Quais os impactos do anúncio do corte de gastos pelo Governo?

Foto: Reprodução das mídias - Divulgação: Notisul Digital

O pacote fiscal anunciado pelo ministro Fernando Haddad promete economizar R$ 70 bilhões em dois anos, mas seus números escondem desafios políticos e econômicos significativos. A economia anual prevista, de R$ 30 a R$ 40 bilhões, depende de medidas ainda sujeitas à aprovação no Congresso, como o controle de supersalários e a limitação de reajustes do salário mínimo a 2,5% mais inflação.

Principais números:

  1. Isenção do IR até R$ 5 mil: O impacto fiscal estimado é de R$ 35 a R$ 40 bilhões anuais, a partir de 2026. Para compensar, o governo pretende arrecadar com a taxação de lucros e dividendos acima de R$ 50 mil por mês. A eficácia dessa compensação depende de sua aprovação e execução.
  2. Corte de gastos sociais:
  • Revisão do abono salarial: Restrição para quem ganha até R$ 2.640. Economiza R$ 2 bilhões/ano.
  • Revisão de benefícios no Bolsa Família e BPC: Redução esperada de até R$ 3 bilhões com novas exigências de cadastro atualizado.
  1. Regras militares:
  • Fim das pensões por “morte ficta” e idade mínima de 55 anos para aposentadoria: Redução de despesas estimada em R$ 8 a R$ 10 bilhões/ano.
  1. Supersalários: O teto constitucional de R$ 41.650/mês, caso respeitado por todas as esferas, deve reduzir gastos em aproximadamente R$ 5 bilhões anuais.

Contradições numéricas:

Apesar da proposta de austeridade, há aumento significativo de despesas fixas:

  • O reajuste limitado do salário mínimo ainda adicionará cerca de R$ 12 bilhões anuais à folha, considerando o impacto em benefícios previdenciários.
  • O aumento das emendas parlamentares, mesmo abaixo do limite fiscal, adicionará R$ 2 bilhões aos gastos discricionários. Muitas autoridades consideram R$ 70 bilhões em cortes um bom número, mas veem dificuldades para que o Governo cumpra a promessa.