sexta-feira, 2 agosto , 2024
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“Você conhece o verbo pazear? Está no dicionário”

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Tatiana Dornelles
Tubarão

Notisul – Como embaixadora universal da paz, como você vê a violência hoje no Brasil?
Delasnieve
– É decorrência da falta de estrutura familiar, financeira, falta da vida religiosa, de respeito, dignidade, um salário decente com que as pessoas possam sustentar suas famílias, educá-las, vesti-las, transformá-las em cidadãs. E também o consumo exacerbado de drogas de todos os tipos, como químicas, álcool. Isso tem levado a violência ao extremo. Além da própria estruturação governamental, que não consegue transpor este problema. Estamos chegando em alguns estados da federação onde a violência se sobrepõe ao poder constituído, como é o caso do Rio de Janeiro. A estrutura do governo está falha. Alguma coisa tem que ser mudada na estrutura para que realmente possa se combater a violência no seu ponto de origem.

Notisul – O que é feito pela sociedade para mudar esse quadro? Ou as pessoas não estão fazendo?
Delasnieve
– Acredito que existam muitas pessoas fazendo muita coisa em todo o mundo. Aqui no Brasil, também. São focos isolados, mas em um momento vai ver como um rompante, como uma força, e vai sobrepujar toda essa violência. Na verdade, quando o homem conseguir resgatar a sua dignidade, quando pararmos de depender de salário, de ajuda do governo, quando se pagar um salário decente às pessoas, grande parte do problema vai parar de existir. Quando o homem puder, com o seu trabalho, conduzir a sua família e não mais depender de favores de um bolsa disso e uma bolsa daquilo, quando puder concorrer de igual para igual em nível de estudo, aí estaremos exercendo a cidadania com dignidade. Isso, sim, vai servir para diminuir a violência. Aplicar-se em estudo, em educação, nas creches. A criança tem que começar, desde cedo, a ter o melhor para que possa crescer. Além dos direitos, temos obrigações.

Notisul – Há também muita violência nas escolas. O que fazer para minimizar o problema?
Delasnieve
– A gente tem percebido muito isso. A violência na escola começa com uma violência que a gente nem percebe: quando o colega chama você de gorda, de magrela, de quatro-olhos. Porque criança tem essa “maldade” inconsciente. Precisamos fazer com que elas aprendam a conviver entre si. A respeitar os limites. O respeito que se deve ao professor, ao educador, ao colega, isso precisa voltar a ser ensinado nas escolas. O professor tem medo dos alunos, hoje em dia, em muitos casos e com razão. Você não sabe com quem está lidando. Mas é necessário que isso seja debatido e se volte a ter na escola a formação de cidadãos que vão gerir o país de amanhã.

Notisul – Como é o seu trabalho como embaixadora universal da paz?
Delasnieve
– O embaixador universal da paz é um título concedido a qualquer pessoa da sociedade que lute pela paz, pelo meio ambiente, pela solidariedade, pela humanidade. Qualquer cidadão que esteja trabalhando essas áreas. Coisas que digam respeito à humanidade, ao povo, ao ser humano. Fui indicada em 2005 e pertenço ao círculo de embaixadores da paz, entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), cuja sede é em Genebra, na Suíça. Todos nós trabalhamos a paz como uma instituição, como algo a ser conquistado, como algo a ser plantado dia a dia. A paz começa em mim, em você, no vizinho, em quem está em nosso lado. E essa paz é a que temos que dividi-la, carregá-la e construí-la. Você conhece o verbo pazear?

Notisul – Não conheço.
Delasnieve
– Pois é. Grande parte dos brasileiros vai morrer sem conhecer o verbo pazear. E está no dicionário. O verbo pazear é o verbo harmonizar, construir a paz. Mas isso também é normal na história da civilização, porque aprendemos a brigar, a conhecer quem foram os grandes heróis de guerra. Procura a rua Madre Tereza de Calcutá, ou rua Irmã Dulce, rua Jesus Cristo, rua Gandhi. Você não acha. São benfeitores da humanidade. Deveríamos, nós, também promover a cultura da paz.

