A Unisul no ranking das universidades: o que faltou dizer

Na segunda-feira da semana passada, dia 8, foi amplamente divulgada a tão esperada lista das Instituições de Ensino Superior Brasileiras. A divulgação teve ampla repercussão no meio universitário e na imprensa. Este ranking pretende apontar um indicador de qualidade para instituições e servir de referência para os alunos e sociedade.

Como todo processo novo, sobre o qual ainda não se dominam todas as informações, precisa ser lido, traduzido e compreendido, sob pena de não conseguir cumprir seu papel de ampla divulgação e transparência, que todo o processo de avaliação deve ter. Sob esta ótica, faltou dizer algumas coisas:
1. Foram três as listas divulgadas: (a) o ranking das universidades; (b) o ranking dos centros universitários; (c) o ranking das faculdades isoladas.

Pela mesma razão que não se pode comparar uma nota de um vestibular com uma nota de monografia, qualquer tentativa de agrupar os resultados em uma única lista é absolutamente equivocada. As universidades foram avaliadas por aquilo que possuem de diferente das demais instituições, como a pós-graduação, só para citar como exemplo. Não se compara universidade com um centro universitário. Trata-se de instituições com diferentes propósitos.

2. O Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC), cujo valor varia de 0 a 500, é um indicador que computa a qualidade da graduação pelo CPC (Conceito Preliminar de Curso) e da pós-graduação pela nota Capes. O CPC é o resultado de três variáveis: (1) o Enade (40%), prova que tem o objetivo de aferir o rendimento, as habilidades e competências dos alunos ingressantes e concluintes dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, composto por questões referentes à formação geral e específica; (2) o Conceito IDD (30%), que tem por objetivo aferir as habilidades acadêmicas e as competências profissionais desenvolvidas pelos seus estudantes comparando ingressantes e concluintes; e (3) as variáveis de insumo (30%), que extrai do Censo da Educação Superior e de respostas ao questionário socioeconômico do Enade informações do corpo docente, infraestrutura e programa pedagógico.

3. No cálculo do IDD de 2007, em virtude das áreas avaliadas (1) já estarem no seu segundo ciclo de avaliação, tomou-se por base o ingresso dos alunos, no caso, 2004. As IES que não prestaram Enade em 2004 – caso da Unisul – ficaram, portanto, sem conceito, logo, com evidente prejuízo. A não participação da Unisul no Enade 2004 se deu por decisão da Acafe, que à época decidiu que suas universidades associadas não participariam deste processo, tendo em vista que tinham acabado de optar por outro modelo de avaliação. Hoje, universidades como USP e Unicamp também optaram por não participar do ranking. Isto não as torna menos conceituadas. (Continua na edição de amanhã).