“O nosso maior problema é a falta de efetivo”

Maycon Vianna
Tubarão

Notisul – Qual o papel de um comandante regional da Polícia Militar?
Norival
– Compete ao comando regional exercer as ações de planejamento, controle e supervisão das atividades policiais desenvolvidas pelas unidades operacionais subordinadas. Vamos supervisionar, dizer como será feito. Temos como objetivo colocar cada vez mais viaturas nas ruas. A idéia é intensificar o policiamento a pé e de bicicletas. Faremos um estudo das necessidades da PM na região.

Notisul – A partir do momento em que assumiu o comando, já planejou ações?
Norival
– Sim. Por exemplo, em breve, ativar um canil do 5° batalhão e de Laguna com dois cães de policiamento, um deles farejador. Intensificaremos também as barreiras policiais, verificaremos os locais necessários para fazer o procedimento, os horários adequados. Não adianta realizarmos barreiras de madrugada, quando não passa um carro. A idéia é que, até o fim de julho, todos os municípios da 8ª região tenham Consegs (Conselhos de Segurança). Isso auxilia muito o trabalho da Polícia Militar. O trabalho do Proerd também será intensificado, pois é um programa muito bom nas escolas.

Notisul – Qual o objetivo de intensificar as blitze no trânsito?
Norival
– Intensificaremos as blitze de trânsito com o intuito de orientar o cidadão. É lógico que, se o carro estiver com a documentação irregular, aplicaremos multas e agiremos com o rigor da lei. Outro projeto é trabalhar com operações conjuntas. Vamos promover reuniões freqüentes com Conselho Tutelar, Vigilância Sanitária, delegado regional, principalmente em operações após às 22 horas nos bares, para averiguar se há menores. Quero ter um cadastro de todos os bares da 8ª região para ter o controle. A polícia fará a revista do pessoal, cartilhas de orientação, operações que pretendemos fazer toda sexta-feira e sábado nos bares em toda a região.

Notisul – É um projeto pessoal que você colocará em prática?
Norival
– Creio que sim, mas eu ainda não tive a oportunidade de correr os bairros, faz pouco tempo que assumi. Faremos barreiras intensivas, é algo pessoal. Quero evitar o tráfico de drogas. Quem sabe a Polícia Militar possa ficar nos bairros durante todo o dia, montar barreira para averiguar quem entra e sai do morro, até cadastrar o pessoal. Nestes locais, vamos ter o pessoal da área secreta da Polícia Militar (P2) para fazer um levantamento das pessoas que vivem no morro. Trabalharemos em parceria com a Polícia Civil, acompanharemos os mandados de busca e apreensão. Creio que seja um meio de começar a diminuir o tráfico de drogas. Com certeza, esses bairros de maior risco terão um efetivo maior de policiais com viaturas.

Notisul – O senhor já admite algumas mudanças do trabalho?
Norival
– Daremos continuidade ao planejamento do coronel Edson Franzosi (ex-comandante), basta modernizar alguns projetos. Por exemplo, essas barreiras feitas das 16 às 18 horas, fazer blitze para conscientizar e punir quem esteja com documentação atrasada e sem habilitação para dirigir.

Notisul – Já pensa em um substituto para o seu cargo?
Norival
– Por força de lei, todo oficial que é promovido a coronel fica seis anos, daí depois ele se despede. O meu tempo de serviço no cargo é até o dia 4 de maio de 2010. Depois, pode ser que aqui em Tubarão, ou quem sabe o tenente-coronel seja promovido à minha função, mas tenho certeza que alguém virá para cá assumir o meu posto. Eu trabalhava na diretoria de saúde e promoção social em Florianópolis, toda parte de ações sociais, por exemplo, um policial que se acidentou em serviço: tudo o que ele gastar no processo de recuperação, o estado reembolsa. Tenho conhecimento porque fui o primeiro comandante do policiamento do sul do estado, que ficava em Criciúma na época, e ia de Imbituba até Passos de Torres – eram 42 municípios. Comandei o 9° Batalhão como tenente-coronel em Criciúma

Notisul – No seu comando à frente da 8ª região, qual o maior desafio a ser superado?
Norival
– O maior desafio é a redução de ocorrências, homicídios, furtos, tóxicos. Pretendemos prender mais criminosos, realizar mais ações policiais. A redução de ocorrência é o maior desafio do comando da 8ª região da Polícia Militar para poder dar maior segurança a todos.

