Entrevista – Diogo Demarchi, Secretário de Estado da Saúde

Foto: Reprodução das mídias - Divulgação: Notisul Digital

No início do mês de junho, Carmen Zanotto deixou o comando da Secretaria de Estado da Saúde e seu adjunto, Diogo Demarchi, assumiu a pasta. Ao assumir o cargo, ele declarou seu compromisso em seguir as diretrizes do governo e ampliar os serviços de saúde, dando continuidade ao trabalho que já vinha sendo realizado, organizando com planejamento, monitoramento e inovação, desde a atenção primária até os níveis de média e alta complexidade, abrangendo a melhoria da qualidade dos hospitais.

Natural de Florianópolis, o atual secretário graduou-se em Redes de Computadores pela Faculdade Estácio de Sá, possui diversas especializações, principalmente na área de saúde pública, e, atualmente, está concluindo o mestrado em saúde coletiva.

Desde 2008, atua como servidor público, iniciando o trabalho na área de saúde pública e em todas as etapas de sua vida profissional, seu foco sempre foi a área de atuação relacionada ao planejamento, atenção primária, redes de atenção e saúde digital.

A Coluna conversou com o novo secretário para saber mais sobre seus projetos e o andamento das ações na área da saúde. Confira.

Pelo Estado – Logo que foi oficialmente anunciado como secretário, o senhor deixou claro que iria dar continuidade aos projetos iniciados pela ex-secretária Carmen Zanotto. Quais são esses projetos em andamento atualmente?

Diogo Demarchi – Importante destacar que não houve uma mudança de governo. Seguiremos os projetos iniciados pela deputada Carmen Zanotto, por determinação do governador Jorginho Mello, descentralizando serviços e evitando que os pacientes precisem fazer longas viagens. Seguimos com as obras em todos os hospitais próprios, ampliação de serviços, abertura de leitos tanto de enfermaria quanto leitos de UTI. Desde 2023, abrimos 183 leitos de UTI, entre adulto e infantil, e devemos ultrapassar os 200. Além disso, estamos com seis hospitais que passaram a atender pelo SUS.

Além dessas ações, temos várias outras em andamento, como o programa voltado às pessoas com doenças raras, pessoas com deficiência, a interlocução com os municípios, o apoio para a atenção primária, estruturação de programas com os consórcios intermunicipais de saúde para a execução de consultas e exames de média complexidade. Também estamos aprimorando a saúde digital, com a expansão da telessaúde e da rede de dados estaduais em nosso território.

Pelo Estado – De acordo com o último informe epidemiológico, Santa Catarina tem 245 óbitos em decorrência de dengue em 2024, fora os casos que ainda estão sendo investigados. Como estão as ações de combate à doença pelo Estado?

Diogo Demarchi – As ações estão acontecendo desde 2023 com o plano de contingência, destinação de mais de R$20 milhões em recursos aos municípios e investimento em campanhas publicitárias.

Para este ano estamos organizando outras ações:

Oficina de estratificação de risco – MS/OPAS,

Oficina de Plano de Contingência para regionais de saúde, Capacitar profissionais de saúde em manejo clínico da dengue.

Disponibilizar materiais informativos sobre o Aedes aegypti e fluxograma de manejo clínico da dengue em formato digital e impresso.

Capacitar as vigilâncias epidemiológicas regionais em investigação de óbitos por arboviroses.

Capacitação EAD/presencial de ACEs para as ações de controle vetorial.

Realizar o II Seminário Estadual de Arboviroses em Santa Catarina.

Campanha de Recolhimento de Pneus Inservíveis – 2º Semestre 2024

Capacitação de técnico agrícolas para novas metodologias de controle vetorial/MS.

Pelo Estado – Recentemente, o Governo do Estado anunciou uma série de investimentos em hospitais por Santa Catarina. O senhor consegue traçar um panorama da atual situação dos principais hospitais catarinenses?

Diogo Demarchi – Seguimos avançando nas obras dos hospitais próprios estaduais, que em sua imensa maioria estavam há mais de 10 anos sem nenhum tipo de intervenção adequada nas suas estruturas, trazendo ambientes insalubres aos pacientes e aos funcionários. Desde 2023 estão previstos mais de R$ 58 milhões em recursos para as obras. Foram assinados diversos contratos para projetos como instalações elétricas, sistemas de distribuição de ar, substituição de telhados, modernização de elevadores e reparos estruturais.

Entre os investimentos em reforma realizados pela atual gestão, destaque para novas salas de espera do Hospital Infantil Joana de Gusmão e da Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis; a nova enfermaria do Hospital Regional de São José; o novo bunker do Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON) e a emergência do Hospital Tereza Ramos, em Lages.

Além dos hospitais que pertencem a rede própria do Estado, estão sendo investidos mais de R$ 221 milhões em convênios para obras na saúde. São unidades espalhadas em diversas regiões, como o novo Hospital de Palhoça, a construção de nova torre no Hospital São Vicente de Paulo, em Mafra; reformas no Hospital e Maternidade Jaraguá, em Jaraguá do Sul, e no Hospital Universitário Santa Terezinha, em Joaçaba. Ainda estão sendo beneficiados o Hospital Santa Antônio, de Blumenau; o Complexo de Saúde de Itapema; o Hospital da Sociedade Beneficente de Maravilha; o Hospital Maicé, de Caçador; o Hospital e Maternidade Oase, de Timbó; o Hospital Azambuja, de Brusque; e a Associação Beneficente Santa Terezinha, de Braço do Norte.

Pelo Estado – Qual o balanço atual do principal plano de ação da secretaria desde o início da gestão de Jorginho Mello, que é o programa para zerar a fila de espera por cirurgias eletivas no Estado?

Diogo Demarchi – Até maio deste ano foram realizadas 452.205 cirurgias, sendo 178.408 de emergências, 91.469 ambulatoriais oftalmológicas e outras 182.328 cirurgias com internação. Também tivemos um avanço nas cirurgias oncológicas em que atualmente 80% dos pacientes realizam o procedimento em até 60 dias após o diagnóstico, percentual que em 2022 era de apenas 48,5%.

Num comparativo entre os meses de janeiro a maio de 2022, para o mesmo período deste ano, o crescimento é de mais de 70% nas cirurgias eletivas com internação.

Conforme a determinação do governador Jorginho Mello, daremos seguimento e aprimoraremos as ações em andamento, em especial, abrangendo procedimentos dos quais existe historicamente uma dificuldade maior na execução, como procedimentos da ortopedia, de alta complexidade e da urologia.

Além disso, vamos avançar no Programa de Valorização dos Hospitais, que passou a contar com 147 hospitais, anteriormente eram 115. Além de aportar mais de R$ 670 milhões na sua execução. Esse programa vai ser aprimorado ao longo do tempo para que possamos avançar na realização dos serviços.

Outro importante anúncio foi a Tabela Catarinense de procedimentos cirúrgicos eletivos que irá pagar até 12 vezes o valor da tabela SUS, de acordo com a produção dos prestadores de serviços e refletindo também na valorização dos profissionais.