Criatividade ou repetibilidade

Na última semana, dedicamos este espaço para reproduzir algumas das ideias apresentadas pelo professor e palestrante Luis Rasquilha, no encontro do último dia 15, com os alunos do “MBI em Educação para o Profissional do Futuro”, onde o mesmo abordou o tema tecnologia e educação.
Hoje, dando continuidade no compartilhamento do grande aprendizado que tivemos naquela noite, vou dedicar este texto para apresentar algumas das falas do outro palestrante, o humorista e empreendedor Murilo Gun.

Para quem o conhece e o acompanha pelas redes sociais sabe o quanto extrovertido e despojado ele é, de tal modo que já subiu ao palco arrancando aplausos com uma tirada humorística, e verdadeira, do quanto os candidatos se apresentam em entrevistas de emprego de forma cuidadosa e meticulosamente pensada repetindo padrões pré-estabelecidos pela sociedade, muitas vezes agindo como se fossem “robozinhos”.

E foi neste contexto que ele, Murilo Gun, discorreu sua apresentação, questionando o porquê exigimos dos nossos filhos e também de nossos alunos, respostas prontas e padronizadas, não dando muito espaço para a criatividade. A resposta não é simples e deve ser buscada a mais de 200 anos atrás com a criação do modelo de escola ainda presente hoje.

A educação como conhecemos e reproduzimos foi criada durante a segunda revolução industrial e visava, entre outras coisas, como que numa linha de produção, receber de um lado os novos estudantes e fazer com que passassem por diversas salas (séries) como um produto passa por uma esteira, qualificando-os com conteúdos padrões, gerando comportamentos padrões, buscando respostas, para quando este se “formasse” (sair da esteira) um trabalhador que irá desempenhar suas atividades também com resultados previsíveis e padrões.

E hoje, como são nossas aulas? Será que mudaram este “padrão” ou ainda continuamos a exigir de nossos educandos respostas prontas e sem espaço para que eles possam demonstrar sua criatividade?

Ainda há um mito que a criatividade é só para artistas e que as pessoas nascem com ela como se fosse um dom, mas isso é só uma meia verdade. Sim, as crianças nascem muito criativas, mas ao longo da vida delas, em especial nas escolas, podamos todas as tentativas de mantê-la e aprimorá-la, e Abraham Maslow já afirmava que “O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. O homem criativo é o homem comum do qual nada se tirou”.

Assim, em um mundo de mudanças rápidas e nunca antes presenciadas, não é mais com trabalhos repetitivos que iremos sobreviver, pois para estes casos os robôs são muito melhores do que nós, humanos. O que nos difere das máquinas é exatamente a criatividade e a capacidade de imaginar.

E não será a primeira vez que isto ocorrerá, pois na história do homo sapiens, uma espécie frágil e lenta que seria facilmente exterminada por outros predadores, só sobreviveu e dominou o planeta graças à sua capacidade de imaginar coisas, desde como melhorar a coleta de alimentos e até mesmo como se proteger de ataques de animais ferozes. E com o passar do tempo, estas criações nos trouxeram ao mundo que conhecemos.

Então, num planeta cada vez mais dominado pelas máquinas e pela tecnologia, é mais do que necessário que possamos preparar nossos filhos e alunos para lidar com esta nova inteligência artificial, mas acima de tudo, torná-los verdadeiramente humanos, imaginativos, criativos, e que saibam conviver com outras pessoas também no meio físico e não somente no virtual.

Murilo Gun

Murilo Dantas Correia de Araújo, ou simplesmente Murilo Gun, foi um dos pioneiros da Internet brasileira, empresário e comediante, já foi apresentador de TV em programas de comédia, e foi um dos poucos empreendedores selecionados para participar de um programa de dez semanas na Nasa Research Park, no Vale do Silício, na Singularity University. Atualmente, é palestrante sobre criatividade, inovação e empreendedorismo e criou o curso Online Reaprendizagem Criativa.