Início Entrevistas “Tudo foi estudado para elaborar o nosso plano”

“Tudo foi estudado para elaborar o nosso plano”

 

Antônio César da Silva Laureano, o Tono, como ele prefere, tem 45 anos, é lagunense do bairro Magalhães e pedagogo formado. Nascido em uma família de comerciantes, começou a trabalhar cedo, aos 11 anos. Até os 18 foi garçon e copeiro. Como seu pai era pescador, também exerceu esta atividade. Depois foi comerciante do ramo de construção e de alimentos. Largou tudo, comprou uma carreta e foi ganhar a vida na estrada. Tinha 25 anos quando um acidente o colocou 21 dias na UTI. Ficou um ano e três meses em uma cadeira de rodas. A prematuridade também é observada na vida pessoal. Aos 22 anos já era casado e tinha dois filhos. Hoje tem quatro. Da boleia, ele ingressou na vida pública. Atualmente cumpre o terceiro mandato como vereador.
 
 
Mirna Graciela
Laguna
 
Notisul – Como você ingressou na vida pública?
Tono – Era caminhoneiro e tinha sofrido um acidente. Estava em recuperação em casa, quando fui eleito presidente da Associação de Pais e Professores de uma escola. O trabalho na associação, me pediram apoio na candidatura do (ex-deputado) Júlio Garcia na campanha estadual. Ele foi bem votado na minha localidade. Pouco tempo depois recebi a proposta para ser candidato a vereador, isto em 1999. Acabei como o primeiro suplente do partido. Assumi interinamente em função do falecimento de um colega. E desde então estou no legislativo. Também fui secretário de obras, na gestão do Adilson Cadorin. Fiquei seis meses nesta função e afastei-me para a reeleição como vereador. 
 
Notisul – Por que o senhor colocou seu nome à disposição para ser prefeito de Laguna?
Tono – Primeiro porque conheço Laguna com a palma da minha mão. Segundo porque vi a realidade do povo quando fui secretário de obras, e sei das necessidades das pessoas. Por último porque amo a minha cidade. Já tive oportunidade de trabalhar fora, mas não fui por acreditar na minha terra. 
 
Notisul – Caso seja eleito, qual será a sua primeira atitude?
Tono – Criar as sub-prefeituras, nos bairros. Serão cinco, para cobrir toda a cidade. Uma ficará no Mar Grosso, porque é a região de maior movimento no verão. Esta região é o futuro da cidade e, por isso, precisa desta estrutura para manter a urbanização o ano todo, não apenas na temporada. De modo geral, faremos desta forma para que a população tenha acesso mais facilitado à prefeitura. Nosso objetivo é dividir o município para diminuir os problemas das comunidades. Os moradores do Canto do Ribeirão, do Canto do Farol, por exemplo, receberão uma assistência mais rápida. As prioridades serão apontadas pela comunidade, que vai escolher o representante da sub-prefeitura e estabelecer as suas metas.
 
Notisul – Com a criação das sub-prefeituras, não haverá um aumento nos gastos públicos? 
Tono – Elaboramos todo o nosso plano em cima de dados criteriosos, obtidos por meio de informações e análises das reais necessidades da população e das condições do município. De forma alguma haverá aumento nos gastos públicos. Muito pelo contrário. Com a criação das sub-prefeituras não haverá contratação de servidores, mas sim uma melhor distribuição do pessoal. Algumas secretarias serão extintas. Tudo foi discutido e elaborado com profissionais que contratamos das áreas de engenharia e contabilidade.
 
Notisul – De que forma foi elaborado o plano de governo, como chegaram a esta projeção?
Tono – Realizamos nosso plano de governo com a comunidade. Foram feitas 36 reuniões. Nada foi feito dentro de uma sala, de porta fechada. Com base no que coletamos em cada canto da cidade, amadurecemos as ideias e formamos o plano. Por isso que resolvemos descentralizar a prefeitura. Claro que existem áreas nas quais isso não será possível, mas os eixos de saúde, educação e atendimento público, por exemplo, serão resolvidos na própria localidade do morador. Em paralelo, cada sub-prefeitura terá uma infraestrutura própria. Esta ideia (das sub-prefeituras) é a menina dos meus olhos. Isto dividirá o poder com a comunidade, que terá autonomia para ajudar seu bairro crescer.     
 
Notisul – Na sua opinião, o que faltou ser feito no atual governo?
Tono – Para analisar os oito anos desta administração, também é preciso falar sobre os anteriores. Na gestão do Adilson Cadorin, tivemos falhas na execução de obras, com falta de atenção nas estradas. E o pior: oito meses de folha de pagamento atrasado. A esposa dele é hoje a candidata a vice do Everaldo (dos Santos – PMDB), e na época foi secretária de saúde, uma área que deixou muito a desejar. Nestes últimos oito anos, a minha avaliação também é negativa. Estradas não existem em Laguna. O que temos são buracos, mas não há descontentamento dos salários, estão sempre em dia. A verdade tem que ser dita. A secretaria de educação, por exemplo, tem 60% de aprovação do povo, conforme pesquisas que fizemos. Na gestão do Cadorin, o percentual era o mesmo, mas de rejeição. Não estou dizendo que o Célio (Antônio – PT – atual prefeito) foi bom, porque acho que ele não foi. Mas a erva daninha cresce há dez anos, ou seja, antes dele. Acredito que podemos fazer duas vezes melhor do que os dois antecessores fizeram.  
 
