Professora do RJ torturada por 12 horas teme que ex-companheiro seja solto

Durante 12 horas, a professora Rosana Louzada, de 36 anos, foi torturada pelo ex-companheiro. Com a possibilidade de que ele seja solto, Rosana disse que este é o momento mais difícil de toda a sua vida. A mulher, que já havia sido agredida diversas vezes, afirmou que foi espancada inclusive durante a gravidez, quando já estava com 7 meses de gestação.

“Ele chegou a me levantar pelo pescoço com uma mão só. Eu cheguei a segurar na mesa e o que estava em cima caiu e quebrou os copos. Ele me bateu também porque os copos haviam quebrado e estava fazendo barulho durante a madrugada”, contou Rosana.

“Eu cheguei a me urinar. Ele me fez abaixar e limpar. Eu cheguei a escorregar na minha própria urina. Eu sujei a parede e ele me fez limpar”, acrescentou a vítima falando sobre as agressões durante o período em que estava grávida.

O resultado das horas de terror foi perder parcialmente a audição de um dos ouvidos. A docente afirmou que advogados de defesa do ex-companheiro, Davidson da Silva, tentam descaracterizar o crime de tortura para tentar um habeas corpus na Justiça.

Rosana, que agora luta para manter o ex- companheiro na prisão, acredita que será morta caso ele seja solto. Apavorada, a mulher disse que não dorme ou come direito. Ela também vive um período de provação pessoal, lamentando a surdez parcial e o extremo a que tudo chegou.

“Ele destruiu a minha vida, destruiu os meus sonhos, destruiu tudo o que eu tinha de melhor. Tirou de mim o meu emprego, a minha alegria, e agora ele está tirando a minha liberdade. Não tenho paz com medo dele ser solto e vir atrás de mim para me matar.”

O processo e a investigação do caso não chegaram ao fim. Mas enquanto ambos tramitam, novas sequelas na vida da professora surgem todos os dias. Em alguns momentos, ela relata que não consegue escutar quando os filhos falam com ela.

“Às vezes, eu estou em casa e os meus filhos falam comigo e eu não escuto. Não é uma coisa temporária. Estou com meu tímpano perfurado, tenho que fazer um tratamento. Foi constatado pelo perito do IML [Instituto Médico Legal] que mesmo que meu tímpano feche, eu perdi minha audição. Parte da minha audição não vou recuperar.”

‘Colecionador de vítimas’, diz delegada

Responsável pela investigação do caso, a delegada Fernanda Fernandes, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, afirmou que o acusado é um “colecionador de vítimas” por já ter agredido outras ex-companheiras.

“Esse agressor já vem colecionando vítimas. Todas que passam por ele, as reais e virtuais, porque ele já teve relacionamento virtual, foram vítimas de violência doméstica”, afirmou a delegada.

Fernandes pediu a conversão da prisão de Davidson da Silva de temporária para preventiva. Além disso, ela afirmou que ele também foi indiciado pelos crimes de cárcere privado, ameaça e tortura.

“A vítima está com muito medo dele ser solto. E caso ele seja solto, ela que vai ficar presa. Porque ela vai ou para um abrigo, ou vai sair do estado. Porque ela vai praticamente trocar de lugar com o agressor. Ele vai para a rua e ela vai presa”, afirmou.