Fernando Antonio Viegas Delgado: “O potencial da cidade está no setor da saúde”

Foi vendo o trabalho do tio que o gaúcho Fernando Antonio Viegas Delgado também se decidiu pela medicina. Recém-formado, entrou em contato com profissionais da área em Tubarão à procura de emprego e, em pouco tempo, já estava instalado na cidade. Desde então se passaram 30 anos. Natural de Pelotas, aos 54 anos o anestesista agora se divide entre o trabalho de médico e a função assumida há pouco mais de um mês de diretor executivo da Socimed, hoje a maior pagadora de ISS no município, conforme mostrou o mais recente Anuário Econômico produzido pelo Notisul. Nesta entrevista, ele diz que trata os concorrentes como parceiros e que tem como meta – evita falar em deixar marcas como gestor – a ampliação do setor de maternidade do hospital.

 

Willian Reis
Tubarão

Notisul – A Socimed foi fundada com o objetivo de oferecer atendimento mais humanizado. Como isso se desenvolve no dia a dia?
Delgado – Quando se pensou em fazer a Socimed, a gente era um grupo, isso há 20 anos. Pensamos em criar um lugar para a gente trabalhar. Era uma ideia de um grupo de médicos de criar alguma coisa diferente. Começamos a pensar nas coisas e desenvolver o projeto. Fizemos algumas reuniões, até que começamos a idealizar um hospital, contratamos um arquiteto. E no início era fazer algo bonito, algo diferente para a cidade. A gente pensou nisso, e que os pacientes se sentissem bem. Aí tu começas a estudar, a desenvolver projetos, a aprender um pouco sobre gestão hospitalar, os objetivos. Claro que vem a humanização, a arquitetura hospitalar, a questão de processos, e tu vais delineando um caminho para o hospital. Começou com só com alguns setores abertos, com o tempo a gente foi implementando UTI, mais salas no centro cirúrgico, terminando a construção do hospital. Basicamente, a gente terminou o projeto inicial dele, como ele está hoje, há uns sete, oito anos.

Notisul – Ainda nessa questão, o atendimento humanizado já começa pela arquitetura, que não lembra a de um hospital.
Delgado – A melhor forma de traduzir o atendimento humanizado é o jeito que a gente gostaria de ser atendido quando vira paciente. A gente sempre pensou na parte leiga da história, quando a gente não está estudando a questão da gestão do hospital, humanização, esses conceitos que estão muito em moda. Tirando um pouquinho isso, como eu gostaria de ser atendido se eu fosse um paciente? Com o tempo a gente começou a usar ferramentas para chegar na humanização, na qualidade, na excelência do atendimento. Começamos a buscar certificados, a investir na formação de enfermeiros, de pessoas qualificadas para buscar esse tipo de conceito. Aí sim a gente começou a trabalhar de maneira profissional nessa área. Hoje a gente é profissional nisso, tem um setor de qualidade. Hoje nenhuma ação tomada ocorre sem estruturação e sem verificação do seu funcionamento. Tudo tem os nossos indicativos, os nossos gráficos. Tudo é avaliado.

Notisul – Os funcionários também passam por avaliação?
Delgado – Todo mundo. A gente está desenvolvendo um plano de metas para os funcionários, que vai estabelecer metas individuais e coletivas. Eles serão premiados ao alcançá-las. Essa parte começamos a implementar faz um mês. A gente trouxe a ideia de empresa moderna e que cobra dos funcionários, mas uma empresa democrática. Os funcionários têm metas para serem alcançadas, as metas que os donos colocam para nós. Sou diretor, mas sou funcionário dos donos. Tenho as minhas metas, e eu coloco isso para o grupo. Não trabalho sozinho.

