Adiantamento de verbas para integrantes da Liga Forte deve auxiliar também em reforços

A XP Investimentos, assessorando a Liga Forte Futebol, iniciou nos últimos dias o pagamento antecipado de verbas para 11 clubes que fazem parte desse bloco. Esses valores são referentes a um acordo firmado por essas equipes com as gestoras de investimentos Serengeti, dos Estados Unidos, e Life Capital Partners, sediada em Curitiba.

A XP Investimentos assumiu a responsabilidade de emprestar o dinheiro nesse momento, uma vez que os fundos estrangeiros ainda precisam superar trâmites burocráticos para efetuarem os pagamentos. Na semana passada, Cuiabá, Cruzeiro, Coritiba, Juventude e Fortaleza foram os primeiros clubes a receberem seus respectivos depósitos. Os valores referentes a Botafogo, Vila Nova, CRB, América-MG, Ceará e Fluminense serão repassados ainda nesta semana.

Os montantes dos depósitos variam para cada clube, apresentando uma margem entre R$ 4 milhões e R$ 44 milhões. Dessa forma, todas as equipes tiveram a opção de antecipar 40% da quantia prevista para a primeira parcela, no caso dos clubes da Série A, enquanto os times da Série B puderam receber 20% antecipadamente.

Contudo, alguns clubes optaram por não receber esse adiantamento. Dirigentes de algumas agremiações preferiram receber um percentual menor, buscando assim reduzir a exposição a possíveis dívidas futuras.

Essa operação de crédito viabilizada pela XP foi realizada com os clubes oferecendo receitas futuras provenientes do Campeonato Brasileiro como garantia de pagamento. Essa medida foi adotada pela Liga Forte Futebol como forma de assegurar seus integrantes, especialmente diante da possibilidade de alguns deles migrarem para a Libra, como ocorreu nos casos do Atlético-MG e Sampaio Corrêa.

A antecipação de verbas representa uma estratégia importante para os clubes manterem a estabilidade financeira, especialmente em um cenário altamente competitivo e desafiador como o do futebol brasileiro. Assegurar recursos antecipadamente proporciona maior segurança para que os clubes possam investir em contratações, infraestrutura, e outras melhorias, sem depender exclusivamente da receita futura dos campeonatos.

 

<h2>Divergências na criação de Liga Única separam os clubes brasileiros</h2>

As últimas movimentações em relação à criação de uma liga única no Brasil têm apresentado divergências entre os grupos envolvidos, praticamente encerrando a possibilidade de um acordo conjunto. Atualmente, existem mais duas frentes distintas além da Liga Forte Futebol: Libra e Grupo União.

A Libra é composta por 16 clubes, sendo nove da Série A e sete da Série B, incluindo Atlético Mineiro, Flamengo, São Paulo, Palmeiras e outros. Essa frente visa atuar como um bloco de negociação em conjunto dos direitos de televisão dos jogos do Campeonato Brasileiro.

Por outro lado, a LFF possui 25 equipes, oito da elite do futebol brasileiro e 17 da segunda divisão, contando com clubes como Fluminense, Internacional, Ceará e Fortaleza. Essa frente também busca ser um bloco de negociação dos direitos comerciais do campeonato.

O Grupo União, formado por Botafogo, Coritiba, Cruzeiro e Vasco, surge como uma terceira opção e acredita na criação da Liga, estabelecendo princípios para seu desenvolvimento, como governança exclusiva dos clubes e critérios de Fair Play Financeiro. A presença do Botafogo, líder do campeonato e favorito a conquista do Brasileirão da Série A em 2023 segundo as melhores casas de apostas esportivas, tem auxiliado esse grupo a obter melhores condições na negociação.

As principais divergências entre os grupos envolvem a diferença no valor recebido entre clubes de maior e menor receita, além do número de votos para aprovação de matérias em conselho. Enquanto a LFF preza por uma disparidade máxima de 3,5 vezes na receita, a Libra trabalha com uma diferença de 3,9 vezes. Quanto aos votos, a Libra exige unanimidade, enquanto a LFF busca dois terços dos votos.

Os investidores também têm papel fundamental nesse cenário. A Libra fechou acordo com a Mubadala Capital, fundo dos Emirados Árabes, para a comercialização dos direitos de televisão. Os membros da Libra têm a opção de receber adiantamento do grupo árabe em troca de uma porcentagem nos direitos comerciais pelos próximos 50 anos. Já a LFF e o Grupo União firmaram contrato com a Serengeti Asset Management e a Life Capital Partners, oferecendo uma quantia adiantada em troca de 20% dos direitos comerciais.

A divisão das cotas de transmissão separadamente por cada grupo pode levar a diferentes emissoras ou empresas de streaming detendo os direitos comerciais de partidas em que seus clubes sejam mandantes.

Diante desse cenário e das divergências, a criação da liga única no Brasil ainda está longe de se tornar realidade, deixando em aberto o futuro dos direitos de transmissão do futebol brasileiro pelos próximos anos. O entendimento e a consistência do produto, em conjunto com a busca pelos interesses dos clubes, são fundamentais para o desenvolvimento saudável do esporte no país.