Acusado de duplo homicídio vai a júri popular

A motocicleta usada pelos irmãos assassinados ficou caída na frente de casa após o crime. Gilmar (direita) e Lucimar Boeing (esquerda) foram assassinados em 2010.
A motocicleta usada pelos irmãos assassinados ficou caída na frente de casa após o crime. Gilmar (direita) e Lucimar Boeing (esquerda) foram assassinados em 2010.

Mirna Graciela
Braço do Norte

Um crime que chocou a população de Rio Fortuna e região terá o seu desdobramento amanhã. O homem de 49 anos, acusado de matar os irmãos Lucimar Boeing, 31 anos, e Gilmar Boeing, 22, na comunidade de Capoeirão, ano passado, vai a júri popular.
Ele está preso desde o dia 26 de agosto do ano passado, data do duplo homicídio, quando ficou hospitalizado 15 dias em função de um tiro que levou no rosto e, depois, foi encaminhado ao Presídio Regional de Tubarão. O julgamento ocorrerá a partir das 9 horas, na câmara de vereadores de Braço do Norte.

Se condenado, o homem poderá pegar até 30 anos de prisão em regime fechado. Um reforço à Polícia Militar foi solicitado pelo judiciário para garantir a ordem no lugar.
Na época, a cidade de Rio Fortuna não registrava um homicídio há mais de 15 anos. O chefe de investigação da Polícia Civil de Braço do Norte, Alexandre Martimiano, que prendeu o acusado e acompanhou o caso, é uma das testemunhas de acusação do julgamento.

“Nossa investigação comprovou a intenção que ele tinha de matar e que, em momento algum, teria sido motivado por legítima defesa. Isto será levado ao conhecimento do júri”, esclarece o investigador. O policial lembra que, além de assassinar os irmãos, o acusado tentou matar Ludgero Boeing, de 56 anos, pai das vítimas, que foi atingido por um tiro na barriga.
E que o atrito entre as duas famílias é evidente. “Foi um homicídio de alta repercussão em um lugar tranqüilo, 30 quilômetros para dentro da cidade, bem no interior”, lamenta Alexandre.

Relembre como ocorreu o assassinato

Lucimar Boeing, 31 anos, e Gilmar Boeing, 22 anos, foram assassinados no dia 26 de agosto do ano passado, em frente à casa de Ludgero Boeing, 56 anos, na comunidade de Capoeirão, em Rio Fortuna.
O filho mais novo e o mais velho da família de cinco irmãos foram baleados sob os olhos do pai e da mãe, às 7 horas. O crime ocorreu por causa de uma discussão entre as duas famílias (ambas moram perto). A briga já era antiga. “Muito antes todos, aparentemente, se davam”, lembra o chefe de investigação da Polícia Civil de Braço do Norte, Alexandre Martimiano.

No dia do assassinato, o motivo teria sido um cachorro dos irmãos, que atacou o autor do crime. Mas a situação não era agradável após denúncias à Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de extração irregular de lenha nas propriedades dos irmãos e do acusado. Uma série de atritos ocorreu por várias razões, com o registro de boletins por ambas as partes.
Pessoas que viram o fato relataram à polícia que o acusado passou de carroça pela casa dos irmãos e disse que iria matar o pai deles. Os dois, de posse de uma espingarda calibre 36, foram de motocicleta atrás do homem até a casa de Ludgero Boeing (pai). Quando lá chegaram, ocorria a discussão.

O que conduzia o veículo foi alvejado pelo homem e caiu. O outro tentou correr, mas também foi baleado. No entanto, atirou contra o acusado, que ficou com o rosto deformado. Mesmo assim, ainda disparou contra Ludgero com um revólver calibre 32.