Notisul – O senhor falou de formação dos funcionários. Quando eles chegam aqui, passam por alguma preparação para entrar na filosofia da Socimed?
Delgado – A gente incentiva que eles busquem aperfeiçoamento. O fato de trabalhar cinco, seis, sete anos aqui não garante ninguém dentro da empresa. Às vezes quem está aqui há seis meses é formado, tem vontade de crescer, demonstra interesse. Esse funcionário a gente ajuda. Temos um esquema de aperfeiçoamento, que começa com a coparticipação. A gente faz uma análise do funcionário, se vale a pena investir nele, estuda o quanto a empresa pode investir, em cima de seu fluxo de caixa atual. Sempre tem oito, dez funcionários fazendo pós-gradução em São Paulo, Rio de Janeiro, de coisas que a gente precisa para o hospital. A gente só estimula coisa de que o hospital tenha necessidade.

Notisul – Qual o diferencial da Socimed em relação aos outros hospitais? O que o senhor destaca?
Delgado – A gente já trabalhou muito com essa história de olhar o muro do lado. Eu tenho parado um pouquinho de olhar para o lado, estou olhando para dentro da empresa. Hoje trabalho com a minha estrutura de custo, com os funcionários. Não estou mais olhando o diferencial dos outros, estou olhando o que posso fazer e o que eu posso fazer melhor. Não quero me comparar, que o outro faz melhor, que o outro faz isso, quero fazer o que eu possa fazer melhor dentro das condições. Valorizar as qualidades e a vocação que o hospital tem, procurando desmitificar algumas coisas que se colocaram: a Socimed é um hospital com uma hotelaria muito bonita, mas só pode vir quem tem dinheiro, hospital de rico. Não. Qualquer um tem acesso. As pessoas estão vendo que isso aqui não é um hospital diferente dos outros. A gente tem a nossa vocação e a nossa cultura, que é tratar bem as pessoas. A gente está olhando para dentro da gente. Duas vezes por semana fazemos reuniões setoriais com os funcionários. Trazemos determinado setor para um café da manhã com toda a diretoria e conversamos com eles. Muita coisa a gente já mudou a partir da própria opinião dos funcionários. Dentro disso a gente coloca o que eles têm que fazer diferente, qual o acolhimento que se quer que eles deem aos pacientes.

Notisul – Quando o paciente chega aqui, o que encontra, qual tipo de atendimento vai receber?
Delgado – Às vezes não se consegue oferecer o que se quer. A gente quer que ele chegue aqui, na recepção seja acolhido de maneira perfeita, com funcionários sorridentes, que ele tenha acesso a todas as informações, que a internação seja rápida, que ela vá para o centro cirúrgico, e a cirurgia seja de maneira correta, que ele se recupere bem, vá para o quarto, que ele encontre tudo funcionando, televisão, frigobar. A gente não tem enfermaria. Ou tem apartamento ou quarto de dois, todos os quartos de dois têm ar-condicionado, TV, frigobar e direito a acompanhante 24 horas. Às vezes acontece uma falha, e é em cima dessa falha que a gente trabalha. No fim, o paciente responde uma pesquisa de satisfação. Deixamos que ele diga para nós que ocorreu tudo bem. Em 80, 90% dos casos, o paciente encontra isso. A gente está trabalhando para chegar ao 100%, esse é o trabalho diário.

Notisul – Mas, e quando há uma reclamação?
Delgado – A gente tem vários feedbacks do paciente: tem o normal, no SAC, em que o paciente responde uma pequisa de satisfação por escrito. Tem um segundo nível de pesquisa, em que uma funcionária diariamente vai nos quartos, pergunta como está, se ocorreu tudo bem, se tem alguma queixa. E tem o terceiro nível, que implantamos faz um mês. Eu e a gerente de Assistência, três vezes por semana, à tarde, sorteamos quatro pacientes e os visitamos. Me apresento e deixo eles falarem, deixo à vontade para fazerem as críticas. Acho esse terceiro nível o mais prazeroso. Desenvolvi uma vontade de contato com o paciente muito grande. A gente trabalha o dia todo aqui na sala, e lá eu vejo o resultado. Lá eu vejo o que não está dando certo. Isso aqui é uma empresa como outra qualquer, uma sociedade anônima, tem donos. A gente busca resultado. Eu busco o resultado financeiro no final do mês, tenho que pagar salário, quero distribuir lucros para os sócios, para os funcionários. Não concebo fazer distribuição de lucro para sócio, sem dar para funcionário. Vai ter participação de lucro, é uma questão de honra para mim. Os que alcançarem as metas vão ser premiados com uma porcentagem do salário, vai ser um pedacinho de um décimo quarto salário, duas vezes por ano. Graças a Deus, a gente não agrada todo mundo, porque a unanimidade é burra. A crítica tem que ter, a gente tem que baixar a cabeça e ouvir. Se não tiver a crítica, como é que a gente vai implementar melhor as coisas? Essa é a minha filosofia de trabalho aqui dentro.

