“A situação é assustadora”

Diretora do departamento socioeducativo da secretaria de justiça e cidadania, Bernadete Sant’anna, e o presidente da ONG, Eduardo Milioli, na assinatura do convênio.
Diretora do departamento socioeducativo da secretaria de justiça e cidadania, Bernadete Sant’anna, e o presidente da ONG, Eduardo Milioli, na assinatura do convênio.

Mirna Graciela
Tubarão

Se depender da Organização Não Governamental Multiplicando Novos Talentos, o Centro de Internamento Provisório (CIP) de Tubarão mudará completamente. A ONG assume a instituição hoje.

A assinatura do convênio entre o governo do estado e a Multiplicando Novos Talentos ocorreu segunda-feira, na secretaria de justiça e cidadania, em Florianópolis.
A ONG será responsável pelas atribuições administrativas e pedagógicas. O estado arcará com as despesas da reforma do prédio do CIP de Tubarão, hoje prioridade entre os demais de Santa Catarina. Segundo Eduardo Milioli, presidente da Multiplicando Talentos, que administra o CIP de Criciúma há um ano e cinco meses, o intuito é fortalecer o vínculo com as famílias do internos, bem como proporcionar geração de emprego e renda aos adolescentes. “Queremos escrever uma nova história com a comunidade de Tubarão e contamos também com os empresários. Será um dos maiores desafios, mas temos que mudar tudo. Vamos virar a página e traçar um recomeço”, planeja Eduardo.

A equipe técnica de trabalho diário será conhecida em uma semana, conforme informou o presidente da ONG. A coordenadora sócioeducativa e administrativa da entidade, Sandra Regina, é quem fará as avaliações da evolução dos trabalhos dos adolescentes no CIP. “Hoje, é um trabalho extremamente complicado, porque a situação é assustadora. Em pouco tempo, vamos atingir nossos objetivos”, assinalou Eduardo.

Profissionalização é o caminho

Os adolescentes do Centro de Internamento Provisório (CIP) de Tubarão terão à disposição oportunidades de especialização. “Implantaremos os mesmos cursos de Criciúma. Mais de 40 serão ministrados durante este ano, em um processo gradativo, até porque não serão simultâneos”, adianta Eduardo Milioli, presidente da ONG Multiplicando Talentos.

Aulas de rádio e comunicação, informática básica, ética e cidadania, administração e contabilidade são alguns previstos. Eduardo destaca que, para isto, uma nova estrutura será montada. Serão seis professores e quatro oficineiros, de Criciúma e Tubarão, pagos por meio da ONG.

É preciso acreditar na ressocialização

Conforme o presidente da ONG Multiplicando Talentos, Eduardo Milioli, todos são capazes de se ressocializar, porém, cada um age de forma diferente e, consequentemente, os efeitos são distintos. “No CIP, que é provisório, o tempo é curto, no entanto, de fundamental importância. Mas, se lá fora o jovem não tiver apoio e oportunidades, ficará muito difícil o processo de retorno à sociedade”, observa Eduardo.

Ele aposta na ressocialização. “Até porque vivemos neste processo sem exceção, todos já passaram ou vão passar. Ela não é um corte radical de valores e vivências anteriores. Por meio de novas experiências, aprendemos novos conceitos e visão do mundo que vivemos, que vão modificar o comportamento em relação ao anterior”, explica o presidente. Ele enfatiza que este sistema será implantado internamente e que será um grande desafio.