Réus são condenados em júri

Natália Zago Marcolino e Fábio Souza Machado possuíam envolvimento amoroso. Na foto em detalhe, a vítima.
Natália Zago Marcolino e Fábio Souza Machado possuíam envolvimento amoroso. Na foto em detalhe, a vítima.

Mirna Graciela
Tubarão

Após 22 horas de julgamento no fórum de Tubarão, marcado por momentos de tensão, revolta – especialmente da família – e fatos inusitados, os réus Natália Zago Marcolino, 54 anos, e Fábio Souza Machado, 33, receberam a condenação.
Os dois tiveram envolvimento na morte do vendedor José Dionísio da Silva Marcolino, 50 anos, em 2006. A sessão iniciou às 9 horas de quarta-feira e se estendeu até às 7h30min de ontem. Na época, a vítima havia se separado da acusada há cinco meses.

Em júri popular e com a sentença do juiz, Natália foi condenada a 17 anos de prisão, com início da pena em regime fechado e Fábio a seis anos, em regime aberto (liberdade). Ambos tinham uma ligação amorosa.
Foi negada à ré o direito de recorrer em liberdade e considerada necessária sua prisão preventiva para garantir a ordem pública (principalmente aos seus filhos). O seu advogado chegou a pedir o adiamento da sessão, com a alegação da manifestação de familiares e amigos da vítima, solicitação não acatada pelo juiz.

“Acredito que a verdade predominou. Apesar do processo arrastar-se por cinco anos, em função dos réus usarem de recursos protelatórios para prolongar a impunidade, nós sentimos agora um pouco mais de paz. Com isto, honramos nosso pai”, desabafou a filha da ré, Denise Zago Marcolino.
A posição de Denise é compartilhada com seu irmão Danilo Zago Marcolino e demais familiares, que, juntamente com amigos, marcaram presença com camisetas padrão e faixas.

Sessão foi tumultuada e com atitudes inesperadas

Cinco testemunhas de defesa de Natália Zago Marcolino, 54 anos, foram ouvidas, a maioria colegas de cela no período em que ela ficou presa. Uma delas, a pedido do promotor, será indiciada por falso testemunho, já que o seu depoimento foi totalmente confuso e tendencioso.

O réu Fábio Souza Machado, 33 anos, confessou todos os detalhes para a execução do crime e a participação de Natália como a mandante. Após a leitura da sentença e o término da sessão, aplausos de satisfação foram ouvidos.
Neste momento, a irmã da condenada tumultuou o plenário e ameaçou familiares da vítima, quando foi calada pelo juiz e advertida caso continuasse. A sessão foi presidida pelo juiz Elleston Canali e teve como promotor Fabrício José Cavalcanti.

Os réus já passaram um tempo na prisão pelo crime

O vendedor José Dionísio da Silva Marcolino, 50 anos, foi morto com cinco tiros ao atravessar a rua, quando chegava na pensão onde estava hospedado, no bairro Dehon, em Tubarão. Ele tinha se separado de Natália Zago Marcolino há 5 meses. O crime ocorreu no dia 25 de maio de 2006, às 19h30min.

Os disparos foram feitos por dois homens que o aguardavam em uma motocicleta, em local privilegiado. Segundo as investigações, o caroneiro foi quem atirou. O condutor era Fábio Souza Machado, 33 anos, julgado ontem.
José Dionísio foi morto pelas costas e o último tiro, após ele se virar, atingiu o peito, o que lhe impossibilitou defesa. Ele foi levado ao Hospital Nossa Senhora da Conceição, mas não resistiu e faleceu no mesmo dia.

Uma terceira pessoa envolvida no homicídio, outro homem (o caroneiro), foi julgado ano passado e condenado a 12 anos de prisão. Hoje, cumpre o restante da pena em liberdade, conquistada por ser réu primário. Uma parte pagou na prisão.
Durante a investigação, os três tiveram a prisão temporária decretada em junho de 2006. Após pedidos de revogação e habeas corpus, foram soltos.