Notisul – Como promover a cultura da paz?
Delasnieve
– Nas escolas, com atos, atitudes, exemplos. A gente cobra mas não dá o exemplo do trabalho feito. Aprendendo a conjugar o verbo pazear, no presente do indicativo, ajudará. A paz futura dependerá da paz presente. Essa é a norma que idealiza esse trabalho que fazemos pelo país todo, onde somos convidados. No meu estado, Mato Grosso do Sul, trabalhamos. Temos a Carta da Paz, que fizemos junto com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e já ultrapassou fronteiras. Foi lida no Fórum Mundial da Paz no Quênia, na África. É um grito nosso. Precisamos de uma escola de paz, onde nós venhamos a aprender como fazer a paz, como praticar essa utopia, como torná-la real. Trabalhamos com poesias, com música, palestras, encontros. Quanto mais pessoas virem a gente fazer alguma coisa, mais exemplos estaremos levando às crianças e à coletividade.

Notisul – O mundo fala de paz, mas há muitas guerras. Como você vê essa disparidade?
Delasnieve
– Fico preocupada com o presidente Barack Obama (eleito nos Estados Unidos). Não sei como ele vai conseguir cumprir o que ele prometeu, porque não depende só dele. Assim como não depende dos países a matéria paz. Tem vários interesses econômicos e financeiros atrás disso. Por exemplo: a guerra do Iraque todo mundo sabe que é a guerra do petróleo. Existiu ou existem armas químicas? Até agora ninguém ouviu falar. É uma grande incógnita. Mas a violência lá fora é igual aqui. No Brasil, não tem guerra civil, mas morre muito mais gente aqui do que em uma guerra do Iraque. Morre gente de acidente de trânsito, assassinatos nos morros. A guerra civil que nós vivemos, que não é declarada, é muito maior do que a declarada, como a do Iraque, a do Afeganistão. As pessoas morrem aqui dia a dia, sem saber por que. O que está acontecendo? É a mesma coisa na África, onde as pessoas morrem de fome. São violências que vamos ter que tratar um dia. Fazemos uma rede mundial de pessoas sonhadoras que com a palavra possam ajudar a mudar essa situação.

Notisul – O que é Poetas del Mundo para as Américas?
Delasnieve
– Essa entidade que se encontra hoje em 116 países. Pensamos pela poesia modificar esse estado de coisa que a gente acabou de falar. A minha poesia é a biopoesia (poesia da vida). Claro que também falo de dor-de-cotovelo, de tristeza, de amor. Temos levado essa nossa forma de pensar às pessoas através da poesia. E estamos tentando fazer chegar a todos os continentes a palavra do poeta em favor do desaquecimento global, da união dos povos, do extermínio da fome, da miséria. Temos como parâmetro de trabalho as oito metas do milênio da ONU. Tem surtido efeito bom. Temos mais de 4,5 mil poetas pelo mundo todo. Desse total, 1,6 mil são brasileiros. E me honraram com a nomeação de ser a embaixadora do Brasil.

Notisul – Você já foi premiada…
Delasnieve
– Ano passado, fui premiada pela Academia Francesa de Ciências e Letras com medalha de prata pela solidariedade e na literatura. Com isso, obtive uma obra minha toda traduzida para o francês e deve ser lançada em 2009 pela Academia de Letras de lá e isso é o sonho de todo o escritor: ser lançado na França. O prêmio me deixou muito motivada, honrada, feliz, porque é um reconhecimento que você nem espera e vem perante o seu trabalho. Escrevo poemas, prosas, crônicas… Mas gosto mesmo é de poesia. Meu campo é esse.

Notisul – O que você diria às pessoas que querem promover a paz?
Delasnieve
– Convidamos a todos a conjugar o verbo pazear. É fácil conjugar no presente do indicativo: eu pazeio, tu pazeias, ele pazeia, nós pazeamos, vós pazeais, eles pazeiam. Eu me harmonizo contigo. Essa é a nossa proposta, é a nossa vontade, é nosso desejo. É uma utopia? Pode até ser. Mas de grandes sonhos surgem grandes realizações. Todos podem sonhar o mesmo sonho: construir a paz.

Catarinense sub-20: Unisul goleia a Malwee e garante o título

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Maycon Vianna
Tubarão

Quem compareceu ao ginásio Salgadão na tarde de sábado pôde conferir um grande jogo de futsal. A Unisul não tomou conhecimento da forte equipe da Malwee e goleou por 6 a 1. Só na primeira etapa da partida, o placar já era elástico, 4 a 0. “Não esperávamos que seria um resultado tão elástico. A equipe está de parabéns. Encaixou bem os contra-ataques e ficou bem montada na defesa”, detalha o treinador João Júnior.

