Uma nova era na política

Independentemente de quem ganhou ou perdeu nas eleições de 2018, o fato é que um novo cenário político emergiu das urnas,  derrubando velhas máximas que sempre foram determinantes para a vitória. A capilaridade partidária, a presença de palanque nos Estados e a distribuição de santinhos de papel, por exemplo, não provaram a eficácia de antes diante do “canhão” das redes sociais. Explico. A presença de lideranças locais, neste pleito, não exerceu a mesma influência de antes.

Com mais de 120 milhões de contas ativas no Brasil, o WhatsApp foi a forma mais eficaz para chegar ao interior, atingindo pessoas alheias ao processo político tradicional. Desta vez, as sugestões de candidatos vieram por mensagens de familiares ou de conhecidos.

Os temas tradicionais, como educação, saúde e segurança, também não ganharam repercussão nesse pleito, que foi tomado pelo debate moral.
 
E, se a força da internet ainda não havia convencido o universo político, as eleições de 2018 provaram que, sim, chegou a vez do digital, principalmente se o candidato fez o “dever de casa”.  Foi o caso do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que construiu uma audiência digital anos antes, viajando pelo Brasil com uma narrativa sólida, estrategicamente ancorada nas redes sociais.

Outro ponto de destaque:  acabou o “político sabonete”, que fica em cima do muro. O eleitor não tolera mais quem não se posiciona.

 A propaganda na TV continua sendo importante, mas perdeu seu reinado, principalmente se a estratégia não for certeira. Em tempos de Netflix e YouTube, o eleitor não tem mais paciência para assistir a propaganda eleitoral na TV, que tem uma linguagem chata, massiva, e que não dialoga com segmentos. E, se o eleitor/seguidor escolheu as redes sociais como importante fonte de informação, o político também reforçou o protagonismo delas. Sinal dos novos tempos: pela primeira vez na história um presidente eleito não deu o primeiro discurso para a imprensa tradicional, mas usou uma live no Facebook.

Contudo, é importante manter uma relação saudável com a mídia tradicional, reforçando a transparência e o alcance dos atos, principalmente em tempos de fake News, uma ameaça que precisa ser combatida pelas autoridades e pela. E que exige o comprometimento das plataformas.