Médico é indiciado por morte de bebê de cinco meses após atendimento em hospital de Chapecó

Um médico de 56 anos foi indiciado pelo homicídio doloso de um bebê de cinco meses em Chapecó, no Oeste catarinense. A morte ocorreu no dia 7 de setembro do ano passado, após atendimento pelo profissional, e o inquérito foi concluído na quinta-feira (3). Para a Polícia Civil, houve negligência.

Segundo o delegado Tiago Escudero, responsável pelo caso, da certidão de óbito, consta que a causa da morte foi sepse, também conhecida como infecção generalizada. Entretanto, as investigações apontam que o bebê morreu após sofrer hipotermia, após excesso de medicamento para febre.

O caso

Os pais da criança procuraram a polícia depois de desconfiarem que a morte poderia ter sido provocada por erro médico. Miguel, que foi atendido no Hospital da Criança, era o primeiro filho de Évelin Tailize Aparecida Lira.

“Ele receitou a medicação, não olhou pra mim, não olhou pro nenê, não examinou o nenê, e me deu a receita. Aí eu falei ‘doutor, mas eu acabei de dar um remédio pra ele, não tem problema?’, aí ele falou assim ‘não, você não estudou, né, você não é médica, então faz o que eu estou te pedindo, vai pra casa e se até domingo ele não melhorar, você retorna'”, contou Évelin.

Após o atendimento, a família voltou pra casa. Mas poucas horas depois Miguel piorou, mesmo com a medicação. Então, os pais voltaram para o hospital para um novo atendimento, com outro médico, mas o bebê já estava com hipotermia. Ele foi levado para a emergência, recebeu novos atendimentos, mas não resistiu.

Para o delegado, o médico responsável pelo atendimento foi negligente. Por isso, o profissional foi indiciado por homicídio doloso, por ter assumido o risco de matar a criança.

“Durante toda a carreira profissional dele, ele vem colecionando reclamações de pacientes, de até dos próprios profissionais que atuam com ele, no sentido de que ele atuaria com certo descaso em relação aos pacientes. Não observaria ficha pretérita, não teria a atenção devida com o prontuário médico”, disse o delegado.

Para a família do bebê, ficou a dor da perda. “Mãe nenhuma merece levar o filho no hospital bem e sair de lá sem explicação nenhuma com ele num caixão. Então assim, eu acho que ele devia prestar mais atenção e ter um pouco mais de coração. Porque hoje foi o Miguel, mas pode acontecer com outras crianças também”, disse Évelin.

MPSC e CRM

O inquérito está com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que vai analisar se denuncia o médico à Justiça. A direção do Hospital da Criança informou que o médico foi afastado após o caso, que foi aberta sindicância para apurar o ocorrido e que todas as informações levantadas foram encaminhadas pra Polícia Civil.

O Conselho Regional de Medicina disse que também abriu sindicância para avaliar a possível responsabilidade do médico. Se for identificada infração ao Código de Ética médica, será aberto um Processo Disciplinar que pode terminar em penalidades contra ele de acordo com a gravidade da infração.