Os gols da Unisul foram marcados por Bruno (duas vezes), Marco, Bilão, Michel e Fio. A torcida tubaronense pôde prestigiar uma atuação de gala dos garotos. O atleta Michel, autor de um golaço, ficou feliz ao ver o apoio dos torcedores. “É muito legal você jogar ao lado da galera. Isso motiva ainda mais os jogadores, que se empenham durante o jogo e buscam dar o mehor de si durante a disputa da competição”, destaca Michel.

Os integrantes da comissão técnica e supervisão de futebol da Unisul começam agora a planejar e estruturar o time para a próxima temporada. “Alguns jogadores do time sub-20 devem ser aproveitados para a equipe principal da Unisul. É uma questão para avaliar e em breve devemos ter alguma novidade”, adianta o técnico.
Os jogadores devem receber folga nos próximos dias e logo voltar aos treinamentos visando a estruturação para a temporada 2009.

BID 5: Rodovias da região podem ser incluídas

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Amanda Menger
Tubarão

Sete obras de pavimentação asfáltica de rodovias da Amurel poderão receber recursos do financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid). A assembléia legislativa autorizou o governo do estado a firmar a parceria pela quinta vez. O pedido de empréstimo está em análise pela secretaria nacional de assuntos internacionais em Brasília e seguirá para aprovação da Comissão de Assuntos Econômicos do senado.

O senado precisará ainda aprovar uma lei federal autorizando esse financiamento. Só depois disso, o governo do estado fará a tratativa final para a concessão da carta de crédito e a assinatura do contrato. O recurso solicitado ao Bid é de US$ 300 milhões e a contrapartida do estado é de R$ 157 milhões. A primeira parte dos recursos, cerca de US$ 50 milhões, pode ser liberada já no próximo ano. O restante a partir de 2011.
“O governo só conseguiu a autorização porque a oposição garantiu o quorum para aprovação. Temos que esperar a tramitação na CAE, o que tem que ocorrer até o fim do ano para que o contrato seja assinado”, explica o deputado estadual Joares Ponticelli (PP).

Ainda não há definição de quais obras receberão recursos do Bid 5. “Todas são elegíveis, mas não há garantias de quais serão incluídas. Isso é preocupante, porque todas podem ser contempladas, algumas sim outras não. Dependerá da força política da região, que precisa batalhar por estas pavimentações”, observa Joares.
A decisão sobre quais obras serão contempladas será feita pelo Departamento Estadual de Infra-Estrutura (Deinfra) após a assinatura do contrato. “Temos consciência de que será preciso empenho político e cobrança da sociedade, mas estamos confiantes de que as obras elegíveis da região poderão ser incluídas no Bid 5”, afirma o secretário de desenvolvimento regional em Braço do Norte, Gelson Padilha.

Saiba mais
Os Programas de Obras Rodoviárias com participação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid) tiveram início em 1980. O objetivo é melhorar e expandir a malha pavimentada estadual. Segundo o Departamento Estadual de Infra-estrutura (Deinfra), os financiamentos possibilitam o crescimento econômico do estado porque aumentam a competitividade dos setores produtivos, com a redução dos custos de transportes.

Preço do álcool: Aumento não é repassado para o consumidor

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Zahyra Mattar
Tubarão

Santa Catarina tem hoje uma frota de 2.902.484 veículos automotores, uma média de uma unidade para cada dois habitantes. Se a média de crescimento de 0,7% ao mês se mantiver, em sete meses serão três milhões de unidades (confira os dados do crescimento no setor no quadro abaixo). Nem mesmo o valor dos combustíveis desacelerou o aumento nas vendas.

Este mês, por exemplo, o anidro, componente do álcool, teve aumento. Os postos de combustíveis que adquiriram o produto para venda na primeira semana de novembro já receberam com preço pelo menos R$ 0,02 mais caro, em média. “O álcool é um produto cotado na bolsa de valores e o preço estava baixo. Mas desta vez conseguimos absorver este aumento e nada foi repassado para os consumidores”, reforça o presidente do sindicato dos Petroleiros na Amurel, Valdo Vianna.

Nos últimos quatro meses, tanto a gasolina quanto o álcool registraram aumento de preço para os postos de combustíveis. Para a gasolina, a alta no período, em média, foi de aproximadamente R$ 0,04 e para o álcool de R$ 0,06. “Nenhum destes aumentos foi repassado porque foram pequenos. Em um mês foi de R$ 0,01, no outro R$ 0,02. O aumento da frota e a procura, especialmente pelo álcool, puxaram um pouco o preço”, avalia Vianna.

