Apolo 11 – 50 Anos

Foto: Divulgação/Notisul
Foto: Divulgação/Notisul

Para alguns tudo não passa da “teoria da conspiração” e de encenação entre Hollywood e a Nasa. Já para Armstrong foi “um pequeno passo para o homem, e um salto gigante para a humanidade”, pois a história conta que há exatos 50 anos estava em curso a missão “Apolo 11”.
A missão partiu da Terra no dia 16 de julho de 1969, e, depois de uma viagem de três dias pelo espaço, entrou na órbita lunar. Concluídas as manobras necessárias, das quais o desacoplamento do módulo “Eagle” do módulo de comando e serviço “Columbia”, enfim os astronautas  Neil Armstrong e Buzz Aldrin pousaram em “Mare Tranquillitatis” (Maré Tranquila) na região da face visível da Lua, e, às 2h56 do dia 21 de julho de 1969, Armstrong finalmente foi o primeiro homem a pisar na superfície lunar, seguido por Aldrin, e lá permaneceram por aproximadamente 2h15, tempo suficiente para recolher mais de 21,5 quilos de materiais e desenvolver algumas pesquisas. Junto com eles estava o astronauta Michael Collins, que ficou em órbita controlado o módulo “Columbia”.

Uma pergunta que pode surgir em sala de aula, e também na mente de nossos leitores, é a seguinte: “Por que, depois de 17 missões do Programa Apollo (1961 a 1972), das quais 11 tripuladas e destas seis pousando em superfície lunar levando 12 astronautas ao nosso satélite natural, nem os Estados Unidos nem mesmo outro país enviou homens novamente à Lua?”.
Antes de tudo, é relevante destacar que os custos de um programa como este são elevadíssimos, para se ter uma ideia, o projeto Apollo consumiu mais de US$ 25,4 bilhões (cifras de 1973) ou US$ 107 bilhões (se atualizar este valor para 2016), além do que, os riscos envolvidos também são muito grandes, por exemplo, em Apolo 1 um incêndio na cabine durante um ensaio de lançamento matou os três tripulantes, e em Apollo 13, uma explosão no módulo de serviço durante a viagem impediu que pousassem, mas felizmente seus tripulantes conseguiram voltar vivos à terra. E o mais importante, pelas amostras que foram recolhidas e pelas missões Apollo 11, 12, 14, 15, 16 e 17, mostraram não ser economicamente viável (custo x benefício) continuar com este tipo de exploração, pelo menos naquele momento.

Mas então, se é caro, e “não vale a pena”, por que gastaram bilhões de dólares para chegar lá?
Temos que contextualizar a resposta com face ao cenário geopolítico  e econômico da época, em que Estados Unidos e União Soviética competiam entre si, e o planeta estava em plena “Guerra Fria”, e, ainda, que embora os EUA tenha levado os primeiros homens à pisar em face lunar, foi a antiga União Soviética quem primeiro chegou lá, pois havia enviado, em 1959, o veículo espacial Luna 2, que se chocou  propositalmente contra a superfície lunar recolhendo dados durante este trajeto e, o Luna 3, no mesmo ano, o qual fez as primeiras fotos da face oculta da lua. E que também na briga pela conquista do espaço foi a mesma União Soviética a primeira nação a colocar um satélite artificial em órbita terrestre em 1957, o “Sputnik 1”, e a enviar um animal ao espaço (a cadela Laika) também em 1957 no “Sputnik 2” além de ter o primeiro “cosmonauta” a orbitar a terra, o soviético Iuri Gagarin em 12 de abril de 1961.

Então, a chegar à Lua com um homem americano antes de um russo era uma questão de “ser o primeiro” nesta conquista (já que as outras haviam perdido), além de se afirmar como a nação mais poderosa na conquista espacial, e naquele momento não se conhecia todo o potencial que dominar o cosmos poderia trazer para esta. Quem dominasse o lançamento de satélites e viagens espaciais, por exemplo, também seria capaz de lançar armas nucleares intercontinentais e lançar todos os tipos de satélites espiões (o que de fato ocorreu na sequência do desenvolvimento tecnológico). E além do mais, ambas as nações trabalhavam intensamente para criar a percepção por parte de sua população, e de outras nações, do seu poderio militar. Uma espécie de “ser”, mas acima de tudo: “parecer ser!”. Ou seja, o motivo principal era mostrar que era capaz de “chegar lá” e não necessariamente “explorar” o espaço conquistado.

Como estamos na “semana” que se comemora o cinquentenário desta viagem espetacular, nos próximos dias, voltaremos a dedicar este espaço para enumerar alguns dos avanços tecnológicos que a humanidade obteve a partir da corrida espacial que antecederam e que sucederam o “Programa Apollo” e de tantos outros que se dedicaram à conquista espacial. E de uma coisa todos podemos ter certeza, em nenhum outro período da humanidade a tecnologia e as comunicações evoluíram tanto quanto em épocas de guerra, sejam elas “quentes” ou “frias”.
A propósito, o homem está se preparando para ir novamente à Lua, e também para Marte, e, certamente, empresas privadas estarão envolvidas nestas novas missões.

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