Reforma política: Rigotto defende voto distrital

Amanda Menger
Tubarão

O segundo dia do Fórum Catarinense sobre Reforma Política teve como palestrantes o ex-governador do Rio Grando do Sul, Germano Rigotto (PMDB), e o deputado federal e relator do projeto de reforma política na câmara, Ronaldo Caiado (D25- GO).

Entre os pontos discutidos pelos dois, está a defesa do voto distrital. Atualmente, o voto é proporcional e os eleitores podem votar, por exemplo, em uma eleição estadual, em um candidato de qualquer região do estado. A proposta é que os candidatos sejam eleitos por suas regiões, uma idéia similar à campanha “Voto pela Amurel”, realizada na região na eleição estadual de 2006. “O voto distrital aproxima e compromete o político com as pessoas que votaram nele”, justifica Germano Rigotto.

A opinião é compartilhada pelo deputado federal Ronaldo Caiado. “Esta mudança tem que ser feita pelo sistema eleitoral e compreende ainda o voto em lista fechada e ordenada. Hoje, temos muitas distorções com a lista aberta e proporcional”, afirma.

Outro ponto discutido foi o financiamento público das campanhas. Para o relator, é preferível destinar R$ 1 milhão para campanhas do que mais recursos serem desviados do orçamento da União. “Conheço campanhas em que foram gastos R$ 10 milhões – R$ 2 milhões foram comprovados legalmente e o restante é dinheiro ilícito vindo de desvio de recursos públicos”, declara o relator.

Reformas estruturais
O ex-governador do Rio Grande do Sul defendeu a realização da reforma tributária. Germano Rigotto afirma que o crescimento do país depende destas reformas. “Discutir reforma política sozinha é impossível, precisamos redefinir o pacto federativo, ou seja, quais as atribuições da União, estado e municípios, e isso passa conseqüentemente pela reforma política”, avalia.

O abuso do poder econômico também foi relacionado por Rigotto como um dos fatores que aumenta a distorção entre os candidatos a cargos eletivos.
Os dois palestrantes chamaram a atenção para a pouca participação dos jovens na política. “Precisamos estimular a participação política, mas é preciso mudar os conceitos. Os jovens acham que todos os políticos são bandidos”, observa Caiado.

“Nossas instituições políticas estão desacreditadas e, com a reforma, iremos ter novos rumos. Falta confiança por parte da população”, adverte Rigotto.
O fórum, realizado no Clube 29 de Junho, em Tubarão, termina hoje, com a palestra do deputado federal Edinho Bez (PMDB) e o ex-governador do Ceará, Gonzaga Mota.