No posto dele, por exemplo, a procura pelo álcool está em 40% hoje. Antes, era em torno de 25% a 30%. “Mesmo com estes centavos a mais, o álcool ainda é muito mais barato, ainda que não proporcione o mesmo desempenho da gasolina, hoje o que conta para consumidor é o bolso”, destaca Vianna. Na Amurel, o valor da gasolina é de R$ 1,65 a R$ 1,68 o litro, em média. O álcool pode ser encontrado com preço entre R$ 1,43 e R$ 1,49.

Sabe o que os astros guardam para você hoje

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Áries (21/03 a 19/04)
O planeta Marte passa a se movimentar no signo de Sagitário, indicando expansão associada à viagens e estudos. Estímulo à ampliação de horizontes e à ações idealistas afinadas.

Touro (20/04 a 20/05)
O novo trânsito astrológico de Marte expande a energia emocional e sexual dos taurinos. Força para superar limitações. Quer liberdade de expressão. Senso de aventura. Ações que podem transformar as coisas. Permita-se superar antigos tabus.

Gêmeos (21/05 a 21/06)
No signo complementar ao seu passa a atuar Marte, indicando estímulo aos relacionamentos. Entretanto, pode haver discordância de pontos de vista.

Câncer (22/06 a 22/07)
Energia adicional para o trabalho e as atividades cotidianas, onde desejará expandir horizontes, aprimorar conhecimentos, viajar, estudar. Muita energia física, que deverá ser canalizada adequadamente, com a prática de esportes e mais tempo ao ar livre.

Leão (23/07 a 22/08)
Marte passa a atuar no setor emocional e criativo dos leoninos indicando muita energia. Desejo de superar os próprios limites, de arriscar-se mais, de ser autêntico com os seus sentimentos.

Virgem (23/08 a 22/09)
Muita energia interior, que se não encontrar expressão adequada poderá se manifestar como agressividade, principalmente junto a familiares e nas situações emocionais.

Libra (23/09 a 22/10)
Motivação para estudos, viagens e contatos caracteriza o atual momento. Tendência à agressividade na relação com pessoas próximas. Deseja expandir os horizontes para além do que conhece.

Escorpião (23/10 a 21/11)
Marte, o antigo regente escorpiano, antes da descoberta de Plutão, passa a atuar no signo de Sagitário, indicando energia para negócios.

Sagitário (22/11 a 21/12)
Símbolo de ação, motivação e sexualidade, o planeta Marte passa a se movimentar em seu signo, indicando muita energia, sagitariano. Idealismo e ações que visam liberdade, aventura e expansão estão destacadas. Ímpeto conquistador.

Capricórnio (22/12 a 19/01)
Ações voltadas para os bastidores, para atividades culturais e estudantis e viagens que tenham relação com o autoconhecimento. Deverá conhecer suas motivações emocionais, evitando atitudes inconseqüentes.

Aquário (20/01 a 18/02)
Energia voltada para atividades junto a amigos e grupos. Ações direcionadas para o futuro, com idealismo. Pioneirismo, coragem e liderança em grupos ou instituições. Pode expandir muito os seus horizontes, nativo de Aquário.

Peixes (19/02 a 20/03)
Motivação direcionada para conquistas profissionais. Importância da liberdade, dos conhecimentos, de viagens e de pioneirismo na expressão dos talentos. Negócios que tenham relação com o trabalho estão estimulados. Abra novas frentes de atuação.

Fatos sobre a proclamação da república

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No dia 4 de julho de 1776, ao ser proclamada a independência dos EUA, começava a bicentenária história da democracia e do estado de direito.
Um dos maiores responsáveis por aquele momento histórico foi uma espécie de símile da nossa Anita Garibaldi, também ele um herói de dois mundos, Thomas Paine. Inglês, radicado na então colônia britânica, foi o mais contundente orador contra a monarquia britânica e o mais feroz defensor da república.
Depois de assinar a Declaração de Independência norte-americana, entendendo que a sua missão estava cumprida no novo continente, Paine parte para a França, engajando-se no segundo mais importante acontecimento definidor dos tempos modernos: a Revolução Francesa.

