Troca de acusações: “Eles chegaram batendo”, diz nômade

Amanda Menger
Tubarão

Volnei da Silva, 33 anos, nasceu em Tubarão e, junto com a esposa, os seis filhos e alguns outros parentes viaja de cidade em cidade. Ele está acampado próximo à rodoviária há seis meses. Para manter a família, vende quadros e outros produtos artesanais.

Segunda-feira passada, por volta das 16 horas, ele foi preso pela Guarda Municipal. No boletim de ocorrência, consta desacato a autoridade e ameaças de morte. O nômade alega que apanhou dos guardas e mostra diversos hematomas pelo corpo.
“Eu tinha bebido umas três ou quatro latinhas de cerveja e estava brigando com a minha mulher. Os guardas chegaram batendo. Estavam com uma barra de ferro e com um bastão. Tenho até uma marca da bota deles na coxa. Tenho problemas de osteoroporose e estou todo dolorido”, diz Volnei.

O artesão diz que os guardas bateram nele na frente dos filhos. “Eles me jogaram no chão e nem se importaram de tirar as crianças. Tenho seis filhos, a mais velha tem 14 anos e o mais novo 3. Me pegaram pelos cabelos e esfregaram o meu rosto no chão. Ainda estou com a marca no nariz”, conta Volnei.
O nômade foi levado pelos GMs até a Central de Polícia Civil. “Lá, eles registraram um boletim de ocorrência contra mim e disseram que eu tinha sido preso por atacar o radar. Na Central, me indicaram um advogado. Vou esperar para ver o que faremos”, afirma o artesão.

Diretor da GM rebate a denúncia

As acusações do artesão Volnei da Silva, 33 anos, de agressão por parte de guardas municipais, é vista com contrariedade pelo diretor da instituição, Adailton do Livramento. Segundo ele, o artesão ameaçou os GMs, inclusive de morte.

“Dois guardas estavam com o radar móvel na rua Padre Geraldo Spettmann e avistaram um princípio de incêndio em uma barraca. Ao se aproximarem, foram informados que era uma briga de casal e os filhos apagaram as chamas com água. Eles voltaram ao trabalho e em seguida o nômade atravessou a rua e veio na direção deles com um pedaço de pau ameaçando que iria matá-los”, afirma Adailton.
Segundo Adailton, não é a primeira vez que os GMs são ameaçados. “Outra vez, jogaram pedras no radar. Além disso, sabemos de outras reclamações sobre as atitudes dos nômades”, conta o diretor.

Os guardas chamaram reforço para conter o homem. “Foi difícil contê-lo, porque ele estava bastante nervoso. Ele foi levado à Central de Polícia Civil e foi registrado o boletim de ocorrência. No auto de prisão, constam informações sobre as queimaduras que ele já apresentava na perna”, revela Adailton.