Notisul – Em sua opinião, qual é a missão da Polícia Militar e como avalia o trabalho da PM?
Norival
– A missão da Polícia Militar é a prevenção. Como temos um número de ocorrências tão grande, precisamos de viaturas em locais próprios com os policiais fora da viatura. O criminoso não será ousado em realizar o assalto em frente a um policial. Porém, enfrentamos o problema com o baixo número de efetivo e de carros da polícia, o que torna difícil fazer a prevenção.

Notisul – Como a PM de Santa Catarina destaca-se no cenário nacional?
Norival
– Hoje, a PM de Santa Catarina atende a expectativa dos cidadãos catarinenses. Estamos entre as dez melhores do país em redução de homicídios, furtos de veículos. Praticamente todos os dias, apreendemos drogas. Precisávamos de mais gente, um quadro completo de policiais militares.

Notisul – Existe alternativa para sanar este problema?
Norival
– Teremos uma escola com dez novos soldados. Será mais um aumento de efetivo em Tubarão. Traremos soldados que estavam na reserva da polícia e estão voltando a trabalhar na função. Usaremos soldados temporários. Eles ficariam na parte burocrática, guarda de quartéis, telefonistas, enfim, seria uma questão de logística. A 8ª região receberá em torno de 40 policiais. Deste número, no mínimo 20 policiais ficarão na rua.

Notisul – Quais as novidades para atender as ocorrências na cidade?
Norival
– Tubarão receberá uma nova central de operações, emergência 190 para agilizar. É mais barato para o estado investir em policiais temporários do que em policial militar de carreira. A prioridade, a princípio, é fazer blitze nos bairros, escolher os que trazem mais risco à população, levar mais viaturas, apreender drogas e criminosos. Também manter contato com juízes e promotores para deixá-los a par do que ocorre em cada localidade.

Notisul – Como funcionarão as operações conjuntas?
Norival
– Reunir todos os segmentos de segurança, fazer parceria também com a Polícia Ambiental, Polícia Rodoviária, pois, na região de São Martinho, por exemplo, pode haver casos de transporte ilegal de madeira. Vamos buscar controlar menores em bares, conversar e verificar a questão de alvará. Dá para fazer um bom serviço em Tubarão, todos têm que colaborar.
Trabalhar na redução de homicídios. Hoje, se prende um traficante e surgem outros dois ou três lá dentro do morro. Temos que conscientizar o pessoal para fazer denúncia, anonimamente, ter uma equipe para gerenciar todas as denúncias.

Notisul – Qual a área que apresenta mais problemas na Polícia Militar?
Norival
– O problema é a falta de efetivo. Nosso quadro (Santa Catarina) deveria ser de 13 mil e temos apenas oito mil. Em todo o estado, haverá ainda este 700 novos policiais. Está em tramitação na assembléia um projeto para a contratação de novos policiais. Se esse número de 13 mil se confirmar, é um efetivo muito bom. Temos municípios com um policial apenas trabalhando por dia. São Martinho e Grão-Pará são exemplos. Não tem cabimento um policial apenas por dia de trabalho. O certo é colocar sete policiais. Dois por dia na viatura, um na parte operacional. O que ocorre é que, quando o policial sai para cobrir a ocorrência, a central de 190 fica fechada. Se o telefone toca, não tem ninguém para atender.

Notisul – Qual a solução?
Norival
– Se não resolver o problema de efetivo, vamos ter que colocar o telefone no siga-me, por exemplo, e buscar soluções. Isso é um trabalho do comando geral da PM no estado.