“Elas pensavam que iriam morrer”, relata bombeiro de folga que salvou uma vida no mar, em Laguna

Laguna

Passar por uma situação de muito medo, desespero e pensar que pode ser o fim de tudo é algo extremamente triste e angustiante. Em poucos minutos um ‘filme’ passa na cabeça.

Lembrar da família, dos amigos e de tudo que, talvez, não será mais vivenciado. Talvez… Porque sabe aqueles casos em que um ou mais ‘anjos’ estavam na hora e no local no momento certo?

Assim aconteceu com duas gaúchas de Porto Alegre (RS) no último dia 27. Elas estavam na Praia do Cavalinho, em Laguna, ao lado da Praia do Gi.

Dentro do mar, brincavam e conversavam. Em uma fração de segundos, o momento de lazer se transformou em pânico. Uma forte corrente as arrastou.

O soldado Richard Fidelix Lorenzi, do Corpo de Bombeiros Militar, estava de folga e participava de uma confraternização da Ong Anjos das Águas, de Capivari de Baixo. Nome propício, certo?

A festa ocorria em uma residência próxima. “Estávamos almoçando, por volta das 14 horas, quando alguém gritou que havia um afogamento. Levantei e olhei, vi que duas mulheres eram arrastadas pela corrente de retorno”, conta Richard.

O soldado não hesitou, correu e se jogou no mar. Quando chegou perto, elas se encontravam há cerca de 200 metros da faixa de areia. “Percebi que um surfista retirava uma delas, a mais nova, com cerca de 26 anos. Vi que estava fora de perigo, então fui socorrer a outra mulher, ela chama-se Letícia Limongi e tem 47 anos”, relembra emocionado.

A técnica do resgate

Em muitos casos, quando a pessoa está se afogando e chega alguém para salvar, o desespero é tanto que a vítima, sem o propósito, acaba prejudicando o resgate. Richard não estava a trabalho, por isso não usava o uniforme, mas foi logo avisando que era bombeiro.

“Foi minha primeira atitude como forma de acalmá-la e pedi que ficasse tranquila. A virei de costas, a coloquei em cima de mim e vim rebocando. Para que tudo transcorresse normalmente, conversamos durante o trajeto, e ela me contou que tinha um filho bombeiro, do Grupo de Busca e Salvamento de Porto Alegre, creio que isso também ajudou”, evidencia Richard.

Nisso, o surfista voltou com a prancha e o ajudou. Esse período de resgate durou cerca de 10 minutos.

A emoção de salvar uma vida e o agradecimento

O soldado revela que, pela velocidade da corrente, se o salvamento não tivesse ocorrido rápido, ela poderia ter sido jogada nas ondas grandes, na arrebentação, onde os surfistas praticam o esporte. “A mais jovem veio chorando me agradecer, elas realmente pensavam que iriam morrer. A Letícia disse que não conseguiu mais colocar os pés no chão, então a amiga quis ajudá-la, foi quando ambas foram puxadas”, conta Richard.

O local onde elas estavam não é guarnecido pelos bombeiros. “A sensação é de dever cumprido. Se hoje existem pessoas felizes é porque estávamos no local e na hora certos. É gratificante ver o sorriso nas pessoas pela alegria de estarem vivas”, destaca o bombeiro.

Richard possui quatro anos de profissão e trabalha na parte operacional. O soldado já atuou em acidentes e incêndios, entre outras ocorrências semelhantes, porém esta é a primeira vez que resgata alguém na água. Ele celebra a vida e honra o nome da Ong a qual pertence: Anjos da Água!