Notisul – Na sua opinião, quais os seus concorrentes mais fortes. Como os avalia?
Tono – Acredito que a Tanara Cidade (PT) e o Everaldo dos Santos (PMDB) são os concorrentes mais fortes. Acho que temos que aproveitar esta oportunidade para mostrar para o povo que nós somos a mudança. Não estou aqui para criticar os dois, mas é fato que eles não representam a mudança que Laguna precisa. A Tanara é a continuidade e o Everaldo quer voltar para um passado amargo (época de Cadorin, ex-prefeito), com folhas de pagamento atrasadas e muitos problemas. A mudança, hoje, chama-se Tono Laureano.
 
Notisul – E a saúde de Laguna, quais são os planos?
Tono – Temos o projeto de criação das Unidades de Pronto Atendimento (Upas) 24 horas. Vamos ter o que for necessário de meios de transporte, como ônibus, para levar as pessoas para fora quando precisarem de atendimento. Mas pretendemos comprar o que pudermos de equipamentos para reforçar o setor e fazer com que o povo receba atendimento na cidade. Estas são as prioridades.
 
Notisul – E o que pode ser feito na educação?
Tono – Ônibus de graça para quem faz faculdade fora de Laguna. Somente quem é pai sabe o quanto é triste ter que pagar todo mês, porque já tem os custos da universidade. Esta será uma das primeiras ações. Laguna é a única cidade da região onde o estudante tem que pagar para se deslocar para Tubarão e cidades vizinhas. Em Jaguaruna, Imaruí, Garopaba, Imbituba, por exemplo, é gratuito. Além deste projeto, um dos maiores desejos é a implantação da escola integral, com professores especializados, onde a criança ficará o dia inteiro em atividade. Assim, qualificamos a educação, evitamos a ociosidade e impediremos que nossas crianças e adolescentes envolvam-se com a criminalidade. A arma será a caneta e o lápis. Vamos seguir a linha do governo federal, de ampliar a educação. Laguna tem condições, pelo que vimos no orçamento, de aplicar este projeto na rede municipal. Vamos colocar em prática, também, o projeto da casa-creche, que será o segundo lar dos pequeninos.
 
Notisul – Não tem como falar de Laguna sem citar o turismo. O que está planejado nesta área?
Tono – Temos que ter uma nova visão, criar uma política pública específica para o turismo. Laguna merece coisa melhor. O nosso projeto deve receber bem o visitante, ter guias para mostrar a cidade. É preciso melhorar o acesso aos pontos turísticos. O Morro da Glória, por exemplo. Minha ideia é criar um parque ecológico, com a abertura de trilhas. Atrativos é o que mais tem em Laguna, o que falta é estrutura. Ainda temos o Carnaval, que tem que ser reestruturado, para que as famílias voltem a participar da festa. Laguna é uma das únicas cidades do estado que tem Carnaval para todos os gostos, o problema é que é mal organizado. Laguna é conhecida pela festa de Momo, mas as escolas de samba não têm barracão, são desvalorizadas. Dentro do plano de governo, criamos o projeto ‘Turismo o Ano Inteiro’, onde pontuamos 82 eventos diferentes entre janeiro e dezembro. São festas que não são exploradas, como a de Nossa Senhora dos Navegantes, de Iemanjá, eventos esportivos e mais um monte de coisas interessantes, que atrairão público e irão gerar renda.
 
Tono por Tono
Deus – Pai eterno.
Família – Tudo, minha base.
Trabalho – Sem ele não há como fazer algo para o povo de Laguna.
Passado – Lições para construir um futuro melhor.
Presente – Trabalho, muito trabalho.
Futuro – 25, o seu prefeito de Laguna.
 
"Laguna é deficiente em relação ao trânsito, que está caótico no centro. A solução é criação de um terceiro acesso, como foi feito em São José, na Grande Florianópolis, e outras cidades turísticas. Este projeto é a longo prazo e terá, claro, que ser melhor estudado. O que temos de colocar na cabeça das pessoas, é que existe como desenvolver a região norte do município, asfaltando a região da Barbacena. A segunda opção para expandir a cidade é criar um acesso ao norte, culminando com a avenida Castelo Branco até a praia do Sol, na divisa com Imbituba. Precisamos fazer esta interligação, porque a SC-100, entre a balsa e o Camacho, em Jaguaruna, é asfaltada. O Farol de Santa Marta terá acesso pavimentado também. O governo do estado já anunciou que vai executar o restante do projeto da Interpraias. É preciso que Laguna esteja preparada para este novo futuro turístico. E o município tem condições, por meio da esfera federal, de acelerar este processo. Os moradores merecem este investimento, que garantirá o nosso futuro".
 
"Minha ideia é criar uma secretaria de projetos especiais, para viabilizar recursos sem mexer nos cofres públicos.”
 
“Após o acidente, concluí, de fato, que não há diferença entre um e outro. Somos todos iguais.”
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