Usuários de crack : Bebê é retirado da guarda dos pais

Rafael Andrade
Tubarão

O crack faz novas vítimas todos os dias no Brasil. Em Tubarão, esta realidade é cada vez mais assustadora e revoltante. Um bebê de quatro meses foi retirado da guarda de seus jovens pais esta semana, encaminhado a uma família acolhedora e passa por um intensivo tratamento de saúde.

Durante os nove meses de gestação, a mãe do menino, usuária de crack, passou noites em claro. Vagava pela rua e ficou dias sem se alimentar. Ainda no útero, o bebê já sentia o ‘poder’ destrutivo da droga que chegava aos seus vasos sanguíneos facilmente. O pai também fumava crack, na maioria das vezes ao lado da mãe.

Após o parto, no início de abril, no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, houve a desconfiança de médicos e enfermeiros de que a mãe seria uma usuária de drogas. A criança nasceu com peso inferior ao de costume e precisou de atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Os exames apontaram que o bebê teve hidrocefalia (água no cérebro). Esta é uma doença que necessita de tratamento intensivo, disponibilidade de tempo e cuidados adequados dos pais – fato que não poderia ser cumprido pelos pais biológicos da criança.

O Conselho Tutelar e a vara da família, órfãos, infância e juventude da cidade foram acionados para atender o caso. Os pais, que continuam a fumar crack, cigarros e ingerir bebidas alcoólicas, perderam a guarda provisória do bebê. Hoje, com quase cinco meses, a criança corre sérios riscos de ficar com sequelas devido à hidrocefalia ou até mesmo vir a óbito. A doença tem como sintomas apneia, bradicardia, fontanela tensa, veias do escalpo dilatadas, formato do crânio globóide e aumento do perímetro cefálico (vários centímetros em poucos dias).

O que é hidrocefalia?

É o acúmulo anormal e excessivo de líquor dentro dos ventrículos ou do espaço subaracnóide. É tipicamente associado com dilatação ventricular e aumento da pressão intracraniana; pode ocorrer em crianças (diversas faixas etárias) ou adultos, tendo causas específicas. O contato com o crack facilita muito o aparecimento desta doença.

Como se trata?

Utilizam-se medidas para fazer o escoamento desse excesso de líquor ventricular com a adoção de válvulas para drenagem. Geralmente, usa-se um cateter do cérebro ao peito, que suga este líquido. Existem algumas medicações que fazem baixar a produção liquórica (acetazolamida), porém, nem sempre tão eficientes.

Outro caso envolvendo crack

Um outro jovem casal usuário de crack segue em liberdade após ter espancado um bebê desde o nascimento até o terceiro mês de vida, também em Tubarão. O resultado dos maus-tratos foi a cegueira de um dos olhos do menino e a perda provisória do movimento das pernas. O caso foi noticiado com exclusividade pelo Notisul no início de maio.

O bebê foi encaminhado à adoção. Um parente próximo à criança está com a guarda provisória e já entrou com pedido de guarda permanente. Hoje, o bebê está com quase seis meses e não corre risco de morte. A delegada Vivian Garcia segue colhendo informações que possam indiciar os pais da criança por lesão corporal e até mesmo tentativa de homicídio, já que eles mergulhavam o filho em um vaso sanitário e desferiam socos e pontapés.