Um cachorrinho me seguiu…

Volta e meia, quando retorno para casa com minha esposa e filhas, após uma caminhada pela Marcolino, algum cachorrinho abandonado nos adota.
Eles imediatamente inserem-se bem na família, com comoventes demonstrações sinceras de carinho. Gostam de nós e nós gostamos deles. Incontáveis vezes, tal fenômeno de aumento temporário do núcleo familiar repete-se, sempre com um começo alegre e um final triste, pois tais breves histórias de amor terminam na porta de entrada do prédio onde residimos.

Ficamos sempre com dó, mas não podemos levar nossas novas amizades caninas para dentro do apartamento onde moramos. A despedida é triste, quase dramática. Se morássemos em uma casa, quem sabe não faríamos como tantas pessoas que juntam até mais de 20 cachorros abandonados.
Minhas filhas, minha esposa e eu nos despedimos das novas amizades caninas com a mesma frase: “Gostamos de você, mas infelizmente não podemos levar você para dentro do nosso apartamento”.

Tais histórias interrompidas de amor poderiam ter um final feliz se alguém (prefeitura ou entidade privada) criasse um canil público na cidade aberto à visitação e colaboração de voluntários. Assim, ao invés de deixarmos os cães que nos seguem na porta de entrada do prédio, interrompendo uma curta e bela amizade, poderíamos levá-los para sua nova família, no canil.

Um canil público não precisa necessariamente ser um ambiente de morte. Se houvesse um canil “humano” na cidade, certamente, muitos voluntários e voluntárias ajudariam com alimentos, remédio e carinho (visitas). Bastaria um lugar específico adequado, com espaço para visitas, Pet Shop, lugar para interação entre crianças, adultos e cães (zooterapia).

Se houvesse um lugar assim, as pessoas que amam os animais, mas não têm como levá-los para dentro dos seus apartamentos, poderiam dar a eles o carinho que gostariam de dar e receber deles o carinho que gostariam de receber. Até uma lanchonete cairia bem no nosso canil interativo.
Bastaria um lugar adequado, um canil “humano” para resolver um problema criado pelos falsos amigos que um dia, infelizmente, abandonaram seus animais.