Walkman: há 40 anos mudando a forma de ouvir músicas

João Antunes Jr/Divulgação/Notisul
João Antunes Jr/Divulgação/Notisul

Encontrar pessoas na rua, no transporte público, ou até mesmo em casa utilizando fones de ouvido se tornou tão comum que ninguém mais estranha, pois poderá estar curtindo suas músicas prediletas, ouvindo Podcasts, Podbooks ou ainda estudando para provas por meio de áudio books. Tudo isso é possível graças a popularização dos atuais smartphones com seus players de áudio (APPs) e os tão famosos no início dos anos 2000, os tocadores mp3 (já entrando em desuso). Nestes poderosos “gadgets” com suas baterias de longa duração e recarregáveis associados a uma internet “quase omnipresente”, podemos criar nossas próprias “playlists”, sejam de música ou conteúdo, e usufruí-las quando, onde e como quisermos. As novas gerações estão tão “imersas” nestas tecnologias que nós mais “velhos” presenciamos situações até engraçadas, como o que aconteceu comigo recentemente. Há alguns dias liguei um velho radinho a pilha, e meu filho de 5 anos olhando para o aparelhinho tocar uma música acabou perguntando: “Pai, você baixou isto?”. Ainda não sabe o que significa, mas está claro que ele já pertence a geração “streaming”!

Smartphones são tão desejados hoje pelos adolescentes para usar os serviços de streaming de música / filmes, mídias sociais e mensageiros instantâneos, quanto o “avô” destes players era há 40 anos. O marco inicial foi o lançamento do primeiro tocador portátil de fitas K7 em meados de 1979 pela Sony, o “Walkman”, e a história da sua criação foi motivada pelos mesmos anseios que se tem hoje, que é a possibilidade de ouvir sua própria playlist, quando e onde quiser.

Embora haja controversas para quem realmente cabe o credito da invenção, é aceita uma versão na qual conta que Masaru Ibuka, um dos fundadores da Sony, queria ouvir suas músicas favorita em som estéreo com fones de ouvido durante as suas viagens de negócio e não tinha como, assim, sugeriu à engenharia da empresa que criassem um produto para tal, e daí surgiu o primeiro protótipo baseado em um dos modelos de gravador portátil da empresa, porém, apenas com a função de reprodução. E em 1º de julho de 1979 era lançado no mercado Japonês o Walkman modelo TPS-L2, mesmo com alguns vendedores achando que não teria sucesso, pois utilizava fitas K7 e não tinha a opção de gravação como era o “padrão”.

Porém, o sucesso foi imediato tanto no Japão quando no restante do planeta a partir dos anos de 1980, inclusive no Brasil. Para se ter uma ideia da força da palavra “Walkman” (registrada pela Sony) esta passou a ser associada a todos os tocadores portáteis de fita cassete, independente do fabricante, e inclusive chegou a ser registrada no dicionário Oxford de língua inglesa em 1986. Mesmo com a chegada dos tocadores de CD (discman) no início dos anos 1990 e posteriormente dos MD (minidisc), o “Walkman” se manteve na liderança por mais de 2 décadas, só perdendo espaço quando da chegada dos tocadores mp3 o início dos anos 2000, como o iPod e similares. 

Seja em fitas K7, cartões de memória digital, nos smartphones ou em outra mídia que ainda vai ser inventada, a portabilidade de músicas é uma realidade que veio para ficar, e como já ocorria na década de 1980/1990, o desejo de ganhar de presente no natal um tocador portátil, seja ele um “walmkman moderno” ou um celular, sempre existirá. Coloque seus fones de ouvido, e curta o som!

Playlist antes do “streaming”

Montar uma playlist a partir de serviços de streaming (spotify, deezer, prime music, dentre outros) é tão simples e prazeroso, que a “geração streaming” por vezes tem dificuldade em entender como nós, mais velhos, vivíamos antes destes aplicativos! A verdade é que também podíamos fazer isso a partir de discos de vinil ou mesmo a partir do rádio, bastava “apertar o REC” e gravar nossas músicas prediletas em fitas K7 e depois ouvi-la no Walkman. 

É fato que muitas vezes no meio daquela música especial, gravava-se junto a vinheta da rádio para nosso desespero. 

Educação a Distância e as fitas K7

Com a popularização dos tocadores (portáteis ou não), e especialmente do acesso fácil e barato às mídias (fitas cassete – K7), além da criação das próprias playlists de músicas, outros serviços puderam ser melhor aproveitados e escalados, como os primórdios da educação a distância, em que antes do surgimento da internet, os cursos a distância utilizavam como material didático os impressos complementados por aulas em áudio (fitas K7).

Versão Brasileira

Embora na história mundial a invenção do walkman esteja associada à Sony, houve uma briga judicial para que se reconhecesse como o primeiro aparelho portátil o “Stereobelt”, inventado pelo germano-brasileiro Andreas Pavel. Pelas informações disponíveis na internet, consta que chegaram a um acordo financeiro de valor não declarado publicamente.

Registro um agradecimento especial ao meu amigo João Antunes Jr. que nos presentou com a ilustração deste texto, e deixo aqui um convite especial para que você conheça algumas das suas criações acompanhando o seu perfil em: https://www.instagram.com/antunesketch/