Como a Europa era, então, o centro do mundo, é justo afirmar que foi o 14 de julho de 1789, com a Queda da Bastilha, que significou, urbi et orbis, o início do fim do absolutismo e dos privilégios da nobreza em todo o Ocidente.
Como se viu, foram necessários 23 anos para que os ventos da liberdade do Novo Mundo atravessassem o Oceano Atlântico e incendiassem Paris e toda a Europa. No entanto, somente um século depois, em 15 de novembro de 1889, foi proclamada a nossa república, quando o governo imperial (não tanto o imperador, ainda bem visto e querido) vinha perdendo apoio, em atrito com a igreja católica e com os grandes fazendeiros, em virtude da abolição da escravatura, ocorrida no ano anterior. Além disso, a sociedade não aceitava mais a manutenção de um regime de castas e censitário, baseado na renda das pessoas, e o atraso político do Brasil em relação aos demais países do continente, todos já republicanizados.
Com um discurso repetido agora pelo presidente eleito, Barack Obama, Paine afirmava em tom profético: “A causa da América é, em grande parte, a causa de toda a humanidade”.

Nossos republicanos, Ruy Barbosa à frente, tinham acesso aos panfletos de Paine, cuja flama libertária pode ser sintetizada nesta frase: “Assim como nos governos absolutos o rei é a lei, nos países livres a lei deve ser o rei!”.
Depois de recusar convite para integrar o Gabinete Ouro Preto, em 15 de novembro, Ruy redigia o primeiro decreto do governo provisório e era nomeado ministro da fazenda no governo Deodoro. Valeram-lhe as lições de Thomas Paine, para quem: “O governo é uma confiança que pertence de direito àqueles que delegam tal confiança e aos quais volta sempre que necessário. O governo, por si, não tem direitos, tem simplesmente deveres. É natureza e intenção da Constituição, às quais volta sempre que necessário, estabelecer um princípio comum que limite e controle o poder, e o impulso das partes, e diga a todos: poderão ir até aí, e não além”.

A proclamação da república não revogou todas as injustiças, mas, sem dúvida, deu partida à construção, no Brasil, de uma sociedade democrática, que precisa ser aprimorada, hoje, mais do que nunca, com uma profunda reforma político-administrativa. Essa reforma deve ser embasada num novo pacto federativo, que descentralize o poder e o dinheiro, concedendo a indispensável autonomia aos estados e municípios.

Braço do Norte: Projeto de reciclagem é realidade em escola

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Wagner da Silva
Braço do Norte

A consciência e o manuseio de materiais reaproveitáveis surgem de forma tímida, até que as pessoas passam a conscientizar quanto ao benefício da reciclagem ao meio ambiente. Há anos, o Colégio Dom Joaquim, em Braço do Norte, participa de campanhas e apóia ações em prol do ecossistema. A pouca participação do início e a dificuldade de criar a idéia e a consciência nos alunos foram superadas.

Uma prova disso é a elaboração de uma série de ações que foram incluídas no Projeto Político Pedagógico da escola este ano. A atitude espalhou-se de tal forma que os reflexos são sentidos também na comunidade de Braço do Norte. Muitos cidadãos tornaram a reciclagem um hábito e deixam, na escola, o material que pode ser reaproveitado.

Plástico, papel, alumínio, vidro e pilhas são recolhidos e separados e vendidos. Em sete meses, o colégio arrecadou 25.872 quilos de material. Isto rendeu aproximados R$ 7 mil. Como o projeto não possui um coordenador, são os próprios professores que discutem e elegem as prioridades. “Depois de avaliarmos onde empregaremos o dinheiro, expomos a idéia aos alunos para eles também opinarem”, detalha a diretora adjunta do colégio Dom Joaquim, Zélia Della Giustina Guinzani.

Esta clareza nas ações, analisa Zélia, tornou o projeto permanente dentro da instituição de ensino. “Quando esta idéia da reciclagem foi implantada, sabíamos das dificuldades, mas, com o auxílio dos professores, que ‘plantaram’ este hábito, passamos a nos motivar e ‘contaminar’ a comunidade interna e externa”, ressalta. O projeto dos recicláveis do colégio Dom Joaquim foi um dos 25 escolhidos para participar da Feira Nacional de Ciências da Educação Básica (Fenaceb). O colégio é o único do estado a participar das três edições da feira.

Dois homicídios em menos de cinco horas

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Wagner da Silva e
Maycon Vianna

Braço do Norte

O domingo iniciou trágico no Vale de Braço do Norte. A população dos municípios de Braço do Norte e Santa Rosa de Lima ficou assustada com tanta tragédia em menos de cinco horas. As policias Civil e Militar tiveram muito trabalho. O primeiro crime ocorreu na rua Ângelo Sandrini, no bairro Rio Bonito, em Braço do Norte, por volta de 0h40min.

