MPSC denuncia 22 pessoas que somariam mais de 500 crimes praticados

Conforme consta na ação penal ajuizada pela 13ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville, foram investigados os supostos crimes praticados envolvendo a F Coaching medicina, nutrição e estética entre 2017 e 2021.

Integrantes de uma suposta organização criminosa envolvendo diversos profissionais da área da saúde em Joinville que teriam praticado a venda, entrega e consumo de anabolizantes, hormônios e produtos fitoterápicos de forma irregular foram novamente denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

Esta nova denúncia da 13ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville é decorrente da Operação Venefica, deflagrada em 15 de agosto. A acusação foi protocolada em 5 de outubro e já foi recebida pela Justiça. Os envolvidos passam a ser réus em mais uma ação penal.

O grupo responde por comércio irregular de medicamentos – venda de produtos adulterados, impróprios e/ou sem respeito às normas sanitárias -, falsidade ideológica e exercício ilegal da Medicina, crimes narrados entre os 500 relatados na ação penal pelo MPSC.

Foram denunciadas 22 pessoas suspeitas de integrar um esquema liderado por um coach de emagrecimento e no qual medicamentos, até mesmo controlados, eram vendidos aos pacientes na clínica sem receita médica ou informações adequadas sobre a sua real composição.

Oito dos denunciados estão presos preventivamente no complexo penitenciário de Joinville e quatro estão em prisão domiciliar. Todas as prisões estão relacionadas a uma denúncia de organização criminosa oferecida no mês de setembro.

Segundo consta na ação penal pública, “o bando diariamente cometia muitos outros delitos, possibilitando, proporcionando e facilitando a distribuição de medicamentos com a participação de médicos que cediam suas assinaturas ou deixavam que fossem coletadas sem atenderem clinicamente o paciente”.

Além de médicos, farmacêuticas, nutricionistas, biomédicos e fisioterapeutas, integrantes da equipe administrativa da clínica também teriam cooperado para a prática dos crimes, ficando responsáveis muitas vezes pela compra dos medicamentos para o estoque na própria clínica.

Para a Promotora de Justiça Elaine Rita Auerbach, “essa denúncia é muito mais completa, pois ela narra pormenorizadamente como ocorriam essas vendas ilícitas, entrega e consumo destes produtos pelos integrantes da organização criminosa”.
Ela explica que “nesta nova denúncia o Ministério Público expõe as datas, local, como ocorria a prática delituosa, pacientes atendidos e por quem foram atendidos, o que foi vendido e quanto isso custou”.

Como atuavam  

Os nutricionistas, da mesma forma como fazia o coach de emagrecimento, estariam vendendo e entregando ao consumo ilicitamente medicamentos controlados com receitas falsas ou até sem receita.

As biomédicas e farmacêuticas também seriam responsáveis por parte da entrega e do consumo desses produtos, aplicando injetáveis como anabolizantes e hormônios dentro da clínica.

Sobre a participação dos médicos, a Promotora de Justiça ressalta que eles atendiam pouco na clínica e tinham a função de assinar as receitas que eram elaboradas pelos demais pessoas que lá trabalhavam.

Já a equipe da estrutura administrativa da clínica participava ativamente na busca por medicamentos nas farmácias de Joinville, Itajaí e Balneário Camboriú, principalmente de anabolizantes, para estoque e venda nas clínicas do grupo.

“Além das receitas que eram utilizadas para justificar as vendas dos manipulados aos pacientes, eram elaboradas receitas e assinadas pelos médicos com o objetivo de adquirir anabolizantes e outros medicamentos para manter um estoque da clínica. Isso oportunizava que o paciente, logo após ser atendido pelos nutricionistas e pelo coach, iniciasse o suposto tratamento de forma imediata com a aplicação injetável desses anabolizantes ali na clínica”, detalhou a Promotora de Justiça.