Seminário em Tubarão incentiva a participação da mulher na política

A ampliação da participação feminina na política é um desafio que vai além de recursos para candidaturas e cotas partidárias e é preciso estimular as mulheres a participarem da política de forma institucional, já que, culturalmente, elas não são encorajadas a ocuparem esses espaços. Essa foi a principal conclusão do seminário “Debate Contemporâneo: Mulher e Política”, que a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira promoveu nesta segunda-feira (25), na Associação Empresarial de Tubarão (Acit), com a presença de mais de 70 lideranças femininas.

O deputado Felipe Estevão (PSL) destacou que o processo democrático precisa das mulheres na política e que, além de cotas e recursos, o que é necessário é a força de vontade e estímulos como o seminário realizado em Tubarão. Para ele, atualmente há uma dificuldade dos partidos políticos de contarem com a participação dessas lideranças, que estejam dispostas a “saírem do conforto de seus lares” para esse confronto de ideias, que é o processo democrático. “É fundamental a participação das mulheres no auxílio à modernização da política que o Brasil está passando e as mulheres têm as habilidades que faltam nos homens, por serem mais organizadas, sistemáticas e guerreiras, faltando apenas acender essa chama pela política democrática.”

A advogada Cláudia Bressan da Silva, que ministrou a palestra “O que é preciso para ser candidata?”, lembrou que em 1824, no Brasil Império, a mulher não era vista como cidadã, mas  como um ser incapaz, e que isso só mudou com a Constituição de 1988, quando foi implantada a igualdade de gênero. “Então, a partir disso, para ela ser candidata é necessário que tenha uma decisão pessoal, saber se terá apoio da família e dos amigos e, depois, estabelecer um planejamento, uma pauta positiva para começar a se identificar com os eleitores. As mulheres estão avançando, participando, mas isso é uma construção constante e é necessário incentivar.”

Igualdade de gênero

No painel “Compartilhando Experiências na Gestão Pública”, a chefe de gabinete do prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP), Kércia Cardoso Souza Menegaz, salientou a importância da realização do seminário no município, onde há poucas mulheres no setor público, não ocupando nenhuma das 17 cadeiras na Câmara de Vereadores. “Tubarão precisava deste evento para incentivar a participação das mulheres na política. Enquanto não tivermos uma igualdade de homens e mulheres na política, não podemos dizer que vivemos numa democracia completa.”

A psicóloga Patrícia dos Reis Pozza defendeu que é necessário uma maior participação da mulher na política. “Nós ainda temos um número pouco expressivo de mulheres na política. Sabemos que somos a maioria do eleitorado no Brasil, mas infelizmente tivemos uma cultura, por muitos anos, de que a política era só para homens e hoje isso começa se modificar.” Patrícia destacou que a sociedade moderna, a própria ONU (Organização das Nações Unidas), tem feito campanhas para que as mulheres ocupem esse espaço na política ao lado do homem, “não à frente ou atrás”.

A vereadora de Braço do Norte, Arlete Ramos (PP), falou de sua experiência política e defendeu uma maior participação das mulheres na política. Vereadora em seu segundo mandato, Arlete avaliou que as mulheres são competentes, conseguem conciliar várias atividades ao mesmo tempo e que deveriam utilizar essa capacidade entrando na política como forma de ajudar no desenvolvimento de suas cidades, estados e do país.

Cotas de gênero

A advogada, ex-juíza do TRE-SC e ex-conselheira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ana Cristina Ferro Blasi, abordou o tema a representação das mulheres na política: Cotas de Gênero para Financiamento de Campanhas, observando a premissa de que não há democracia sem representatividade.

Para Ana Blasi, a participação efetiva das mulheres na política, ao mesmo tempo em que é uma forma de garantia da própria igualdade de gênero, também se constitui em um alicerce sobre o qual podem ser almejadas transformações mais profundas nas estruturas da sociedade. “As mulheres participando efetivamente, e não apenas simbolicamente, dos processos de elaboração de leis, da tomada de decisões políticas e da definição de políticas públicas é condição para a superação da desigualdade de gênero e toda violência visível e invisível que dela decorre.”

A vereadora e ex-secretária municipal de Saúde de Garopaba, Tatiane Rosa Ávila Pacheco (PSD), ministrou o tema Desenvolvimento de Lideranças Femininas no Setor Público, enfatizando a importância de se prepararem às eleições de 2020, observando que a política brasileira passa por um momento de relevância e que as pessoas estão acreditando mais na capacidade das mulheres. “As mulheres precisam se empoderar, participando de forma efetiva da política, contribuindo com a liberdade. Temos muitos exemplos de mulheres ocupando cargos políticos em Santa Catarina, como vereadoras, deputadas e prefeitas.”

Para Tatiane, o poder de mudança não está nos outros e sim em cada um. “Temos que parar de emprestar nomes, deixar de fazer de contas.Temos que ocupar nosso espaço político, por isso temos feito esse trabalho de encorajamento das mulheres, porque competente ela já é. Precisa só se descobrir parte de um processo, um despertar.”