Agressor de procuradora é preso e denunciado por tentativa de feminicídio

#ParaTodosVerem Na foto, o procurador Demétrius Oliveira Macedo, preso três dias depois de ter espancou gravemente a procuradora-geral de Registro, sua chefe
Demétrius foi preso em um hospital psiquiátrico no interior de São Paulo. Ele seguirá detido na capital do Estado e responderá, em princípio, pelo crime de tentativa de feminicídio - Foto: Redes Sociais | Divulgação

O procurador Demétrius Oliveira Macedo, de 34 anos, que espancou a procuradora-geral da prefeitura de Registro, Gabriela Samadello Monteiro de Barros, de 39, foi preso pela Polícia Civil nesta quinta-feira (23) – veja o vídeo, abaixo, dele saindo do lugar, feito pela PCSP. A prisão preventiva foi decretada pela Justiça paulista na noite deste quarta-feira (22). O homem estava em uma clínica psiquiátrica em Itapecerica da Serra, no interior paulista, quando teve o mandado cumprido contra si. Ele é acusado de agredir violentamente, com socos, chutes e xingamentos sua chefe. O espancamento ocorreu dentro do ambiente de trabalho, por volta das 16h50min da última segunda-feira (20). Toda a ação furiosa do advogado foi gravada por outra funcionária pública que estava na sala.

Após o procurador ter sido encontrado, o delegado-geral de São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, informou em entrevista que Demétrius havia sido internado na clínica pela família, já na tentativa de formular uma defesa baseada em surto temporário. Ele aguardava pela consulta quando a ordem judicial foi cumprida. O procurador passou pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), onde foi cumprido o mandado de prisão, seguiu para o Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito, e permanecerá preso na capital paulista. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou, também nesta quinta-feira, o homem por tentativa de feminicídio. Os promotores de Justiça Daniel Godinho e Ronaldo Pereira Muniz, ambos com atuação na comarca de Registro, argumentam que o procurador buscava a morte da vítima. Mais cedo, a procuradora-geral afirmou que se sentia “mais segura com a prisão de Demétrius”.

A preventiva do procurador foi pedida do delegado Daniel Vaz Rocha, que está responsável pelo caso. No pedido, deferido pela Justiça, a autoridade policial apontou que o acusado “vem tendo sérios problemas de relacionamento com mulheres no ambiente de trabalho, sendo que, em liberdade, expõe a perigo a vida delas, e consequentemente, a ordem pública”. As fotos, vídeos e depoimentos da procuradora-chefe e outras servidoras também embasaram a solicitação. As agressões teriam sido motivadas porque a procuradora havia cobrado providências sobre o episódio de grosseria contra uma funcionária, pois ela estava com medo de trabalhar no mesmo ambiente que Macedo e enviou um memorando à Secretaria Administrativa com uma proposta de procedimento disciplinar administrativo. Na segunda-feira (20), foi publicada no Diário Oficial do município a criação de uma comissão para apurar os fatos.

#ParaTodosVerem Na foto, a agente administrativa Thainan Maria Tanaka, de 29 anos, que denunciou Demétrius para a procuradora-geral
A agente administrativa Thainan Maria Tanaka, de 29 anos, foi quem denunciou Demétrius para a procuradora-geral. Segundo ela, o advogado era “terrível, mal-educado” e “desprezava todas as mulheres” e “odiava ter o cargo abaixo de uma mulher” – Foto: Redes Sociais | Divulgação

Conforme depoimento da procuradora-chefe, provavelmente foi isso que desencadeou as agressões. À polícia, Demétrius disse, em depoimento, também colhido na segunda, que perdeu a cabeça porque estaria sofrendo assédio moral no local de trabalho. Um dia depois do ocorrido, a Prefeitura de Registro publicou a portaria Nº 525/2022, onde determinou a suspensão preventiva de Macedo por 30 dias, a contar da data da agressão. De acordo com a explicação da prefeitura, essa medida faz parte do processo administrativo que deve culminar na exoneração de Macedo. A agente administrativa Thainan Maria Tanaka, de 29 anos, foi quem denunciou Demétrius para a procuradora-geral. Segundo ela, o advogado era “terrível, mal-educado” e “desprezava todas as mulheres”. Ainda de acordo com ela, o houve uma tentativa de solucionar a questão com diálogo, sem a abertura do processo administrativo. Segundo a funcionária, no dia 27 de maio Gabriela questionou o que Demétrius queria e o porquê estava tratando Thainan de forma desrespeitosa.

Nesse momento, de acordo com a agente administrativa, Demétrius se alterou e expulsou Gabriela da sala. Conforme outras testemunhas que atuam na Procuradoria Geral do Município, a partir daí a situação ficou pior. De acordo com Thainan, o procurador ficava confortável e feliz ao ver alguém mal ou o clima ruim. “Quando a chefia era homem ele se comportava normal, mas ele odiava ter o cargo abaixo de uma mulher”, relatou, em depoimento. Segundo consta no BO e pode ser visto no vídeo (abaixo), Demétrius agrediu Grabriela primeiro com uma cotovelada na cabeça e continuou com socos no rosto. Outra funcionária tentou ajuda-la, mas foi empurrada contra a porta e bateu as costas na maçaneta. Livre para continuar as agressões, Macedo continuou dando socos e chutes mesmo com outras duas funcionárias tentando contê-lo. Também é possível ouvir no vídeo que ele ofende a procuradora várias vezes. Em determinado momento, Gabriela conseguiu ser retirada da frente do agressor. Assim que ouviram os gritos, dois funcionários do setor jurídico foram até o local e conseguiram controlar o procurador.

Fonte: Polícia Civil de São Paulo, Ministério Público de São Paulo e Agência Brasil
Edição: Zahyra Mattar | Notisul

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