Homicídios em Tubarão: Uma morte a cada 14 dias

Rafael Andrade
Tubarão

Até pareceu encenação para quem assistiu, mas foi uma execução real, com requintes de crueldade. Mais um tubaronense foi assassinado. Cláudio Virgínio Silveira, o Coquinho, 31 anos, morreu após ser alvejado por oito disparos, ontem de manhã, às 8h05min, em frente à Mecânica Tubarão, no cruzamento da rua São João com a BR-101, no bairro Morrotes. É o nono caso de homicídio registrado na cidade este ano. A média é de um assassinato a cada 14 dias.

Falta um homicídio para igualar os números de execuções do ano passado todo. Coquinho era ex-funcionário da empresa JF Guinchos, no bairro Passagem. Ele deixou a empresa há aproximadamente quatro meses e não tinha mais nenhuma ligação com o antigo emprego. Era casado e tinha dois filhos.
Coquinho morava próximo ao local onde foi morto. “Ele veio perguntar sobre um caminhão na mecânica e, quando entrou em seu carro para ir embora, foi surpreendido pelos bandidos”, relata uma testemunha. A polícia já tem a informação de que dois homens praticaram o crime.

Eles chegaram à oficina mecânica a pé. Aguardaram o momento ‘certo’ e disparam oito vezes contra Coquinho. Os tiros acertaram o pescoço, braço, os ombros, uma perna e o peito. Os bandidos jogaram o corpo para o banco de trás e fugiram com o Fiat Strada da vítima. Percorreram cerca de 1,1 quilômetro pelas ruas São João e Cândido Darela, no mesmo bairro.

O carro e o corpo foram abandonados cerca de quatro minutos após o crime, com as portas encostadas. O único objeto roubado foi a chave do veículo. Os assassinos fugiram sem deixar pistas.

Crimes podem ter relação

A morte de Cláudio Virgínio Silveira, o Coquinho, em Tubarão, intriga a polícia local. Os investigadores da cidade trabalham com a hipótese de que este homicídio poderá ter ligação com outros dois ocorridos na região nos últimos meses. “São hipóteses. Poderão estar interligados ou não ter nada a ver. Vamos descobrir. Por isso, estamos com toda a equipe da Central de Operações Policiais (COP) nas ruas, atrás de suspeitos”, informa um investigador.

Os assassinatos em questão são de Euclides Cardoso Júnior, 37 anos, proprietário da JF Guinchos, morto no bairro Revoredo, em Tubarão, em 19 de fevereiro deste ano, e do seu sócio: Bento de Souza, 56 anos, executado em 13 de novembro do ano passado, em Pedras Grandes. Somando as mortes dos três, 25 tiros foram disparados. Em todos os casos, não há suspeitos e ninguém foi preso.

As investigações são coordenadas pelo delegado da COP, Marcos Ghizoni, com apoio do delegado Bruno Ricardo Vaz Marinho. O corpo de Coquinho foi recolhido pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) de Tubarão, que realizou um trabalho técnico detalhado do local do crime e de onde o carro e o corpo da vítima foram encontrados.

Homicídios em 2010

• Cristiano da Silva Silvano, 35 anos, em 16 de janeiro, na Área Verde, bairro Passagem.
• Um homem de 33 anos foi assassinado pelo irmão, um adolescente, em 21 de janeiro, no bairro Monte Castelo.
• Um adolescente de 16 anos foi morto por um garoto de 13 em 21 de janeiro, no Morro do Bem Bom, em São João.
• Lourival Henrique Marques, o Loro, 37 anos, em 24 de janeiro, no bairro Passagem.
• Euclides Cardoso Júnior (dono da JF Guinchos), 37 anos, em 19 de fevereiro, às margens da BR-101, bairro Revoredo.
• Evandro Luiz Vitorazzi Benedet, 38 anos, em 25 de fevereiro, no centro.
• Fabiano Cardoso, o Bica, 31 anos, em 5 de março, no bairro Oficinas.
• Diogenes Pierre da Silva, o Dódi, 31 anos, ontem, no bairro Passo do Gado.