Governo identifica gasto de R$ 39 milhões com gasolina e manutenção de veículos inutilizados do ICMBio

O governo federal fez uma mega-auditoria e identificou gasto indevido de R$ 39 milhões em combustíveis e manutenção de veículos inutilizados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O Ministério do Meio Ambiente vai cortar serviços de faxina e aluguel para comprimir gastos. Dos quase 2 mil veículos, 40% – o equivalente a 800 carros – estão inoperantes ou subutilizados. Destes, 377 não funcionam. Ainda assim, seus registros apontam cobranças regulares de consumo de combustível e de manutenção, conforme os auditores.

A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema) contestou a auditoria do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que encontrou uma frota de 377 carros inutilizados em galpões ligados ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). A frota teria custo de R$ 39 milhões por ano à União.

Em nota, a associação afirma que os dirigentes da pasta “alardeiam supostas irregularidades para macular a gestão e os servidores do ICMBio“. O gasto com a frota sucateada foi identificado por uma auditoria interna realizada no ICMBio. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao trabalho, que está em andamento e foi encomendado pelo ministério, mas é contestado pela associação.

“O Ministério Publico Federal acaba de emitir recomendação para que o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, condenado por improbidade administrativa, se abstenha de dar declarações públicas que, sem comprovação, causem deslegitimação do trabalho do corpo de servidores do Ibama e do ICMBio’”, diz a nota da associação.

A nota afirma que as atividades em áreas remotas do País causam bastante “desgaste aos veículos e tornam sua manutenção cara e difícil”. E que utiliza, desde 2008, os contratos de abastecimentos e manutenção de veículos com a utilização de cartões e sistemas “que permitem monitoramento tanto da frota, quanto dos abastecimentos e manutenção”.

“O valor disponibilizado para cada Unidade de Conservação é dividido pelos veículos disponíveis. Os seguidos cortes orçamentários inviabilizam a adequada manutenção da frota. Por este motivo, muitos veículos ficam parados e o saldo de combustível ou manutenção é transferido para outro veículo para que as atividades não sejam comprometidas”, diz o documento.

Para a associação, “em vez de alardear suspeitas de irregularidades e tentar colocar a sociedade contra o corpo de servidores do ICMBio, os dirigentes poderiam se dar ao trabalho de conhecer como funciona a gestão das unidades de conservação sob sua responsabilidade, as dificuldades enfrentadas pelos servidores para proteger nosso patrimônio ambiental”.