Chuvas em Santa Catarina: Aposentado pede ajuda para terminar sua casa

Amanda Menger
Tubarão

As chuvas de novembro deixaram um rastro enorme de destruição, isso não apenas no norte do estado, mas em Tubarão também. Este é o caso do aposentado Debrandino Ponciano, 82 anos, e da esposa Adília Rosa Ponciano, 78. A casa de madeira em que os dois moravam na rua João Fernandes, no bairro Congonhas, ficou destruída com as chuvas e os ventos.

“A minha casinha era bem velhinha e, com a chuva de pedras de gelo, ficou destruída. A situação só não foi pior porque uma das minhas filhas construiu uma meia-água em um lote mais abaixo, que é meu. Mas a casa está no ‘osso’, só tem as paredes e o telhado e corre o risco de cair. Quando chove, tem muitas goteiras”, conta o aposentado.

Alguns dos 11 filhos do casal resolveram ajudá-los a construir uma nova residência. Debrandino conseguiu auxílio de outras pessoas e levantou uma nova casa. “Mas ainda falta muita coisa: não tem janelas, nem portas, falta a parte elétrica, encanamento, banheiro, contrapiso. Nem eu ou meus filhos temos mais condições de ajudar”, relata Debrandino.
A situação é ainda mais grave porque o salário mínimo recebido de aposentadoria é consumido entre alimentação e remédios, já que a esposa de Debrandino, Adília, tem dificuldade de locomoção e problemas cardíacos. “Tentamos aposentá-la por idade, mas disseram que não era possível porque ela nunca contribuiu com o INSS”, conta ele.

Segundo a assessoria de imprensa do INSS, mesmo para a aposentadoria por idade precisa de contribuição de no mínimo 180 meses, ou seja, 15 anos. “Ela teria que começar a pagar hoje e só daqui a 15 anos aposentar-se. A lei não possibilita que ela pague esses atrasados de uma vez só. Além disso, como o marido recebe aposentadoria, a renda per capita do casal é de meio salário mínimo. Se fosse de um quarto do salário mínimo, ela poderia aposentar-se por ser de família carente. Porém, não se encaixa neste quesito”, explica a assessoria.

Aposentadoria se reduz a cada ano

Alcebíades Fernandes da Silva é aposentado desde 1991. Por mais de 30 anos, trabalhou como encarregado na empresa Incosesa. Há 18 anos, recebia 3,5 salários mínimos. Hoje, ele ganha algo em torno de 2,5. A perda de um salário mínimo faz diferença nas contas. “Cada vez a gente ganha menos. O governo dá aumento para o salário mínimo e não repassa o mesmo índice para a aposentadoria. Isso é injusto com quem trabalhou a vida inteira”, queixa-se Alcebíades.

O aposentado tem esperança que o projeto de lei 58/2003, do senador Paulo Paim (PT/RS), seja aprovado na câmara dos deputados. “O senado já aprovou. Agora precisa passar pelos deputados. Pode ser que seja votado dia 18. Se isso ocorrer, o aumento dado ao salário mínimo será repassado automaticamente aos aposentados que ganham mais do que o mínimo”, explica Alcebíades, que também é vice-presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Tubarão e Região.
A vinculação do reajuste do salário mínimo às aposentadorias evitará que o montante recebido pelo trabalhador tenha uma desvalorização ainda maior. “Essa é uma luta não apenas nossa, mas também daqueles que estão na ativa. Eles serão aposentados em alguns anos”, afirma Alcebíades.