Chegar à velhice é uma dádiva

No Dia Nacional do Idoso (hoje), desejamos a essa grande parcela da população tubaronense (11.585 indivíduos, segundo o IBGE), votos de saúde e alegria de viver.
Sabe-se que nos últimos 60 anos, devido aos métodos contraceptivos mais eficazes, a taxa de natalidade (mundial) diminuiu; em contrapartida, o último século foi marcado pelo grande avanço da medicina, com inovações que permitiram o prolongamento da vida. Em função disso, a população idosa aumentou em larga proporção. Não basta, porém, ter anos de vida a mais do que tínhamos no século passado, há que se ter mais anos de saúde preservada, para que se possa desfrutar da vida plenamente.

O envelhecimento é um processo de alterações degenerativas em vários sistemas funcionais, comprometendo as capacidades visuais, auditivas, motoras e intelectuais. Diante do envelhecimento da população, muitas ações de saúde se voltam para a manutenção da capacidade funcional da pessoa idosa, com reforço nos hábitos saudáveis, de forma que permaneça com autonomia, prolongue sua independência e adie o processo de fragilidade. A fragilidade constitui-se em componentes de envelhecimento fisiológico, que determinam redução da capacidade da pessoa de funcionar de maneira independente, sem necessitar do auxílio solidário ou cuidado de terceiros.

Um dos geriatras mais importantes da atualidade, o norteamericano Thomas Perls (IV Fórum da Longevidade, Rio de Janeiro, julho/09), diz que a saúde na velhice depende da forma como o indivíduo viveu na juventude. Lembra que nenhuma máquina ou medicamento faz milagres e que, apesar da genética privilegiada de alguns, a grande maioria depende da construção de bons hábitos em sua trajetória. Além dos fatores já conhecidos, como não fumar, beber moderadamente, exercitar-se pelo menos 30 minutos por dia e usar protetor solar, é preciso “ensinar” coisas novas, instigantes e desafiadoras para o cérebro.

Igualmente importante é ter uma vida espiritual relevante, manter amizades e bons relacionamentos e ter uma postura mais relaxada diante das adversidades. Recomenda, ainda, a diminuição de carne vermelha, pelo excesso de radicais livres, e, muitíssimo importante, o uso do fio dental para evitar a proliferação de bactérias que podem entrar na corrente sanguínea e provocar inflamações arteriais que podem levar ao infarto e ao derrame.

Há que se mudar, também, a nossa postura em relação ao idoso, para que possamos respeitá-lo como pessoa que muito tem a contribuir com a sociedade, pela bagagem de conhecimento e experiência acumulada durante a vida.
Já não cabe ver o idoso como aquela pessoa que ficou largada na frente da televisão, de pijama e chinelos, que não lê, não faz exercícios, não se cuida, e culpar a velhice pela a sua inatividade.
A atriz Bibi Ferreira, no alto dos seus 87 anos, quando questionada sobre o segredo de ainda estar assim ativa, ainda colhendo tantos aplausos, ela disse: “Meu lema é continuar sempre em movimento, sem parar de experimentar a vida”. (Revista Cláudia/Ago, 2009).

Concluindo, é necessário colecionar boas atitudes, acumular hábitos saudáveis – como uma poupança para a velhice – se queremos chegar aos 90 anos com a nossa capacidade funcional preservada, ativos, independentes, úteis à sociedade. Afinal, chegar à velhice é uma dádiva que tem que ser aproveitada e não um fardo a ser carregado.