Com homenagens, corpo de policial da Rota executado na porta de casa é enterrado em São Paulo

O corpo do policial militar Fernando Flávio Flores, de 38 anos, executado a tiros por volta na porta de casa, foi enterrado na manhã deste domingo (5) no Cemitério Campo Grande, na Zona Sul de São Paulo. O cabo estava há 14 anos a serviço da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). Ele deixa mulher e três filhos.

Em homenagem ao cabo, os policiais civis e militares fizeram uma carreata do Centro de São Paulo até o cemitério.

Várias viaturas e policiais civis e militares foram ao velório e ao enterro. Também estiveram presentes o senador Major Olimpio (PSL), o deputado estadual Delegado Olim (PP) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

O Major Olímpio afirmou: “Criminoso de cara limpa vão executar policiais da Rota. A Polícia de São Paulo tem que dar uma resposta urgente identificando e prendendo esses criminosos. Quem dá tiro na polícia para matar tem que levar tiro para morrer. A resposta virá e firme para que o mundo do crime possa sentir a força da polícia de São Paulo.”

O Coronel Marcelo Vieira Salles, comandante da PM de São Paulo, disse: “É um ataque ao estado brasileiro. Um marginal para tomar uma atitude como esse com a ousadia tem que estar muito à vontade. É o momento do Congresso Nacional rever a lei de crimes hediondos. O policial é policial 24 horas. Quando ele chega em casa não dá para ‘virar a chave’.”

Vieira Salles disse que as autoridades vão dar a resposta à sociedade para encontrar os assassinos do policial. “Nós da PM e a Polícia Civil não vamos diminuir o ritmo de prisões e de combate ao tráfico de entorpecentes. O Fernando, de onde estiver, estará nos estimulando a trabalhar mais”, afirmou.

“Pode demorar uma semana, pode demorar um mês, mas nós traremos eles às bases da Justiça para que respondam a esse ato covarde”, disse o comandante.

A Polícia Civil investiga ameaças recebidas há seis meses pelo policial. Há a suspeita de que o crime tenha relação com a ação da PM em Guararema, há um mês, que terminou com 11 suspeitos mortos.

Os investigadores encontraram cerca de 45 cartuchos do lado de fora do carro do PM. Este foi o segundo assassinato de um policial da Rota em duas semanas. No dia 25 de abril, em Santos, o cabo Daniel Gonçalves estava de folga quando um homem se aproximou e atirou. A polícia disse que o assassino teve a ajuda de outro homem em uma moto. Até agora, ninguém foi preso.

A investigação suspeita que os ataques aos dois policiais sejam em represália à ação da Rota em Guararema há um mês, quando uma quadrilha tentou roubar dois bancos, mas os policiais já sabiam do plano e estavam na cidade. Na fuga, 11 criminosos foram mortos pela Rota.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) “realiza diligências visando a cabal apuração dos fatos. Todos os elementos coletados são devidamente investigados, inclusive uma suposta ameaça que a vítima teria recebido.”

Ainda de acordo com a pasta, “o setor de investigação do departamento realiza pesquisas com cruzamento de informações e análise de imagens visando a identificação e prisão dos autores. É possível que o veículo encontrado seja o mesmo utilizado pelos criminosos, por isso foi periciado e apreendido.”

Câmera de segurança

Antes de o crime acontecer, o carro usado pelos criminosos, que tem película escura em todos os vidros, passa pela Rua Artur Nascimento Júnior, em Interlagos. Foi com ele que, segundos antes, criminosos executaram o PM, surpreendido em um ataque que durou menos de um minuto.

A câmera de segurança mostra que ele sai com o carro da garagem para trabalhar, volta para fechar o portão e entra de novo no veículo. É quando os criminosos chegam e abrem fogo.

Eles param o carro, descem e atiram mais. Um deles chega perto do veículo do PM e dá rajadas de tiros.

O carro do PM já foi periciado. As portas, o para-brisa e até o teto ficaram com marcas de balas. Ainda de manhã, investigadores encontraram, em Parelheiros, um carro incendiado com as mesmas características do usado pelos criminosos. Dentro, havia cartuchos de fuzil compatíveis com os que estavam no local do crime.