Jogador ou professor: quem ‘vale’ mais?

Milhões de Brasileiros estão vivendo dias de muita alegria e êxtase em virtude do resultado futebolístico do último final de semana, visto que um dos maiores times do Brasil, o Flamengo, foi campeão da Libertadores no sábado e do Brasileirão no domingo. Esse amor pelo futebol e por um time, segundo pesquisadores, é semelhante a uma paixão romântica da mais alta intensidade e muito comum na maioria das pessoas. Este sentimento está presente no Brasileiro que se considera o “mais apaixonado” por futebol, e também em outros países, na maioria Europeus, que também demonstram o mesmo fanatismo por seus clubes.

Por outro lado, há pessoas que são completamente indiferentes aos resultados das rodadas, dos campeonatos, da zona de rebaixamento, e muito menos interessadas e capazes de se recordarem do nome dos jogadores que ganharam o título de “mil novecentos e bolinha” com “tantos gols” em “tantas rodadas” e etc.

Quais desses grupos está certo? Ambos! Pois cada individuo reagem de forma própria, além do que cada um acaba tendo afinidade por diferentes tipos de esportes ou passatempos de lazer.

Acontece que em algumas situações os fãs acabam ultrapassando o limite da torcida para a “idolatria” de alguns jogadores ou times inteiros, chegando inclusive a fazerem loucuras para vê-los e por vezes até “tocá-los”. Para isso, chegam a passar noites inteiras em frente a hotéis esperando sua aparição, acompanham delegações pelo mundo todo, nem que seja necessário penhorar até mesmo os poucos bens familiares, e claro, comprando tudo relacionado ao time e a jogadores. 

Uma pesquisa rápida na internet indicava que esta semana o valor da camisa oficial do Flamengo era comercializada por R$249,99 nas principais lojas online, e não seria nenhuma surpresa se milhões de torcedores tenham a adquirido mesmo que parcelado a “perde de vista”.

Contudo, infelizmente não vemos a mesma devoção dos brasileiros quando o assunto é política e educação. Nestes casos, tudo acaba sendo caro, perda de tempo, e tantas outras desculpas quanto possíveis, mesmo que isso impacte diretamente no futuro dos seus filhos.

Acham que eu estou exagerando? Pois bem, reflitam quanto algumas indagações a seguir:

* Quando foi a última vez que você viu um político se ajoelhar em frente a um professor? Mas certamente você viu a cena de “um governador” tentando se ajoelhar em frente a um jogador para simular um “engraxar as chuteiras”!

* Quantos colegas que você conhece que tem orgulho em falar do seu time, mas nem atendem a uma ligação da escola quando o assunto é o desempenho escolar do seu filho?

* Quantos amigos que você conhece que gastam o que tem e o que não tem para comprar produtos de times, mas que reclamam em gastar uma pequena fração na compra de uniformes escolares? Que pagam até R$500 ou mais por um ingresso de final de campeonato mas acham um absurdo pagar R$10 para visitar um museu?

Poderia citar ainda o tempo dedicado para assistir jogos, mas a falta de tempo para acompanhar tarefas e reuniões escolares, dentre muitos outros exemplos. Mas estes já são suficientes para ajudar a responder a seguinte questão:

Quem é o responsável por fazer um jogador valer mais que um professor?

A resposta é bem simples: somos todos nós! Isso mesmo, somos nós que elevamos eles a um patamar de “santidade”, sem que o sejam.

Vamos continuar a curtir os jogos e torcer por nossos times, isso faz parte. Mas vamos tratar jogadores como pessoas comuns, com habilidades diferenciadas claros, mas mesmo assim continuam sendo pessoas como qualquer outra, e não “semideuses”. 

Torcida sim! Fanatismo não!