Centro de Internamento Provisório: “Não estamos saindo por incompetência”

Amanda Menger
Tubarão

A mudança na administração do Centro de Internamento Provisório (CIP) de Tubarão pela terceira vez neste ano pegou de surpresa o presidente da Organização Não Governamental Oficina de Artes Comunitária (Odac), Marcone Ribas. A Odac assumiu a instituição no dia 26 de junho, porém, terça-feira, o governo do estado oficializou o convite para que a Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Extensão da Unisul (Faepesul) assuma a administração do CIP.

“Quero deixar claro que não estamos saindo porque somos incompetentes. Não tivemos tempo para mostrar trabalho. As fugas ocorreram devido aos problemas estruturais do prédio. Da nossa parte, o convênio foi assinado em 25 de junho, porém, o estado não assinou a sua parte e não publicou no Diário Oficial. Sabemos pelo Notisul que convidaram a Faepesul para assumir”, conta Marcone.
Por não ter oficializado o convênio, o presidente teme que o estado não repasse os recursos financeiros. “Temos obrigações com 14 funcionários, com a alimentação que compramos e, agora, quem pagará? Fomos usados pelo estado para tapar um buraco, após o fim do contrato com a prefeitura”, desabafa Marcone.

Com a saída dos técnicos da prefeitura, no início de junho, o estado assumiu. “Nós pedimos que eles (do estado) ficassem mais dez dias para nos auxiliarem, e eles disseram que não podiam porque não tinham dinheiro, agora vão mandar uma força-tarefa? Tem dinheiro para isso?”, questiona o presidente da Odac.
Segundo Marcone, essa mudança pode ter reflexo nas outras instituições dirigidas pela Odac, como a Casa de Semiliberdade de Capivari de Baixo e o CIP de Caçador. “Já estamos sofrendo pressão política. Temos responsabilidade com os adolescentes, mas parece que isso não preocupa o estado”, alfineta Marcone.

Comitiva faz vistoria no CIP hoje

Uma comitiva formada pelo gerente de projetos da Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Extensão da Unisul (Faepesul), Alexandre Martins, o assessor do secretário estadual de segurança pública e defesa do cidadão Ronaldo Benedet, Wilson Silva, e o diretor do departamento estadual de justiça e cidadania (Djuc), Itamar Bonelli, visitam hoje o Centro de Internamento Provisório (CIP) de Tubarão. A intenção é verificar a situação do prédio e os problemas estruturais.
“Fomos convidados pelo juiz da Vara da Família, Jefferson Zanini, para uma reunião no fórum. Vamos discutir a situação do CIP. Depois, nós iremos até a instituição porque não posso dizer que nós vamos assumir sem saber a realidade e sem formalizar uma proposta de trabalho. O CIP não pode ser um depósito de jovens”, afirma Alexandre.

O Djuc deve enviar uma força-tarefa nos próximos dias para assumir as atividades. “Eles devem permanecer até o dia 15 de agosto. Até lá, vamos conversar, formatar uma proposta e ver a parte burocrática do convênio”, revela Alexandre.
Segundo o juiz, o estado deverá providenciar as melhorias na estrutura. “O prédio está deteriorado, as fugas ocorreram por causa disso. Foram abertos alguns procedimentos e para cada um foi dado um prazo diferente”, afirma Jefferson.
Mesmo com tantos problemas para resolver, o assessor de Benedet acredita no trabalho da fundação. “Acredito que a Faepesul conseguirá dar conta do recado. A Unisul é um exemplo de instituição comprometida com o futuro da cidade onde está inserida”, elogia.