Casos de abuso sexual: Silêncio é o maior inimigo

Maycon Vianna
Tubarão

Entre bonecas e pinturinhas, atos de violência sexual contra crianças podem ocorrer dentro da própria casa. O silêncio que precede atos cruéis contra vítimas inocentes torna-se um risco à sociedade. “Podemos afirmar que isso gera uma ‘epidemia social’. Este tipo de crime, sem defesa à criança, faz com que o problema propague-se em proporções alarmantes e envolve diversas camadas da sociedade, da baixa até a mais alta”, constata o delegado responsável pela Delegacia de Proteção à Mulher, à Criança, Adolescente e ao Idoso de Tubarão, Genuíno Martins.

Para uma mãe que denunciou um abuso à delegacia de Polícia Civil de Tubarão, no mês passado, a violência faz vítimas e é capaz de separar famílias. Isso ocorreu em sua casa. A sua filha, uma adolescente de 13 anos, relatou que era abusada pelo padrasto. “Eu não acreditava. Para mim, ele (o marido) era uma pessoa de total segurança. É muito duro para mim, mas eu tenho uma mensagem a deixar: as mães que passam por uma situação dessa, por favor, acreditem nos seus filhos. Porque, no momento, eu me senti a pior mulher da face da Terra”, declara.
Segundo o delegado Genuíno, nos últimos meses em Tubarão, houve apenas duas ocorrências concretas de casos de abuso sexual na delegacia da cidade.

Autoridades mostram preocupação

A situação de menores que sofrem caladas preocupa a juíza da vara da infância e do adolescente de Tubarão, Brigitte Remor de Souza May. “Aqueles que deveriam proteger acabam sendo os agressores. São casos complicados que deixam traumas para a vida das menores para o resto da vida”, afirma.
Ainda segundo a juíza, o problema pode ser resolvido com uma orientação adequada que vem de programas especiais feitos pelos conselhos tutelares e centros de referências especializados. “A denúncia deve ser feita, só assim as crianças terão ajuda adequada”, relata.

Para a gerente do Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) de Tubarão, a psicóloga Maria Isabel Amorim, no ano passado, 19 casos de abuso sexual contra crianças chegaram ao conhecimento do Creas. “Realizamos, atividades para recuperar as meninas que sofreram algum tipo de abuso. Temos atendido poucos casos. Creio que as pessoas temem denunciar, pois é um assunto muito delicado que envolve família e a moral”, diz Maria Isabel.
O trabalho do Conselho Tutelar é atender a criança que teve o direito violado e dar assistência psicológica. “É complicado trabalhar esta questão. Nosso trabalho é proteger os direitos da menor e evitar expor ao máximo para preservar a integridade”, expõe o presidente do Conselho Tutelar de Tubarão, Fernando Fernandes Antunes.

Denúncia de abuso em BN

Wagner da Silva
Braço do Norte

Um homem de 24 anos foi preso na manhã desta sexta-feira, pela equipe de investigação da Polícia Civil de Braço do Norte, suspeito de violentar sexualmente dois meninos, de 5 e 7 anos.
As crianças, filhos de sua ex-companheira, ficavam aos cuidados do suspeito, desde dezembro, quando a ex-companheira arranjou emprego. O caso chegou ao Conselho Tutelar do município, que acionou o Ministério Público e a Polícia Civil, que instaurou inquérito.

Desde janeiro, as equipes do CT e de investigação reúnem provas, com testemunhas, laudos psicológicos e exame corporal. O abuso sexual foi confirmado pelos laudos e também pelas crianças. “Ainda não sabemos a época em que isso ocorreu e se ainda ocorria, mas o próprio juiz entendeu que deveria pedir a prisão preventiva. Foi um pouco trabalhoso encontrá-lo, mas agora está preso e aguardará a decisão do juiz”, informa o delegado Bruno Ricardo Vaz Marinho.
O acusado responderá pelo crime de atentado violento ao pudor e pode ser condenado a até seis anos de prisão.