição para os departamentos. Dessa forma, economizamos mercadoria, evitamos desperdício e, consequentemente, sobra dinheiro. Tem ainda a conscientização dos nossos servidores sore a necessidade de economizar, para não ser uma surpresa desagradável quando tivermos que dizer não por um motivo ou outro.

Notisul – Mesmo São Ludgero estando numa situação boa, eventualmente deve ter esse tipo de necessidade né?
Volnei –
Tem de tudo. Na verdade, não temos situação boa. Nossa receita é pequena, menor do que vários municípios da região. Nós fazemos o nosso trabalho. Não gosto de comparar com outros municípios. Cuido da minha casa, da maneira que sei que vou estar com as contas em dia, habilitado a buscar recursos, sem rifar o CNPJ, com as certidões todas em dia. Em cinco anos que estou à frente do município, nunca estivemos com as nossas negativas em desencontro com a legalidade. Isso vai nos oportunizando buscar recursos, entra receita de todos os lados e isso faz a diferença. Não gastamos mais do que recebemos. Sempre trabalhamos com uma receita mensal guardada. Em 2015 e 2016. Enquanto outros prefeitos não conseguiam, nós tínhamos uma economia guardada. Quando a economia foi encolhendo, fomos replanejando o nosso trabalho. E o replanejamento muitas vezes ocorria semanalmente, não era nem mensal. Fechávamos a torneira, avaliávamos uma semana, a economia continuava caindo, nós sentávamos de novo e apertávamos mais alguma coisa. Mas nunca em uma única área, sempre um pouquinho em cada uma, fazendo com que todos fizessem o serviço, porque nenhuma área é mais importante que a outra. Todo mundo cedeu um pouquinho, sofreu um pouquinho, mas não matamos a nossa vaca e ela continuou dando leite. 

Notisul – Na verdade, gastar menos do que se recebe deveria ser regra em todas as empresas e em todas as casas.
Volnei –
Eu levo a prefeitura igual a uma empresa. Tem pessoas que dizem até que o prefeito é ruim. Eu posso afirmar que não sou ruim, eu sou muito rigoroso. Até sou brincalhão, conto umas piadas, mas se tiver que bater na mesa bato. Para ter sucesso na administração pública, levo quatro D comigo: determinação, dedicação, disciplina e Deus que me acompanha. Se eu permanecer com esses quatro D, tudo dá certo.

Notisul – Como 2017 foi um ano bom para plantar projetos, quem sabe este ano a colheita seja boa. Que obras são esperadas para 2018?
Volnei –
Temos recursos que consegui buscar com o governo do estado para a pavimentação asfáltica de 3,5 quilômetros. Já está licitado, o recurso está na conta e a prefeitura vai preparar as bases e sub-bases no interior. Temos um projeto para pavimentar mais de 25 quilômetros na área rural.  Toda a parte de topografia está pronta e nos próximos dias devemos receber os projetos da Amurel. Esses recursos são somente para o asfalto e drenagem. De terraplanagem já temos muita coisa feita e a colocação da base e sub-base nossa equipe mesmo vai fazer. Temos equipamentos, maquinários, nossa frota é perfeita. Nossa administração recebe uma boa avaliação porque temos uma boa equipe, é uma família trabalhando. O pessoal pega junto. Fora isso, temos projeto no Avançar Cidades. São R$ 5 milhões de recursos, também com projetos elaborados pela Amurel, para pavimentar 42 ruas na área urbana.

Notisul – É possível que esses recursos saiam ainda este ano?
Volnei –
Acreditamos que sim, até abril ou maio. Esses são projetos que vêm atender às necessidades da população para a eliminação da poeira, da lama, das valas, da erosão. Temos também a piscina térmica, cujo projeto está em andamento, para a terceira idade e para quem tem recomendação médica; a construção do Cras, já que estávamos em espaço alugado; compra de mais implementos agrícolas, atendendo nosso homem do campo, fazendo com que ele produza mais; alargamento de estradas rurais, retiradas de pedras e mudanças de traçados, permitindo que o homem do campo consiga escoar melhor a sua produção e também tenha mais oportunidade de fazer sucessor na propriedade rural. Na área da saúde, temos renovação de frota. Estamos comprando mais um carro para transporte de pacientes para fora do município, com 15 lugares e ar-condicionado. São muitos projetos.

Notisul – Imagino que tenham obras mais em longo prazo.
Volnei –
Temos agora pelo Ministério do Turismo uma obra bem ousada, a pavimentação do Morro da Cruz, cuja escadaria tem 572 degraus. Vai ser a primeira comunidade da área rural que vai ser possível trafegar por asfalto em toda a extensão da estrada. Já está garantido o recursos pelo governo federal, estamos em processo de elaboração do projeto e aí sim em seguida poderemos licitar, com autorização da Caixa Econômica, para então começar a execução. Temos a comunidade do Bom Retiro também, que vamos receber recursos da Secretaria de Infraestrutura, com o projeto já aprovado pela equipe técnica, e está na Casa Civil para a assinatura do convênio. Esperamos que seja assinado em fevereiro, como foi acordado com o governo do estado. Se isso realmente ocorrer, são mais 5,6 quilômetros do centro da cidade até o interior. Temos intenção de nessa gestão fazer asfalto nos acessos a toda a área rural.

Notisul – Especificamente sobre a saúde, não tem como deixarmos de falar do prontoatendimento 24 horas, um sonho que muitos municípios da região não conseguiram tirar do papel. Como está a situação da unidade?
Volnei –
Podemos dizer que 100% nunca são em lugar nenhum, porque sempre temos pontos a melhorar. Isso é natural. Se compararmos com o estado e o Brasil, podemos dizer que nossa saúde é número um. Porém, somos limitados porque temos unidades básicas nos bairros e nossa unidade central também é uma unidade básica, mas avançada, que fica aberta 24 horas e têm leitos, equipamentos para estabilizar o paciente e fazer uma transferência com segurança. Temos uma equipe fantástica. Não recebo reclamações no gabinete, inclusive da área da saúde, quase não vem solicitação. Se a porta é aberta, só tem dobradiça, e as pessoas não empurram para falar com o prefeito, é porque a coisa está funcionando. Hoje (a entrevista foi concedida na última terça-feira) ainda recebi uma pessoa que não foi solicitar nada. Nas terças-feiras de manhã, o gabinete é aberto para quem quer falar com o prefeito. Essa pessoa veio simplesmente elogiar, agradecer. Isso é gratificante. Ganhei o dia, ganhei a semana, ganhei o ano.

Notisul – Seu nome tem sido ventilado como possível candidato a deputado estadual. Depois, especulou-se que você teria dito não. Qual é a verdade?
Volnei –
Na verdade, ser candidato a deputado estadual ou ser deputado estadual nunca esteve no meu projeto de vida, até agora. Não vou dizer que não posso inserir. Não teria dificuldade de disputar o pleito, nem de defender a nossa região na Assembleia Legislativa. Tenho muita determinação, muita força de vontade e luto pelos bons ideais. Nunca disse que sim, mas também nunca disse que não. Se disseram que é ou não é mais, não falaram comigo. Estou em um time, no banco. Se o time me der a oportunidade de jogar, tiver o consenso na Amurel, principalmente dentro do próprio partido, e as lideranças disserem que é um bom projeto para o partido, para a região e para o nosso sul do estado, eu estou com a chuteira bem amarrada e pronto para entrar no campo.