Lily Farias
Tubarão
Há uma década, profissionais da saúde lutam para aprovar o Projeto de Lei 30 Horas, que estabelece a jornada máxima de 30 horas semanais para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) da Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda esta jornada sob o argumento que é o melhor para pacientes e trabalhadores do mundo inteiro.
A realidade é que a categoria atua 42 horas por semana para ganhar um salário incompatível com a carga horária de serviço. Em Santa Catarina, a média salarial de um profissional é R$ 2,5 mil e nível técnico não passa de R$ 1,8 mil. A média regional não ultrapassa R$ 2 mil para o profissional e R$ 1,5 mil o técnico. Em Tubarão, um enfermeiro ganha R$ 1,5 mil e um técnico R$ 1,1 mil.
No Brasil, existem 1.480.653 profissionais entre enfermeiros, técnicos e auxiliares. No estado, são 40,544 e, na Amurel, cerca de cinco mil. De acordo com a técnica de enfermagem Thayse Soares Fidelis, o mercado suporta mais, o problema é falta de reconhecimento financeiro.
“Não é à toa que é grande o número de profissionais indo embora para outras cidades e até estado. Somos o estado que menos paga”, lamenta.
Ela conta também que os profissionais não trabalham com apenas um dia de folga no fim de semana, sem direito a feriado. “Temos direito a folgar pelo menos um domingo por mês, mas até para garantir o que é nosso temos que trabalhar no sábado o dia inteiro. Isso não é justo”, avalia Thayse.
Média salarial nacional é de R$ 3 mil para enfermeiros
A média salarial nacional dos profissionais em saúde é de R$ 3 mil para enfermeiros, R$ 1,5 mil para técnicos e R$ 900,00 para auxiliares. Está em tramitação no senado o Projeto de Lei de autoria do deputado Mauro Nazif (PSB-RO), que fixa o piso salarial de enfermeiros em R$ 4.650,00, técnicos de enfermagem em R$ 3.255,00 e R$ 2.325,00 para auxiliares. O projeto, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Mobilização é neste sábado
Um ato público marcará o descontentamento dos profissionais da área da saúde que atuam no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Será neste sábado, às 11 horas, na Praça 7 de setembro.
Os trabalhadores serão supervisionados pela Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina (Fetessesc) e conta com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores na Área da Educação da Rede Municipal de Tubarão e Capivari de Baixo (Sintermut).
No próximo dia 9, eles irão a Brasília para pressionar o governo colocar novamente na pauta do senado o Projeto de Lei 30 Horas. Conforme o presidente da Fetessesc, o auxiliar de enfermagem Cleber Ricardo da Silva Cândido, a pressão é de extrema importância para a categoria.
“É preciso fazermos alguma coisa urgente. Do jeito que está, não dá para continuar. Vivemos em um estresse constante a ponto de comprometer a qualidade do nosso trabalho”, pontua.
