Por que ficamos doentes?

Sou dentista e trabalho com o público há muitos anos e, acredite, adoecemos porque ficamos infelizes. E só ficamos infelizes porque aceitamos o roubo de nossa felicidade. Você quer a receita do sucesso? A resposta é a nossa felicidade. Nos entristecemos no casamento, no local de trabalho, na vizinhança, porque deixamos que o olhar do outro exerça domínio sobre nós.
Precisamos mudar o paradigma. Sua felicidade lhe devolverá saúde. E você, ao transmiti-la àqueles que te cercam, os contaminará com vida. No Brasil, os postos de saúde, de maneira geral, são postos de doença e depósitos de doentes. Tratamos a doença, mas não o doente. Temos os grupos de diabéticos, hipertensos, etc. Mas porque supervalorizar a doença?

Gostaria que em cada posto de saúde, houvesse também o grupo do sorriso feliz. Parece redundância mas não é, pois nem todo sorriso é feliz. Porque não fazer grupos onde os profissionais de saúde começassem a falar de doença por um viés diferente: a saúde?
Falar para o diabético, o hipertenso, o desdentado, o cardíaco, o depressivo, que existe luz no fim do túnel é descobrir a cada dia um novo trilhar. Ao invés de nos reunirmos em uma sala e distribuirmos “dicas de saúde”, deveríamos caminhar com eles uma hora por semana: exercício é saúde!

Ao invés de dopá-los com ansiolíticos e antidepressivos deveríamos levar lazer às comunidades: cinema no bairro. Há milhões que nunca foram ao cinema. Por que não usarmos os nossos data-shows para exibir uma sessão de cinema quinzenalmente para adultos e crianças?
Por que fazer do profissional de saúde um operário fixo a uma cadeira, cercado de receituários, e um “horário a cumprir”? Se esta fosse a solução, não haveria cada vez mais doentes. Precisamos mudar a estratégia. Precisamos pensar diferente, e olhar para o colega de trabalho como um aliado. Mas alguns cercam-se de “projetos” para fugir à realidade.

Quantos médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos, nutricionistas, psicólogos, etc… desencantados e desiludidos por verem seus esforços resumirem-se apenas nisso: esforços.
Por que não conseguimos agir, pensar e falar como equipe? A verdade é que os profissionais de saúde adoecem ao perceberem que pensamos saúde de forma única, afinal, parafraseando, se o sistema (SUS) é único porque pensar?