“Não tinha como ser diferente”

 A arma de brinquedo e o dinheiro foram apreendidos   - Foto:Polícia Militar de Tubarão/Divulgação/Notisul
A arma de brinquedo e o dinheiro foram apreendidos - Foto:Polícia Militar de Tubarão/Divulgação/Notisul

Tubarão

Após a morte do adolescente de 17 anos que, junto com seu comparsa, de 19, praticaram um assalto na Padaria Passarela, no bairro Monte Castelo, em Tubarão, dois inquéritos foram abertos – um pela Polícia Militar e outro pela Polícia Civil. O assalto ocorreu na noite desta quinta-feira, por volta das 20h30min. O rapaz não acatou a ordem de parada quando fugia do estabelecimento e apontou uma arma para um policial militar, que revidou com disparos.
 
“Este é um procedimento padrão e, após a conclusão dos inquéritos, quem vai se pronunciar é o Ministério Público”, afirma o comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar de Tubarão, tenente-coronel Giovani Silveira do Livramento. Conforme o comandante, o policial militar que atirou continua no exercício de sua função, pois agiu em legítima defesa, em um confronto e, mesmo que estava de folga, possui autorização para usar a arma. 

“Treinamos para isso, para preservar a vida. Quando alguém não obedece e não se entrega para acatar uma ordem da polícia, é necessário adotar o uso progressivo da força. Não tinha como ser diferente”, explica Livramento. As estatísticas apontadas por ele são alarmantes. Entre 60 e 70% dos adolescentes, em Tubarão, que se envolvem em delitos, possuem ligação com o tráfico de drogas e 40% não têm o ensino fundamental. “Na maioria dos casos, há um adulto por trás, pois não existe impunidade para os adolescentes. Somente quando cometem um crime grave, um homicídio por exemplo, é que são encaminhados para um Centro de Atendimento Socioeducativo. Lamentavelmente não existe um trabalho adequado de recuperação”, expõe o comandante.

O assalto
O adolescente e seu comparsa saíam da padaria, após praticar um assalto, quando um policial militar a paisana ordenou que parassem. Eles não obedeceram e o rapaz apontou a arma para o policial, que revidou com dois disparos. Ainda assim, a dupla fugiu em uma motocicleta e caiu minutos depois. O adolescente morreu no local e o outro foi preso. Foram encontrados o dinheiro e a arma, que era de brinquedo. “Era um simulacro, muito semelhante a uma arma de verdade. Não teria como o policial militar distinguir, jamais. Tanto é que na padaria, os funcionários ficaram em pânico e entregaram o dinheiro”, aponta o comandante.