Notisul – A medicina é uma área que está sempre mudando, sempre surgem novos equipamentos. Como fazer com o que o hospital esteja atualizado?
Delgado – Resultado. Se não tiver resultado, não posso investir. Para certas tecnologias, se faz cálculo de retorno. Muitas vezes a gente não tem o dinheiro em caixa para comprar determinado equipamento, mas sabe que vai dar algum retorno. Fazemos um cálculo de taxa de retorno e buscamos investimento externo, porque sabe que vai pagar e vai ter um retorno para a instituição. Atualmente a gente conseguiu fazer a maioria dos nossos investimentos. Estamos fazendo um leito de UTI neonatal, que em 15 dias vai estar à disposição dos clientes, para dar mais segurança nos nascimentos. É o embrião da nossa UTI neo, que, acho, é o projeto do ano que vem. Ter uma UTI, a maternidade voltar a funcionar de maneira mais pesada, aí, sim, trabalhar o parto humanizado. Não tem como negar essa mudança de filosofia em relação ao parto, tem que se adequar a ela.

Notisul – Por falar em parto humanizado, como vão lidar com as doulas?
Delgado – É uma questão de mercado, uma tendência que a gente não pode negar e virar as costas, porque tem que proteger as pacientes. Se elas não fizerem aqui, em breve estão fazendo o parto em casa. A minha ideia é propiciar que as pessoas possam fazer o parto natural dentro de uma instituição, protegidas. Quero dar condições para que elas possam fazer esse parto natural, dar um espaço, não dentro de um quarto cirúrgico. Ali elas podem trabalhar com as doulas, com as enfermeiras obstétricas, mas vai ter um médico perto, uma UTI neonatal, UTI adulto caso precisar. Vai ter toda a segurança de forma natural, e, se houver problema, tem uma rede de proteção por trás. Eu achava isso bobagem, mas a gente começa a ler e ver que o mercado caminha para isso, e como empresário tenho que acompanhar o mercado. A gente tem que entender para onde o cliente quer ir. Tem que acompanhar a vontade dele, senão ficamos engessados.

Notisul – Como a Socimed se relaciona com a cidade e com a região?
Delgado – Hoje, a Socimed tem 450 funcionários, temos, trabalhando no corpo clínico, por volta de cento e poucos médicos, temos uns 30, 40 contratos de terceiros. Hoje, a gente se relaciona da maneira de uma grande empresa da cidade. A Socimed é a maior pagadora de ISS do município. No foco de Tubarão hoje, em matéria de serviço, a saúde está em primeiro lugar. Isso a gente identificou como um potencial da cidade. O que a Socimed faz? Além de ser a maior prestadora de serviço, é um grande empregador. Hoje Tubarão tem a Socimed, tem o maior hospital de Santa Catarina, que é o Nossa Senhora da Conceição. A gente está chegando à conclusão de que tem que trabalhar juntos e vender Tubarão como um polo de saúde, por ter um hospital muito grande, onde todo mundo trabalha, todos nós somos do corpo clínico do Conceição, é basicamente um corpo clínico na cidade. Nós estamos todos juntos, e isso é diferente de outros municípios. Isso facilitou que a gente se tornasse muito forte em saúde, e é uma coisa que não se pode perder. Todo mundo vai ganhar. Todo mês a gente coloca a nossa folha de pagamento nas mãos dos funcionários, e eles vão para o comércio gastar. O retorno fica aqui. Todo mundo cresce. Esse polo de saúde vai ser bom para todos. A Socimed é uma parte desse polo, mas todo mundo pode trabalhar junto.