Segundo informações da polícia, após uma ríspida discussão por causa de uma dívida não paga, um homem de 33 anos efetuou nove disparos contra José Maria de Jesus, 29 anos, e depois fugiu. Cerca de cinco minutos após o crime, os policiais chegaram ao local, e a vítima já havia sido conduzida por um veículo particular até o Hospital Santa Teresinha, onde chegou já sem os sinais vitais. Os populares informaram a polícia sobre o modelo e a placa do veículo (um Gol) pelo qual o autor dos disparos conduzia.

Vários policiais foram mobilizados em buscas pelo assassino pela região, até chegarem à casa do autor. O criminoso estava na janela de casa e não ofereceu resistência à voz de prisão. O acusado ainda mostrou aos policiais o local onde a arma utilizada no homicídio, uma Beretta calibre 32, estava escondida. O homem foi encaminhado à delegacia de Polícia Civil de Braço do Norte, onde foi lavrado o flagrante. Ele foi interrogado pelo delegado de plantão e permanece detido em uma cela da delegacia à espera de autorização para ser encaminhado ao Presídio Regional de Tubarão, o que deve ocorrer na manhã de hoje.

Homem assassina a esposa e, em seguida, comete suicídio
A pequena cidade de Santa Rosa de Lima, pacata e acolhedora, virou um cenário de terror em menos de um mês. Após a morte do servente de pedreiro Edélcio Carlos Porath, de 35 anos, no dia 29 de outubro, um outro homicídio seguido por suicídio chocou a população.

Por volta das 4h30min de ontem, um crime ocorreu na comunidade de Mata Verde, interior de Santa Rosa de Lima. Segundo relato dos policiais, após matar a esposa, a doméstica Sonia Oenning Michels, de 42 anos, com um tiro de espingarda calibre 32 (geralmente utilizada para caça de animais silvestres), Salésio Michels, 48, telefonou a um amigo, relatou o crime que havia cometido e tirou a própria vida ainda durante a conversa por telefone.
Os corpos do casal foram encaminhados para a perícia no Instituto Médico Legal (IML) de Tubarão. O casal tinha um filho, de 23 anos.

Caso Edélcio
Antes da morte de Edélcio Carlos Porath, o último assassinato no município havia sido em 1962. O pedreiro, natural de Trombudo Central, oeste de Santa Catarina, revoltou a população.

Ele estava desaparecido desde a noite de 29 de outubro, quando foi visto pela última vez por amigos em um bar.
O homem trabalhava em uma das obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH), em fase de construção na cidade. O homem morava com mais seis pessoas em um alojamento. Edélcio não dormiu em casa e, com o seu desaparecimento, o encarregado da obra foi informado.

O corpo foi encontrado às margens do rio que corta o município, por volta das 18 horas do dia seguinte, pelos próprios colegas de trabalho.
Edélcio estava com uma marca na cabeça e o seu corpo parecia ter sido arrastado. O comissário da Polícia Civil Carlos Tadeu Phillippi informou o fato à perícia e testemunhas prestaram depoimento na delegacia de Polícia Civil.
No início da semana passada, o assassino do pedreiro, um colega de trabalho e de alojamento, foi preso pelos investigadores e foi encaminhado à Central de Polícia Civil, onde permanece.

O mais recente crime
• Salésio Michels assassinou a esposa Sônia Oening com um tiro de espingarda no peito e depois se matou com um disparo no ouvido.
• O homicídio seguido por suicídio pode ter sido motivado pelas dificuldades financeiras enfrentadas por Salésio e Sônia.
• O velório do casal ocorreu na residência, local do crime. Eles serão sepultados hoje no cemitério de Santa Rosa de Lima.
• Antes dos últimos dois casos, Santa Rosa de Lima só havia registrado um assassinato em 2 de novembro de 1962, quando Fredolino Wimes foi morto a facadas por Irineu da Silva.

Pacote de obras de Imbituba: Execução dos trabalhos é lenta

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Zahyra Mattar
Imbituba

Não é somente o pacote de obras da prefeitura de Tubarão que segue a passos lentos por contas das chuvas que castigam a região desde o fim de setembro. A prefeitura de Imbituba também contabiliza problemas na pavimentação de 30 ruas da cidade.
Novos prazos e cronograma começam a ser discutidos para minimizar os efeitos e não comprometer a temporada de verão, já que algumas das estradas são em pontos estratégicos para o setor turístico do município. Além da chuva, a falta de lajotas no mercado é outro ponto que reflete em atrasos.

