“Sofri violência verbal e até física”

Me chamo Arthur Laureth, tenho 20 anos e sou natural de Tubarão. Me deparei com uma publicação onde os comentários eram de tamanha ignorância que me dava medo! A publicação em questão foi uma entrevista com a professora Gabriela Silva, na edição do Notisul do último fim de semana, sobre o quanto retrocesso é deixar de educar nossas crianças sobre gêneros e sexualidade.

Eu, homossexual assumido, senti na pele como é difícil frequentar escolas despreparadas para esse tipo de situação, sempre fui reprimido em sala de aula. Tive que ouvir uma professora falar que eu sofria aquilo por merecer e que, se eu quisesse que isso parasse, deveria mudar. Por muitas vezes, sofri violência verbal e até física!

A sociedade ainda não dá importância e visibilidade a esse tipo de problema. Transgêneros, homossexuais sempre são vítimas quando seus responsáveis e educadores não têm o devido preparo para inibir o comportamento violento daqueles que o cercam. Além de homossexual, sou transgênero, porém as pessoas ainda acham que gênero se define a homem e mulher. Sou transgênero não binário ou seja, não tenho gênero. Sim, é muito estranho rs, eu sei disso! Gêneros são muito maiores que simplesmente homem e mulher. Em uma linha reta onde os mesmo são os extremos. Existem muitos gêneros no meio da mesma, até a falta de um. 

Foi muito difícil para mim no começo, porém depois de muito pesquisar e buscar, me entender, tudo ficou claro. Acho que a melhor cura para a ignorância é o conhecimento, em vez de apenas dar visibilidade a esse assunto quando coisas ruins acontecem, deem visibilidade em um informativo. Tirem as dúvidas, meios de comunicação massivos, como o jornal, são ótimos para isso. 

Eu existo, não sou homem e não sou mulher, sou não binário. Vamos dar visibilidade, educar, falar, mostrar que tudo tem um lado positivo. Apontar os erros do sistema falho de educação para assim melhorá-lo, dar visibilidade quando uma criança trans, gay, negra, pobre sofrer algum tipo de violência. E, desta forma, inibir esses atentados, sim, “atentados” e preparar as escolas para os próximos. Um grande abraço do jovem gay, não binário, e cidadão tubaronense!