Eleições nos EUA – Alívio, felicidade, reconciliação

Passei a gostar da América (EUA) durante a presidência de Bill Clinton. Simpático aquele americano-presidente unido aos reformistas do mundo, em Florença, na Itália, para planejar o futuro em chave social-democrata (novembro 1999). Depois, Bush voltou, em versão infantil, Bush-filho, ou Bushinho. Meu amor pela América diminuía na medida em que Bushinho agia. Perdi a vontade de visitar Nova Iorque e perdi o desejo de estudar inglês. Porém, sabia – havia aprendido isso com Bill Clinton – que não se tratava de antiamericanismo, mas de antipatia por aquelas administrações hostis ao mundo que são impropriamente chamadas de “republicanas”. Bush conseguiu ajudar o mundo a ser pior, manifestando o lado obscuro da América. Invadindo o Iraque, conseguiu enfraquecer o já pouco poder da cambaleante ONU, contrariando uma sua decisão.

Ontem, os eleitores americanos livraram o mundo (e não somente a América) do pesadelo “republicano”. O sonho democrata voltou a brilhar no coração da América e do mundo. Aqui em Tubarão, a quilômetros de distância, nós também respiramos aliviados: Ufa! Que alívio! Foi como se repentinamente respirássemos o ar fresco e frisante das noites de Bom Jardim da Serra numa tarde mormacenta de janeiro. Alívio e felicidade, não tanto porque foi eleito um presidente negro (grande passo na história da evolução moral da humanidade!), mas porque foi eleito um democrata da gema. Agora, é torcer para que o clima de reconciliação desencadeado pela troca da antipatia pela esperança consiga penetrar nos cantinhos mais recônditos do planeta. Torcer para que o poder da América seja poder moral de promoção da fraternidade nas relações internacionais, diferente da capacidade “republicana” de gerar inimigos até entre os ursinhos Panda.

Inimigos tradicionais da América já manifestaram desejo de reconciliação, descobrindo, também eles, que não são contra a América, mas contra o jeito “republicano” de ser.
– Acorda, mundo! O pesadelo acabou. Vamos voltar a sonhar com um mundo de irmãos, de amigos, de seres humanos moralmente dignos de tal definição. Podemos até voltar a estudar inglês, já que ontem o idioma de Shakespeare voltou a ter novamente sabor de liberdade.