Notisul – Para a Socimed, então não é concorrência, são parceiros?
Delgado – Quando foi lançada a Socimed, quanto o Conceição cresceu, Modernizou-se? E a Socimed crescendo, quanto foi bom para a população? A concorrência existe, mas a gente é muito mais sinérgico que concorrente. A gente tem um relacionamento tão bom que, quando um precisa de alguma coisa, pede para nós, e o contrário também. Procuro trabalhar nessa linha, não entro nessa de concorrente, não entro nesse jogo, por mais que me puxem para ele. É um jogo que só tem perdedor. O jogo legal é o da parceria.

Notisul – A economia está em crise, mas parece que no último trimestre melhorou um pouco. E o setor da saúde como está?
Delgado – É o último a sentir sempre. Saúde é a última parte a sentir quando a economia está em crise. Em termos de mercado, todo mundo continua adoecendo, a doença continua ocorrendo, os planos continuam vendendo. Quanto mais a coisa está em crise mais tu precisas se prevenir. Na crise a gente sente uma diminuição na cirurgia plástica, é o supérfluo que a pessoa corta, o resto não. Na crise às vezes a ansiedade aumenta, aumentam os problemas cardíacos, os infartos, a depressão, às vezes aumenta a doença na crise.

Notisul – Qual é o perfil dos pacientes atendidos pela Socimed?
Delgado – A maioria é de Tubarão, e depois as cidades do entorno, Laguna, Imbituba, Braço do Norte. E pega desde Passo de Torres até Garopaba, Timbé do Sul, sempre há pacientes dessas regiões. A área mais procurada hoje é a da cardiologia. Setenta por cento das internações em UTI são de cardiologia: cirurgia cardíaca, angioplastias, trocas valvares. O centro cirúrgico é bem dividido, não tem uma concentração, mas a gente faz bastante ortopedia, cirurgia plástica, ginecologia obstetrícia, videocirurgias, cirugia geral, bariátricas, então é uma gama bem grande, não tem foco específico.

Notisul – E o corpo clínico? É da região, formado aqui?
Delgado – A gente tem a premissa de que o nosso corpo clínico é de médicos residentes em Tubarão. Normalmente o pessoal residente aqui é o que está no corpo clínico do Conceição, por a gente sempre acreditar que o corpo clínico é único, quem trabalha lá, trabalha aqui. Agora, a questão dos sócios, a nossa sociedade é anônima, tem ações no mercado para vender, qualquer pessoa pode comprar ações.

Notisul – Como aconteceu sua escolha para a diretoria executiva? Foi feita pelo conselho administrativo?
Delgado – A gente tem uma assembleia geral que escolhe a cada quatro anos um conselho de administração. É esse conselho que nomeia a diretoria. O diretor executivo é então nomeado para um mandato que dura enquanto o conselho de administração quiser. Até dois meses atrás, a gente tinha outro diretor executivo, mas o conselho achou por bem trocar e me colocar na direção. E eu na direção executiva montei um grupo gestor, com uma gerente de assistência, que cuida de toda a parte assistencial, um gerente administrativo, que cuida da área financeira, contábil, uma gerente de pessoas e processos, que trata da parte de estratégia, e há ainda uma gerente de qualidade. É esse grupo gestor que toca o hospital.

Notisul – Pode-se dizer que construir a UTI neonatal vai ser a marca de sua gestão?
Delgado – Não gosto dessa história de marca. Eu identifico algumas coisas que faltam no hospital. As crianças nascem aqui, mas não há um foco na maternidade. A partir do binômio mãe-bebê, quero estratificar os produtos disso, que vão ser: plantão obstétrico, UTI neonatal, banco de leite, parto humanizado, quarto de parto. Hoje nasce bebê aqui, mas não tem a gama de produtos que a gente pode obter em cima desse mercado. Eu quero desenvolver esse mercado, que é amplo. É o que falta no hospital. A partir disso o hospital está completo. O meu objetivo é o hospital estar completo, não é marca. E vou fazer as ações para obter resultado para quem me colocou aqui, que são meus sócios. É distribuição de lucro, é ter um hospital que funciona, é uma empresa.

