Tempus Veritatis: polícia de Laguna identifica esquema milionário de corrupção nas eleições 2024

FOTOS PCSC Divulgação Notisul

A Delegacia de Investigações Criminais (DIC) de Laguna concluiu a Operação Tempus Veritatis, uma das maiores investigações da sua história, revelando um sofisticado esquema de corrupção eleitoral nas eleições municipais de 2024. O inquérito, solicitado pelo Ministério Público, com cerca de 5.000 páginas, reuniu provas técnicas e testemunhais que indicam crimes graves como compra de votos, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Esquema organizado movimentou R$ 1,7 milhão durante eleições

Após meses de trabalho intenso, a equipe da DIC ouviu 70 pessoas, analisou celulares apreendidos e investigou 55 possíveis crimes eleitorais e conexos. A operação revelou três frentes de atuação:

  • Financeira: movimentação suspeita de R$ 1,7 milhão, incluindo R$ 734 mil transferidos por um empresário.

  • Operacional: distribuição de dinheiro em espécie e uso de imóveis como centros logísticos.

  • Material: entrega de materiais de construção e vales-alimentação em troca de votos.

As análises financeiras identificaram incompatibilidades patrimoniais superiores a 17.000% em alguns investigados, além da manipulação de registros financeiros para evitar alertas de fiscalização.

“Sítio do Checo” foi usado como central de distribuição de dinheiro

Uma denúncia anônima revelou que o chamado “Sítio do Checo”, em Pescaria Brava, teria sido alugado para armazenar e distribuir mais de R$ 2 milhões, envolvendo pré-candidatos do MDB e PP. As investigações apontam para a participação de um ex-deputado, seu assessor e um policial militar no esquema de compra de votos.

Durante as diligências, a Polícia Civil encontrou:

  • R$ 18 mil em espécie no carro com Nilson Coelho Filho (PP), preso na semana das eleições de 2024, quando era candidato a vice na chapa do MDB;

  • Materiais de campanha e R$ 450,00 com outro candidato a vereador;

  • Um simulacro de arma de fogo no veículo de investigados;

  • Celulares e documentos, alguns danificados para ocultar provas.

14 pessoas foram indiciadas por corrupção, associação criminosa e “caixa 2”

Entre os 14 indiciados estão empresários, advogados, servidores públicos, candidatos a prefeito e vereadores. Eles poderão responder pelos crimes de corrupção eleitoral (Art. 299 do Código Eleitoral), associação criminosa e falsidade ideológica eleitoral, popularmente conhecido como “caixa 2”.

O inquérito foi finalizado e encaminhado à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral, que tomarão as providências legais. A DIC Laguna reforçou seu compromisso com a proteção da democracia e a transparência do processo eleitoral na cidade.