Os 136 anos de Abolição da Escravidão no Brasil

Reprodução Notisul Digital

No dia 13 de maio de 1888, há 136 anos, um marco histórico ecoou pelos corredores do Brasil: a Abolição da Escravatura. Foi uma jornada árdua e tumultuada, uma batalha travada não apenas no campo político, mas também nos corações e mentes de uma nação em transformação. No epicentro desse movimento, destacava-se a figura da Princesa Dona Isabel de Orleans e Bragança, cujo gesto emblemático ressoaria para sempre na história brasileira.

A mesma Princesa Isabel, quase que ignorada pelo Brasil atual, recusou a proposta dos abolicionistas em construir uma estátua no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, Capital do Império do Brasil, como a Redentora dos negros brasileiros, até então escravizados. Daí o nome Cristo Redentor, a quem a própria Princesa atribuía tal denominação. Isabel perdeu o trono, pois seria coroada Imperatriz na terceira Coroa do Brasil. “Se mil trono eu tivesse, mil tronos eu daria para acabar com a escravidão no Brasil”, defendeu a regente quando alertada sobre o impacto da abolição no futuro do país.

Em documento datado de 2 de agosto de 1888, e pouco conhecido dos brasileiros, decreta a Princesa Isabel: (sic) ‘Manda Sua Alteza a Princesa Imperial Regente em Nome de Sua Magestade o Imperador agradecer a oferta da Commição Organizadora constituída da Sociedade Brazileira de Beneficência de Paris, da Cia. Estrada de Ferro do Cosme Velho ao Corcovado e do Jornal O Paiz, para erguer huma estátua em sua honra pela extinção da escravidão no Brasil, e faz mudar a dita homenagem e o projecto, pelo officio de 22 de julho do corrente anno, por huma estátua do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jezus Christo, verdadeiro redentor dos homens, que se fará erguer no alto do morro do Corcovado’.

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A escravidão era uma sombra tenebrosa que pairava sobre a sociedade brasileira, uma chaga moral que corroía os alicerces da dignidade humana. Sob o sistema escravista, milhões de indivíduos eram tratados como mercadorias, privados de liberdade, direitos básicos e submetidos a condições desumanas. No entanto, a força motriz da mudança começou a ganhar impulso.

A monarquia constitucional do Brasil, liderada pelo Imperador Dom Pedro II, Defensor Perpétuo do Brasil, e sua filha, a Princesa Isabel, assumiu um papel fundamental nesse processo de transformação. Confrontando interesses políticos e econômicos arraigados, a Princesa Isabel, influenciada por seus princípios humanitários e ciente da urgência moral da questão, tornou-se uma defensora fervorosa da abolição.

Foi em um ato histórico que, em 13 de maio de 1888, a Princesa Imperial assinou a Lei Áurea, aprovada pela Assembleia Nacional, conferindo liberdade a milhões de escravos que ainda padeciam sob o jugo da opressão. Este não foi apenas um decreto de papel, mas um manifesto de humanidade, uma declaração de que a justiça e a compaixão triunfariam sobre a tirania e a exploração.

A abolição da escravatura não foi um evento isolado, mas sim o culminar de décadas de luta, resistência e sacrifício por parte da Monarquia brasileira, abolicionistas, intelectuais, líderes políticos e, sobretudo, dos próprios escravos. Foi um momento de celebração, mas também de reflexão, pois a libertação formal não apagou as cicatrizes profundas deixadas pela escravidão, nem eliminou as desigualdades persistentes que assombrariam o Brasil por décadas.

A assinatura da Lei Áurea por parte da Princesa Isabel de Orleans e Bragança simbolizou não apenas o fim de uma instituição desumana, mas também o compromisso do Brasil com os ideais de igualdade, liberdade e justiça. É um lembrete perene de que, mesmo nos momentos mais sombrios da história, a luz da esperança e da mudança pode brilhar, guiando-nos em direção a um futuro mais justo e humano.