Notisul – Agora falando um pouco de sua formação, o senhor sempre quis ser médico?
Delgado – Fiz faculdade em Pelotas, na Universidade Católica. Tinha um tio que se formou e veio trabalhar em Jaguaruna. Eu comecei a conhecer essa região aqui, e por causa dele resolvi fazer medicina. Na época eu quis fazer residência em anestesia, e a melhor residência na área era no Hospital Celso Ramos, em Florianópolis. Fiz prova para lá, fui morar em Florianópolis, fiz dois anos de residência. Por meu tio estar aqui na região, e eu conhecia o pessoal daqui, então eu procurei a cidade, quando estava terminando. Procurei o grupo daqui, tinha quatro anestesistas, acho, e perguntei se tinha trabalho. Aí tinha, vim trabalhar, começamos a desenvolver o grupo de anestesia, na época éramos em cinco. Hoje somos 15, 16, que trabalhamos todos juntos. Até um mês e meio atrás eu estava trabalhando só como anestesista. Eu era diretor financeiro, mas não trabalhava o tempo todo, de manhã e de tarde, na gestão.

Notisul – Mas continua como anestesista?
Delgado – Não, eu vou no centro cirúrgico das sete às oito da manhã, depois venho para cá (a sala da direção). Acho que daqui a uns dois meses vou conseguir dividir um pouquinho melhor o meu tempo entre a anestesia e a gestão.

Notisul – Esperava chegar ao cargo de diretor executivo? Houve uma preparação?
Delgado – Fui coordenador da Narco Clínica Médica. Sempre tive contato com a administração. A gente fez muito curso, muita coisa. Estávamos montando aqui o hospital, e eu fiz uma pós-graduação em administração hospitalar. Sempre estava interessado nas coisas da área. Então a questão da administração sempre esteve comigo. Não é uma novidade.

Notisul – Como o senhor avalia o futuro da medicina? Para onde ela está indo?
Delgado – A medicina vai ficar complicada. Muita faculdade, a oferta de médico vai ser muito grande, não sei como vai ficar o mercado. Vão ter que ser abertas novas frentes de trabalho. Será muito bom para quem é dono de serviço, porque terá muita mão de obra. Hoje tem faculdade de medicina em tudo quanto é lugar. Na época em que eu vim para Santa Catarina só tinha uma, hoje tem umas sete. O Brasil inteiro tem. É um mercado em transformação, muita tecnologia, mas muita gente para trabalhar. Como empresário eu vejo isso como coisa boa, mas como médico, não. Acho que o mercado vai ficar saturado. O mercado está muito estranho, porque tem muita gente se formando, fazendo medicina.

Notisul – Haverá alguma área que vai se destacar?
Delgado – As áreas são ondas. Tem época em que é a dermatologia, tem época em que é a cirurgia plástica. A coisa funciona meio de moda.

Notisul – Então, para se dar bem, mais do que nunca, deve-se ter algum diferencial, uma formação de qualidade?
Delgado – Acho que em qualquer área. Se não tiver formação, dedicação, expertise, diferencial, tu és atropelado, a juventude vem aí atrás, vai pegar teu lugar. Tem que estar em formação o tempo todo, a formação é o negócio. Tem que estar antenado. Não adianta dizer que não gosta de tecnologia, de computador, isso não existe. Estamos trabalhando em um projeto de assinatura digital para acabar com o papel. Somos o segundo hospital de Santa Catarina informatizado. Mas o primeiro que já nasceu informatizado foi a Socimed. O programa que se usa no hospital foi desenvolvido em Blumenau, e aqui foi o primeiro hospital novo onde ele foi instalado. Fomos o hospital-teste deles. A gente comprou e iniciou o hospital informatizado. No início houve muita resistência dos médicos, que estavam acostumados a fazer a prescrição no papel. Eram médicos mais antigos não querendo, consultando o Conselho Regional de Medicina (CRM), diziam “eu não sou obrigado!”, o CRM dizendo que é obrigado a usar, se a direção técnica manda. Hoje todo mundo faz. É a tecnologia, que vem chegando e nos atropela. E o custo dela é caro. Esse é o custo da medicina.