Blitz: Discussão termina em tiros

Maycon Vianna
Imbituba*

Uma discussão entre um delegado da Polícia Civil e policiais militares por pouco não acabou em tragédia. O caso ocorreu sábado à tarde, em Imbituba. Em uma blitz de rotina, PMs abordaram um Gol. Eles constataram que o carro não tinha macaco e extintor. Os equipamentos são de uso obrigatório e a falta deles gera notificação e apreensão do veículo.

O Gol foi levado até o quartel da 1ª Companhia da 9ª Guarnição Especial da PM de Imbituba. Durante a notificação, a condutora do veículo ligou para sua advogada, que chegou logo em seguida. Ela alegou que os PMs não poderiam apreender o carro. Logo após o veículo ser levado ao quartel, um delegado da PC entrou na companhia. Ele questionou a ação dos policiais militares e alegou que eles teriam insultado a advogada, que é sua esposa.

Durante a discussão, foi solicitado reforço ao Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT). Quando a guarnição chegou ao quartel, o delegado teria sacado a sua pistola ponto 40 e apontado para a cabeça de um dos soldados que participou da abordagem ao Gol. Um policial civil que acompanhava o delegado teria disparado a pistola teaser (arma não letal que usa uma espécie de eletrochoque). Ninguém ficou ferido.

O delegado foi imobilizado e detido pelo comandante da 9ª Guarnição, major Evaldo Hoffmann. “Esperamos que o episódio não arranhe o bom relacionamento entre as duas instituições em Imbituba, até porque o policial civil não trabalha em Imbituba”, declara o major Evaldo. Depois de levado à Delegacia de Polícia Civil de Imbituba, o delegado prestou depoimento e foi liberado.

Jornalista tem câmera apreendida
A confusão em Imbituba não parou por aí. O jornalista João Batista Coelho, do jornal O Popular, aguardava a saída dos envolvidos para entrevistá-los, quando foi abordado por um policial civil. “Ele perguntou se eu era jornalista ou da inteligência da PM. Disse que era repórter e nisso ele tirou a câmera fotográfica que estava comigo. Eu não tinha feito foto de ninguém, só dos carros parados em frente ao quartel (imagem acima). Fiquei das 16 às 22 horas de sábado tentando reaver a minha câmera. Quando me entregaram de volta, tinham apagado todas as fotos que estavam no cartão”, conta o jornalista.

João tentou registrar um boletim de ocorrência e não obteve sucesso. “Vou entrar com uma representação no Ministério Público por abuso de autoridade policial, constrangimento e censura”, revela João. O Notisul tentou contato com os delegados envolvidos no caso, mas nenhum deles atendeu ou retornou às ligações.

* Com informações de Amanda Menger.