Como Trump, Bolsonaro minimiza riscos de surto do coronavírus

 Um dia depois de os mercados financeiros ao redor do mundo registrarem perdas históricas, o presidente Jair Bolsonaro negou que haja uma crise e culpou a imprensa pela situação. Durante evento com empresários, ele minimizou o risco do novo coronavírus, que já matou mais de 4 mil pessoas em 100 países e derrubou as bolsas de valores, ao avaliar que o poder destrutivo da nova epidemia foi “superdimensionado”. A queda nas bolsas “tem a ver com os preços do petróleo” e com “a questão do coronavírus”, declarou Bolsonaro para cerca de 200 brasileiros.

“Muito do que tem ali é mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga”, disse Bolsonaro. Na segunda-feira, ele já havia dito que a disseminação da doença estava “superdimensionada”. O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, também tem minimizado o coronavírus. Segundo fontes presentes ao jantar entre Trump e Bolsonaro em Mar-a-Lago, no sábado, os dois líderes conversaram sobre a disseminação do vírus e estimaram que até o fim de abril haverá uma melhora na situação. Em Genebra, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, já havia avaliado que a “ameaça de uma pandemia se tornou muito real” agora que o coronavírus “se estendeu a muitos países”.

Para Bolsonaro, “alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo (…) É melhor cair 30% do que subir 30% do preço do petróleo. Mas isso não é crise. Obviamente, problemas na bolsa, isso acontece esporadicamente. Como estamos vendo agora há pouco, as bolsas que começam a abrir hoje (ontem) já começam com sinais de recuperação.”

A segunda-feira foi caótica nos mercados financeiros, com a disseminação do coronavírus e a violenta queda nos preços do barril de petróleo, em uma disputa entre a Arábia Saudita, grande produtor, e a Rússia. As ações de empresas negociadas na bolsa de valores brasileira, a B3, tiveram grande prejuízo em um único dia. A B3 teve de suspender os negócios, depois que a queda passou de 10%, e em Nova York também houve interrupção temporária nas negociações.