Expectativas da região: Enfim, Obama é presidente da ‘potência’

Tatiana Dornelles
Tubarão

Os refletores do planeta inteiro estavam voltados, ontem, a apenas uma pessoa, considerada a mais poderosa do mundo: Barack Obama – o 44º presidente dos Estados Unidos e primeiro negro a ocupar a cadeira mais alta daquele país. Ele foi empossado em frente a dois milhões de americanos.

Diante de um país abalado pela crise econômica, Obama garantiu que os problemas serão superados e que o estado da economia exige ações ousadas e rápidas. Além de devolver a esperança aos americanos, em frases de impacto e emocionantes, o novo presidente dos Estados Unidos trouxe ao mundo um sentimento de renovação no atual cenário mundial.

Na Amurel, lideranças políticas e empresariais, bem como especialistas, demonstram otimismo com a posse de Obama na maior potência mundial. Para o secretário de desenvolvimento regional em Tubarão, Jairo Cascaes (DEM), ele deve trazer verdadeiras mudanças ao planeta todo. “Obama tem o pensamento de um democrata. Isto leva a crer que teremos mudanças no mundo e no Brasil”, considera Jairo.

A expectativa, contudo, gira em torno do fim da crise. E o mundo inteiro espera por dias melhores. O prefeito de Laguna, Célio Antônio (PT), aposta em modificações. “A expectativa é que os Estados Unidos saiam da crise. Se não saírem, continuaremos em crise também. Gostei da estratégia de Obama quanto à união nacional. Foi algo acertado”, afirma.

O prefeito de Imbituba, José Roberto Martins (PSDB), acredita que “os desafios são grandes e delicados: restabelecer a paz e dar curso à economia mundial”. E arremata: “Ao vencer as eleições, Obama quebrou conceitos, rompeu culturas e é desta forma que torcemos para que continue sua caminhada, que trará reflexos em todo mundo”.

O gerente de exportação da empresa MB Molduras/MB Exportação, Evaldo Niehues Junior, de Braço do Norte, diz que Obama é a aposta dos clientes da empresa. “Veio para mudar, implementar o plano bilionário de ajuda a empresas, principalmente no setor automobilístico, para aquecer a economia e não haver demissões”.

Para o vice-presidente da Itagres, Murilo Bortoluzzi, o seu mandato pode ser bom para o Brasil. “Ele se interessa por fontes energéticas alternativas, ter um discurso social que pode se afinar com o de Lula”, diz.

Especialistas da região são céticos com Barack Obama
Amanda Menger
Tubarão

Tanto o dia 4 de novembro de 2008 quanto 20 de janeiro de 2009 entrarão para os livros de história. E não é para menos. A primeira data, por ser o da eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, e a segunda por ser a posse. Mas, também poderão ser símbolos de uma expectativa que pode ser frustrada ou confirmada. “Obama começa um mandato muito esperado. Mas o que exatamente esperamos? Para mim, Obama é uma incógnita. O discurso é muito bonito, mas quero ver ele colocar em prática o que vem falando, ainda mais porque em muitas áreas ele não tem especificado quais serão as suas ações”, avalia o economista João Antolino Monteiro, de Tubarão.

O clima do início de governo não poderia ser melhor. Obama tem altos índices de popularidade. “A população está ao lado dele. Porém, nem tudo são flores. Ele pega os Estados Unidos em um momento horrível. Estima-se que a crise atual seja pior do que a de 1929. Não só os americanos, mas o mundo inteiro espera muito dele”, afirma a professora de história da América, Marilda Coan.

Para o economista, resolver o problema da crise é o maior desafio do novo presidente americano, contudo, poderá ter reflexos negativos no Brasil. “Ele poderá combater a crise cortando gastos e isso implica em importar menos e o Brasil é um dos países que mais vende para eles. Para gerar empregos, os americanos terão que investir na produção e no mercado interno e poderão deixar de investir em outros locais”, analisa João.

O economista afirma que, por outro lado, a economia brasileira pode ser beneficiada. “Isso dependerá da forma como Obama pretende tratar as relações comerciais com a América Latina. Ele pode incentivar parcerias e a formação de um bloco econômico realmente forte e que seja positivo não apenas para os americanos”, observa João.

A professora de história defende a realização de reformas profundas. “Essa crise é uma questão estrutural, não adianta querer resolver questões pontuais, isso só muda o contexto. O que precisa é mudar a base, encontrar, inclusive, outra forma de produzir, porque a economia interfere em outras áreas como a política e a cultura”, sugere Marilda.