O secretário de infra-estrutura da prefeitura, José Afonso Carvalho, ressalta que o novo cronograma efetuado pela prefeitura junto às empreiteiras visa acelerar as obras quando o tempo ficar mais estável e chegar ao fim de dezembro com pelo menos 50% dos trabalhos concluídos. A finalização de todo o pacote, porém, deverá ocorrer somente em fevereiro do próximo ano.

“Está muito complicado, mas, assim que o clima melhorar, será dada atenção especial para estas ruas. Em muitos locais, a situação está complicada para as pessoas. Em alguns locais, as obras são complexas, não se resumem apenas ao calçamento ou asfaltamento. Tudo é prioridade, mas vamos atacar com maior propriedade aquilo que conseguiremos concluir este ano. O restante ficará para mais tarde, porque queremos qualidade”, lamenta José Afonso.

“Você conhece o verbo pazear? Está no dicionário”

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Tatiana Dornelles
Tubarão

Notisul – Como embaixadora universal da paz, como você vê a violência hoje no Brasil?
Delasnieve
– É decorrência da falta de estrutura familiar, financeira, falta da vida religiosa, de respeito, dignidade, um salário decente com que as pessoas possam sustentar suas famílias, educá-las, vesti-las, transformá-las em cidadãs. E também o consumo exacerbado de drogas de todos os tipos, como químicas, álcool. Isso tem levado a violência ao extremo. Além da própria estruturação governamental, que não consegue transpor este problema. Estamos chegando em alguns estados da federação onde a violência se sobrepõe ao poder constituído, como é o caso do Rio de Janeiro. A estrutura do governo está falha. Alguma coisa tem que ser mudada na estrutura para que realmente possa se combater a violência no seu ponto de origem.

Notisul – O que é feito pela sociedade para mudar esse quadro? Ou as pessoas não estão fazendo?
Delasnieve
– Acredito que existam muitas pessoas fazendo muita coisa em todo o mundo. Aqui no Brasil, também. São focos isolados, mas em um momento vai ver como um rompante, como uma força, e vai sobrepujar toda essa violência. Na verdade, quando o homem conseguir resgatar a sua dignidade, quando pararmos de depender de salário, de ajuda do governo, quando se pagar um salário decente às pessoas, grande parte do problema vai parar de existir. Quando o homem puder, com o seu trabalho, conduzir a sua família e não mais depender de favores de um bolsa disso e uma bolsa daquilo, quando puder concorrer de igual para igual em nível de estudo, aí estaremos exercendo a cidadania com dignidade. Isso, sim, vai servir para diminuir a violência. Aplicar-se em estudo, em educação, nas creches. A criança tem que começar, desde cedo, a ter o melhor para que possa crescer. Além dos direitos, temos obrigações.

Notisul – Há também muita violência nas escolas. O que fazer para minimizar o problema?
Delasnieve
– A gente tem percebido muito isso. A violência na escola começa com uma violência que a gente nem percebe: quando o colega chama você de gorda, de magrela, de quatro-olhos. Porque criança tem essa “maldade” inconsciente. Precisamos fazer com que elas aprendam a conviver entre si. A respeitar os limites. O respeito que se deve ao professor, ao educador, ao colega, isso precisa voltar a ser ensinado nas escolas. O professor tem medo dos alunos, hoje em dia, em muitos casos e com razão. Você não sabe com quem está lidando. Mas é necessário que isso seja debatido e se volte a ter na escola a formação de cidadãos que vão gerir o país de amanhã.

Notisul – Como é o seu trabalho como embaixadora universal da paz?
Delasnieve
– O embaixador universal da paz é um título concedido a qualquer pessoa da sociedade que lute pela paz, pelo meio ambiente, pela solidariedade, pela humanidade. Qualquer cidadão que esteja trabalhando essas áreas. Coisas que digam respeito à humanidade, ao povo, ao ser humano. Fui indicada em 2005 e pertenço ao círculo de embaixadores da paz, entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), cuja sede é em Genebra, na Suíça. Todos nós trabalhamos a paz como uma instituição, como algo a ser conquistado, como algo a ser plantado dia a dia. A paz começa em mim, em você, no vizinho, em quem está em nosso lado. E essa paz é a que temos que dividi-la, carregá-la e construí-la. Você conhece o verbo pazear?

