Crime passional: Assassino pode se entregar

O casal Daianny e Fábio em registro fotográfico no Orkut. Paixão sem limites?
O casal Daianny e Fábio em registro fotográfico no Orkut. Paixão sem limites?

Maycon Vianna
Laguna

Há quatro dias, os lagunenses acompanharam mais um dramático caso de crime passional na região, que terminou com a morte da secretária Daianny Ribeiro Tavares, 25 anos. A jovem levou três tiros no escritório em que trabalhava. A suspeita é que os disparos tenham sido efetuados pelo ex-namorado, Fábio Fernandes Bittencourt, 37, que tem passagem pela polícia por tráfico de drogas. A comoção foi tanta na cidade que várias pessoas compareceram ao enterro de Daianny.

O atual namorado da vítima, João Carlos Bohrer, 40 anos, também foi alvejado a 30 metros do local do crime, na rua 15 de novembro, no centro histórico de Laguna. Ele levou dois tiros e foi internado em estado grave no Hospital Nosso Senhor dos Passos. Misteriosamente, ele saiu do hospital mesmo ferido e, segundo testemunhas, foi ao velório da jovem na madrugada de sábado.

Já o ex-namorado está foragido. Na última sexta-feira, dia do crime, ele embarcou em um Ford Ka e desapareceu. A Polícia Civil de Laguna já confirmou que foi ele quem atirou na ex-companheira e em João Carlos.

A polícia segue as investigações para desvendar o paradeiro de Fábio. Seu advogado afirmou, na delegacia de Laguna, que ele se entregará esta semana, porém, não precisou a data.

O comportamento do atirador é típico de crimes passionais. “O amor não mata. O ódio sim. O crime passional é gerado por um sentimento de vingança, nunca por amor”, diz a psicóloga forense Maria Adelaide Souza, de Tubarão.

Paixão assassina ou obsessão sem limites?
Outro caso de suspeita de crime passional ocorreu no dia 22 de setembro do ano passado, no bairro Andrino, em Tubarão. Um homem atirou na companheira de 34 anos, professora da rede estadual, e depois tentou suicídio. Eles foram encaminhados em estado grave ao Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), mas dois meses depois ambos se recuperaram e já estão em casa.

Para a psicóloga Maria Adelaide Souza, o crime passional envolve uma paixão incontrolável e sentimentos de abandono e de menos valia por parte do agressor. “Um dia ele resolve eliminar, de uma maneira egoísta, o motivo de seu sofrimento”, afirma.

Atualmente, o amor obsessivo já é caracterizado como um transtorno e estuda-se a possibilidade da oficialização da doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Há estudos sobre as mudanças químicas que ocorrem no cérebro de um apaixonado, que podem desencadear a atitude violenta. ”Estar apaixonado gera uma série de mudanças importantes de comportamento. Uma delas é o comportamento obsessivo. Quem está apaixonado só pensa no outro, quer ligar o tempo todo. De um modo geral, isso acaba depois de, no máximo, dois anos. Mas, para determinadas pessoas, por características individuais, acaba resultando em tragédias”, explica a psicóloga.