Notisul – Não conheço.
Delasnieve
– Pois é. Grande parte dos brasileiros vai morrer sem conhecer o verbo pazear. E está no dicionário. O verbo pazear é o verbo harmonizar, construir a paz. Mas isso também é normal na história da civilização, porque aprendemos a brigar, a conhecer quem foram os grandes heróis de guerra. Procura a rua Madre Tereza de Calcutá, ou rua Irmã Dulce, rua Jesus Cristo, rua Gandhi. Você não acha. São benfeitores da humanidade. Deveríamos, nós, também promover a cultura da paz.

Notisul – Como promover a cultura da paz?
Delasnieve
– Nas escolas, com atos, atitudes, exemplos. A gente cobra mas não dá o exemplo do trabalho feito. Aprendendo a conjugar o verbo pazear, no presente do indicativo, ajudará. A paz futura dependerá da paz presente. Essa é a norma que idealiza esse trabalho que fazemos pelo país todo, onde somos convidados. No meu estado, Mato Grosso do Sul, trabalhamos. Temos a Carta da Paz, que fizemos junto com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e já ultrapassou fronteiras. Foi lida no Fórum Mundial da Paz no Quênia, na África. É um grito nosso. Precisamos de uma escola de paz, onde nós venhamos a aprender como fazer a paz, como praticar essa utopia, como torná-la real. Trabalhamos com poesias, com música, palestras, encontros. Quanto mais pessoas virem a gente fazer alguma coisa, mais exemplos estaremos levando às crianças e à coletividade.

Notisul – O mundo fala de paz, mas há muitas guerras. Como você vê essa disparidade?
Delasnieve
– Fico preocupada com o presidente Barack Obama (eleito nos Estados Unidos). Não sei como ele vai conseguir cumprir o que ele prometeu, porque não depende só dele. Assim como não depende dos países a matéria paz. Tem vários interesses econômicos e financeiros atrás disso. Por exemplo: a guerra do Iraque todo mundo sabe que é a guerra do petróleo. Existiu ou existem armas químicas? Até agora ninguém ouviu falar. É uma grande incógnita. Mas a violência lá fora é igual aqui. No Brasil, não tem guerra civil, mas morre muito mais gente aqui do que em uma guerra do Iraque. Morre gente de acidente de trânsito, assassinatos nos morros. A guerra civil que nós vivemos, que não é declarada, é muito maior do que a declarada, como a do Iraque, a do Afeganistão. As pessoas morrem aqui dia a dia, sem saber por que. O que está acontecendo? É a mesma coisa na África, onde as pessoas morrem de fome. São violências que vamos ter que tratar um dia. Fazemos uma rede mundial de pessoas sonhadoras que com a palavra possam ajudar a mudar essa situação.

Notisul – O que é Poetas del Mundo para as Américas?
Delasnieve
– Essa entidade que se encontra hoje em 116 países. Pensamos pela poesia modificar esse estado de coisa que a gente acabou de falar. A minha poesia é a biopoesia (poesia da vida). Claro que também falo de dor-de-cotovelo, de tristeza, de amor. Temos levado essa nossa forma de pensar às pessoas através da poesia. E estamos tentando fazer chegar a todos os continentes a palavra do poeta em favor do desaquecimento global, da união dos povos, do extermínio da fome, da miséria. Temos como parâmetro de trabalho as oito metas do milênio da ONU. Tem surtido efeito bom. Temos mais de 4,5 mil poetas pelo mundo todo. Desse total, 1,6 mil são brasileiros. E me honraram com a nomeação de ser a embaixadora do Brasil.

Notisul – Você já foi premiada…
Delasnieve
– Ano passado, fui premiada pela Academia Francesa de Ciências e Letras com medalha de prata pela solidariedade e na literatura. Com isso, obtive uma obra minha toda traduzida para o francês e deve ser lançada em 2009 pela Academia de Letras de lá e isso é o sonho de todo o escritor: ser lançado na França. O prêmio me deixou muito motivada, honrada, feliz, porque é um reconhecimento que você nem espera e vem perante o seu trabalho. Escrevo poemas, prosas, crônicas… Mas gosto mesmo é de poesia. Meu campo é esse.

Notisul – O que você diria às pessoas que querem promover a paz?
Delasnieve
– Convidamos a todos a conjugar o verbo pazear. É fácil conjugar no presente do indicativo: eu pazeio, tu pazeias, ele pazeia, nós pazeamos, vós pazeais, eles pazeiam. Eu me harmonizo contigo. Essa é a nossa proposta, é a nossa vontade, é nosso desejo. É uma utopia? Pode até ser. Mas de grandes sonhos surgem grandes realizações. Todos podem sonhar o mesmo sonho: construir a paz.

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